segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

O Décimo Segundo (Atos 1.15-26)


(Leia Atos 1.15-26)

Quando um crente fiel toma uma decisão importante, como mudar de ministério, mudar de cidade, mudar de igreja, geralmente ele dá o testemunho dizendo que está fazendo o que entende ser a vontade de Deus para sua vida. Mas um crente fiel sempre faz a vontade de Deus? Como é que ele pode ter certeza de que não está fazendo, em vez disso, a sua própria vontade? Alguns parâmetros podem nos ajudar a decidir qual é a vontade de Deus em uma determinada situação.

1º parâmetro: AS ESCRITURAS (15-22)

“15 Naqueles dias, levantou-se Pedro no meio dos irmãos (ora, compunha-se a assembléia de umas cento e vinte pessoas) e disse: 16 Irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo proferiu anteriormente por boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam Jesus, 17 porque ele era contado entre nós e teve parte neste ministério. 18 (Ora, este homem adquiriu um campo com o preço da iniqüidade; e, precipitando-se, rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram; 19 e isto chegou ao conhecimento de todos os habitantes de Jerusalém, de maneira que em sua própria língua esse campo era chamado Aceldama, isto é, Campo de Sangue.) 20 Porque está escrito no Livro dos Salmos: Fique deserta a sua morada; e não haja quem nela habite; e: Tome outro o seu encargo. 21 É necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, 22 começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição”.

Pedro identificou um problema a ser resolvido, e buscou sabedoria para a solução. Faltava o décimo segundo apóstolo. Ele se levanta no meio da assembléia, cita Salmos 69.25 e 109.8, e aplica esse texto à situação em que estavam vivendo. Era uma “pregação expositiva”.

Nós também, quando queremos saber a vontade de Deus para nossas vidas, temos que ler as Escrituras. Salmos 119.9 pergunta: “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?” e ele mesmo responde: “Observando-o segundo a tua palavra”.

Quando eu assumi o emprego no Banco do Brasil na cidade de Macaubal, tive que tomar decisões difíceis. Uma delas foi se eu devia mudar para lá ou ficar em Rio Preto. Algumas pessoas me aconselharam a ficar lá durante a semana, e voltar para casa nos fins de semana. Mas eu descartei logo essa possibilidade, pois ficaria longos períodos longe de minha esposa, e a Bíblia diz em 1 Coríntios 7.5: “Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência”. Além disso, ficar longe a semana inteira prejudicaria o cumprimento de meu dever como pai. Dever esse declarado, por exemplo, em Dt 6.6,7 “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.” Então decidi que deveria ficar em Rio Preto e viajar diariamente para o trabalho.

2º parâmetro: A OPINIÃO DOS CONSELHEIROS (18,19,23)

“18 (Ora, este homem adquiriu um campo com o preço da iniquidade; e, precipitando-se, rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram; 19 e isto chegou ao conhecimento de todos os habitantes de Jerusalém, de maneira que em sua própria língua esse campo era chamado Aceldama, isto é, Campo de Sangue.) (…) 23 Então, propuseram dois: José, chamado Barsabás, cognominado Justo, e Matias”.

Para descobrir a vontade de Deus a respeito do décimo segundo apóstolo, Pedro buscou, além das Escrituras, o conhecimento das pessoas ao seu redor.

Pedro tinha segurança ao associar o cumprimento das Escrituras a fatos publicamente reconhecidos. Todos os habitantes de Jerusalém sabiam que um campo foi comprado com o dinheiro da traição de Judas, e todos testemunharam que a sua morte foi trágica, por meio do suicídio. Os discípulos também concordaram com sua tese, de que Judas cumprira aquelas profecias e era necessário substituí-lo no apostolado. Todos concordaram também que os candidatos mais indicados para a vaga eram José e Matias.

Provérbios 11.14 diz: “Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança”. Algumas vezes, estamos prontos para tomar uma decisão importante, e as pessoas vêm conversar conosco, dando o seu parecer a respeito do assunto. Devemos ouvi-las. Não temos, necessariamente, que seguir seus conselhos, mas devemos ouvir e ponderar. Se as pessoas são mais velhas, e notadamente sábias, devemos atribuir aos seus conselhos um peso maior.

Em 1Reis 12.1-19 lemos que Roboão, ao assumir o reino no lugar de seu pai, Salomão, precisou de muita sabedoria para responder ao povo que pedia alívio de encargos. Ouviu primeiro o conselho dos mais velhos, e depois dos mais jovens. O conselho dos idosos era mais sensato, mas ele preferiu o conselho dos mais jovens, que resultou numa guerra civil e divisão do país em dois reinos rivais.

Existem alguns conceitos que são óbvios, e que nem precisamos parar para pensar se quisermos fazer o que é certo. Todos sabem que não se deve roubar, nem matar. Devemos ser honestos, não devemos mentir, não devemos ser egoístas nem hipócritas. Estas coisas fazem parte do que chamamos de “senso comum”.

