(Leia Atos 1.1-11)
A televisão tem descoberto que os Reality Shows fazem sucesso. As pessoas são colocadas num ambiente delimitado, muitas vezes hostil, e com recursos escassos, para testar sua capacidade de resistência e para que todos que tenham acesso às imagens observem as suas reações. Os participantes aceitam submeter-se a estas condições adversas em troca de dinheiro ou outros benefícios.
A vida dos discípulos, em certo sentido, pode ser comparada a um reality show. Jesus mostrou-se ressuscitado, para que ficasse documentada a ressurreição, e em seguida ausentou-se, deixando aos discípulos a responsabilidade de serem suas testemunhas. Começou nesse momento uma jornada que se estende até os nossos dias. Enquanto cumpriam a sua jornada, contavam com o auxílio do Senhor, mas não de forma completa.
O primeiro auxílio dado pelo Senhor aos discípulos foi o estabelecimento do reino de Deus, mas somente no coração dos crentes. Os versículos 6 e 7 dizem: “Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade”.
Eu não posso dizer como alguns dizem: “O Brasil é do Senhor Jesus!”. Não é ainda. O Brasil, infelizmente, é do carnaval, é dos corruptos, da dengue, do Zica vírus. Os discípulos, naturalmente, estavam ansiosos pelo reino messiânico. Quem não anseia por um rei que é justo, bondoso, misericordioso, poderoso, que vai estabelecer um reino onde haja paz, segurança, saúde, justiça, e plena alegria? Mas os discípulos, e nós também, não podemos querer antecipar o estabelecimento desse reino. A data e a ocasião propícias são de exclusiva autoridade do Pai. Jesus nos dá vida abundante, proteção, saúde, prosperidade, mas “com perseguições” (Marcos 10.30). Não é o momento ainda de nos livrarmos de todas as tribulações da vida. Nós, os que cremos, somos do Senhor Jesus, mas o mundo inteiro “jaz no maligno” (1ª João 5.19).
O segundo auxílio dado pelo Senhor aos discípulos foi o poder do Espírito Santo, mas não para benefício próprio. O versículo 8 diz: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”.
Eles não podiam fazer nada sem o Espírito Santo. Deviam aguardar que ele os enchesse de poder e sabedoria. O Espírito lhes deu tanto poder que falaram em outras línguas sem terem estudado idiomas, executaram juízo (como no caso de Ananias e Safira), curaram enfermos, ressuscitaram mortos. Mas este poder não podia ser usado em benefício próprio. Somente para o serviço necessário ao Reino. Não puderam ressuscitar Tiago, que foi decapitado. Não puderam executar juízo sobre os seus perseguidores, como fizeram com Ananias e Safira. Não podiam fazer o que desejava o seu coração, mas somente aquilo que era o propósito de Deus.
Quando Jesus lavou os pés dos apóstolos e lhes disse que deveriam fazer como ele deu exemplo, os apóstolos certamente não imaginavam a extensão do significado destas palavras. Os apóstolos se tornaram testemunhas de Jesus e, como ele deu exemplo, sofreram até à morte, perseguições e torturas, por amor do seu nome.
Nós recebemos o Espírito Santo no momento em que cremos. Mesmo assim, não está garantido que seremos sábios e poderosos em todos os nossos atos. A Bíblia diz que devemos procurar ser cheios do Espírito (Efésios 5.18-6.24).
O Espírito Santo nos batiza no lugar da água. A água lava o corpo, e com o corpo limpo sinalizamos que a alma também está limpa. Mas o Espírito Santo produz a própria limpeza da alma. Ele nos faz nascer de novo, faz com que as coisas antigas passem e tudo se faça novo. Mas acontece que nós, tendo recebido uma “casa limpa”, acabamos enchendo-a de entulhos novamente.
O terceiro auxílio dado pelo Senhor aos discípulos foi a sua própria presença, mas não fisicamente. Os versículos 9 a 11 dizem: “Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir.