De acordo com Michel Paty (2003), podemos dizer que “o senso comum é uma disposição geral de todos os seres humanos para se adaptar às circunstâncias da existência e da vida ordinária” (Michel Paty. A ciência e as idas e voltas do senso comum. Sci. stud. vol.1 no.1 São Paulo Mar. 2003. disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-31662003000100002 acesso em: 17-02-2016).

O senso comum, isoladamente, não deve servir como parâmetro para nossas decisões, mas pode ser muito útil orientar-se por ele em questões que não contrariem nenhum princípio das Escrituras.

Voltando ao assunto do meu trabalho em Macaubal, eu tinha outra decisão importante para tomar: não tinha ônibus disponíveis nos horários que eu precisava, e ir de carro era muito caro. A solução seria comprar uma motocicleta. Pedi opinião para muitas pessoas. Eu mesmo achava a motocicleta um meio de transporte muito perigoso, principalmente na rodovia. Muitos procuraram me desencorajar, mas alguns que tinham experiência com motocicletas achavam que não tinha problema, se eu tomasse os devidos cuidados. O que pesou mais, porém, na decisão de eu comprar a moto, foi o fato de que, embora a maioria das pessoas ache que a motocicleta é um veículo muito perigoso, ele é aceito com naturalidade pela maior parte da sociedade como um meio de transporte viável. Assim, o “senso comum” me ajudou a tomar minha decisão.
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3º parâmetro: A ORAÇÃO (24-26)

“24 E, orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces o coração de todos, revela-nos qual destes dois tens escolhido 25 para preencher a vaga neste ministério e apostolado, do qual Judas se transviou, indo para o seu próprio lugar. 26 E os lançaram em sortes, vindo a sorte recair sobre Matias, sendo-lhe, então, votado lugar com os onze apóstolos”.

Era a primeira vez que os discípulos se comunicavam com Jesus através da oração. A comunicação deixou de ser direta, porém agora era mais acessível. O Senhor podia falar, ao mesmo tempo, com cada um dos 120 ou mais discípulos.

As decisões importantes em nossas vidas sempre devem ser precedidas de oração. Jesus passou a noite inteira orando antes de escolher seus 12 apóstolos. Ele orou intensamente no jardim do Getsâmani, e pediu que seus discípulos orassem com ele, pois tinha que decidir seguir adiante ou passar o cálice angustiante que completava a sua obra redentora.

Se você puder adiar uma decisão difícil, espere pelo menos passar uma noite, para que você tenha oportunidade de orar sobre o assunto. De preferência, espere até que passe pelo menos por um culto de oração, assim você poderá pedir que outros também orem junto.

Cantamos um hino que diz: “Oh, que paz perdemos sempre; Oh, que dor no coração, só porque nós não levamos tudo a Deus, em oração!”

A oração pode mudar tudo. Pode fazer você se acalmar, pode fazer você se lembrar de algo importante, pode fazer você se curvar perante a vontade soberana de Deus. Por mais que você esteja firme num propósito, não é prudente “bater o martelo” sem antes falar com Deus. Este foi o erro de Josué, quando fez um acordo precipitado com o povo de Gibeão, sem pedir conselho ao Senhor (Josué 9.14), e depois descobriu que havia sido enganado.

Os discípulos parecem ter tomado todo o cuidado em sua decisão de escolher o substituto de Judas. Mas será que eles ouviram bem a voz de Deus? Alguns acham que, na verdade, o décimo segundo apóstolo foi Paulo, e não Matias. Não é tão fácil definir a vontade de Deus para nossas vidas. As Escrituras nos dão princípios, mas não todos os detalhes. Deus fala conosco através das pessoas, mas as pessoas erram e discordam muito.

Quando um pastor amigo meu, um homem muito sábio, homem de oração, teve que decidir sobre seguir ou não algumas orientações médicas, enfrentou oposição de parentes e amigos, também homens muito sábios, homens de oração, porque decidiu não confiar totalmente no que os médicos diziam. É óbvio que alguém estava enganado, mas quem? Os médicos, que teoricamente sabiam o que diziam? Meu amigo, o sábio pastor? Ou seus amigos e parentes, todos homens acostumados a tomar decisões importantes sempre dependendo de Deus através de orações? Acho que só saberemos a resposta quando estivermos no céu.

Através da oração obtemos respostas a muitas dúvidas, mas é muito comum nós deixarmos a inclinação do nosso coração interferir na mensagem de Deus para nós.

Quando buscamos a vontade de Deus para nossas vidas, é prudente associarmos o conhecimento das Escrituras, o conselho de pessoas notadamente sábias e muita oração. Assim, teremos maior chance de acertar nas escolhas mais importantes.

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