Enquanto os discípulos olhavam para o céu, deviam estar com o sentimento de quem se despede de uma pessoa muito querida, desejando que ela ficasse. Depois de ouvirem os anjos, e de se conformarem com a partida do Senhor, aguardaram, por todo o restante de suas vidas, a sua volta.
Se Jesus estivesse presente fisicamente, falaríamos com ele sobre o que está nos perturbando, e ele resolveria o problema na mesma hora. Quando queremos convencer alguém da importância de ir à Igreja, nós dizemos: Jesus está presente lá. Mas é um argumento fraco. Se disséssemos: a Soraya Moraes vai estar lá! Eu garanto que as pessoas até pagariam ingresso para entrar na Igreja. E se fosse então o Paul Washer? Nos dias 17 a 21 de outubro de 2016 vai se realizar a 32ª conferência Fiel: “Edificando Igrejas Saudáveis”. No site de divulgação encontramos informações sobre a presença dos Preletores: Augustus Nicodemus Lopes; Greg Gilbert; Jonathan Leemann; Mark Dever; Mez McConnell; Miguel Núñez. Como estarão mais de dois reunidos em nome de Jesus, ele também vai estar lá, mas, é claro, nem precisa dizer isto. Centenas de pessoas pagarão até R$ 250,00 para estar lá. Porque? Pela presença de Jesus? Não. Acontece que pessoas como a Soraya Moraes e Paul Washer e preletores famosos, nós podemos ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, e Jesus não. Jesus nós temos que ver com os olhos da fé, e ouvir com o coração. Nós temos que crer sem sentir. Nossa alma anseia pela presença física do Senhor Jesus, mas ainda não o temos.
Nós cantamos em nossa igreja um cântico chamado “As nuvens negras”. Um trecho dele diz: “As nuvens negras, e a dor em mim, eu não compreendo, não sei seu fim. Há muitas coisas a esclarecer, mas sei que um dia hei de saber. Nós falaremos, num porvir de amor. Conversaremos, eu e o Senhor. Pois mil perguntas vou lhe fazer, lindas respostas vai me conceder. Meu sofrimento encobrirei com um sorriso e o vencerei. Nas provas duras e até no fel, prossigo firme, Deus é fiel”. Glória a Deus por essa esperança!
Deus não nos dá o peixe pronto, pelo contrário, ele nos ensina a pescar. A pergunta dos anjos aos discípulos, que contemplavam a ascensão de Jesus, foi: Porque estais olhando para as alturas? Esta pergunta se parece com a que Jeremias fez a Baruque em Jeremias 45.1-5 “(...) Assim lhe dirás: Isto diz o Senhor: Eis que o que edifiquei eu derrubo, e o que plantei eu arranco, e isso em toda esta terra. E procuras tu grandezas para ti mesmo? Não as procures; porque eis que trarei mal sobre toda a carne, diz o SENHOR; porém te darei a tua alma por despojo, em todos os lugares para onde fores.”
Jesus ressuscitou, mas não estabeleceu ainda o seu reino terreno. Seus discípulos receberam poderes, mas não para salvarem a si mesmos (foram mártires). Não era a vontade de Deus, embora estivesse em seu poder, restaurar todas as coisas. O Pai reservou esse tempo para sua exclusiva autoridade.
Jesus concluiu a obra redentora. Agora somos salvos pelo seu sangue. Nós que cremos e recebemos a salvação, não precisamos fazer nada para pagar o preço, nossa dívida foi cancelada. Mas alguém dirá: é só isso? Um pecador faz o que quer, depois se arrepende, e não precisa pagar nada? E ainda tem a garantia da vida eterna? É claro que não é bem assim. Jesus nos salvou, e agora pertencemos a ele. Ele nos deu exemplo de como sofrer pela causa celestial. Ele tem uma tarefa para nós, até que chegue o momento do nosso resgate. Deixou para os seus discípulos a responsabilidade de testemunharem a respeito da salvação.
Porque ficamos olhando para as alturas? Olhemos ao redor. Somos testemunhas de Jesus. Vamos fazer o nosso trabalho direito. Há uma nuvem de testemunhas nos observando.
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