domingo, 5 de abril de 2020

O epicentro de Antioquia: a expansão da igreja dos gentios (Atos 11.19-26)

Nesta semana, a contaminação e a mortalidade do coronavírus nos EUA cresceram tanto que o país se tornou o novo epicentro da pandemia, enquanto especialistas em todo o mundo estudam uma maneira de conter o avanço desta terrível doença.


Tão rápido quanto a contaminação de um vírus, porém benéfica em seus efeitos, foi a expansão do cristianismo, cujo epicentro muda para a cidade de Antioquia, na Síria, a partir da conversão em massa de gentios.


Para acelerar a expansão da igreja, Deus colocou em ação a comunidade dos discípulos, cada um de acordo com os seus dons. Neste parágrafo de Atos 11.19-26, nós podemos identificar pelo menos três dons exercidos pelos discípulos, os quais contribuíram para acelerar a expansão da igreja entre os gentios.


Evangelização (19-21)


Então, os que foram dispersos por causa da tribulação que sobreveio a Estêvão se espalharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. Alguns deles, porém, que eram de Chipre e de Cirene e que foram até Antioquia, falavam também aos gregos, anunciando-lhes o evangelho do Senhor Jesus. A mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor.


Os gentios precisavam ouvir a Palavra para se converterem. Os que fugiram da perseguição em Jerusalém, primeiro epicentro, seguiram suas vidas, não abandonaram a fé, antes falaram dela para as pessoas com quem ser relacionavam no dia a dia.


Nós gostamos de compartilhar nossas experiências, quando fazemos uma coisa e dá certo, ou quando temos um remédio que nos ajudou, ou ainda quando achamos produtos baratos e bons, e falamos disto com orgulho. Assim, naturalmente, deveríamos falar também de nossa fé em Jesus Cristo. Ele é bom para nós, nos salvou, ouve nossas orações, transformou nossas vidas. O ato de viver nossas vidas com Cristo, em si mesmo, é um ato evangelizador.


Às vezes podemos nos achar questionando o porquê de certas atividades corriqueiras como limpar a casa, varrer a calçada, fazer o trabalho da faculdade, acordar cedo, pegar o ônibus, atividades que aparentemente não têm nada a ver com evangelização. Mas tudo o que fazemos tem um sentido, nada é em vão.


Quando eu e minha família pegávamos o ônibus para vir à igreja, o pequeno Rafael, nosso filho com 5 anos, chamava todos os cobradores de “Jorge”. É porque ele associava o nome da linha, “Parque São Jorge”, ao “dono” do ônibus, que para ele era o cobrador. Todas as pessoas que ouviam, achavam engraçado. Uma criança chama a atenção por sua graça, ingenuidade, doçura, sinceridade. Ele fazia perguntas muitas vezes constrangedoras, em voz alta, de forma que as pessoas ao redor podiam ouvir e ficar atentos para ver como nos sairíamos em nossa resposta. Como muitas vezes o assunto era referente às lições da Escola Dominical, isto se tornava uma excelente oportunidade de evangelização.


Uma vez uma criança desconhecida, na fila do ônibus, me fez perguntas sobre como era a Escola Dominical, e depois pediu que eu cantasse algumas da músicas. Essa interação teve continuidade no ônibus, a caminho de casa, e muitos tiveram a oportunidade de ouvir trechos das músicas que continham apelos como: “[...] pois leia a Bíblia e siga ao Senhor, e a fé aumentará [...] por mim morreu Jesus, cravado numa cruz [...] já rolou, do sepulcro a grande pedra já rolou [...] Jesus me ama e quer salvar-me [...] Jesus ama a cada um [...]”. Sem que eu tivesse planejado com antecedência, me vi, então, evangelizando todo aquele povo que nos ouvia, dentro do ônibus superlotado.


Nada melhor para a evangelização do que vivermos conforme diz Colossenses 3.17: “E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”.


Exortação (22-24)


A notícia a respeito deles chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia. Tendo ele chegado e, vendo a graça de Deus, alegrou-se e exortava a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor. Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.


Os gentios crentes precisavam de exortação para se fortalecerem. Precisavam de pessoas que os encorajassem a seguir em frente, a não desistir. Ninguém melhor do que Barnabé, o “filho da exortação”, para fazer este trabalho.


Uma palavra amiga é muito preciosa; ela costuma vir de alguém que tem mais experiência, que já passou pelo que estamos passando, que tem uma visão mais ampla, uma fé que enxerga mais longe, além das nuvens do medo, do desânimo, da tribulação.


É por isso que um time de futebol, por exemplo, precisa um técnico experiente, de preferência que já tenha sido também jogador. Assim também acontece na igreja, quando os anciãos se tornam exortadores e consoladores dos mais frágeis e inconstantes em sua fé.


O bordão de que a união faz a força é abonado pela Bíblia, que diz em Eclesiastes 4.12: “Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade”. É por isso que nós, os cristãos, não podemos deixar de nos reunir, e de nos exortarmos “mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje”, a fim de que nenhum de nós “seja endurecido pelo engano do pecado” (Hebreus 3.13).


Ensino (25,26)


E partiu Barnabé para Tarso à procura de Saulo; tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia. E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos”.


Os gentios crentes precisavam de instrutores para se aperfeiçoarem na doutrina. Muitos crentes dizem, valendo-se senso comum, que a teologia não deve ser tão valorizada nos cultos. Canso de ouvir pastores criticando teólogos, e irmãos neopentecostais repetindo o jargão de que “a letra mata”.


Uma vez, um irmão pedreiro foi chamado para construir um banheiro nos fundos da Igreja, e ao longo do seu trabalho, ficou muito irritado com o nosso pastor, por causa das suas exigências quanto à maneira se fazer os fundamentos, os pilares e as vigas. Ele sabia, por experiência, que as exigências feitas pelo pastor, para a pequena construção, equivaliam à estrutura de uma construção dez vezes maior. Mas ele não sabia que o pastor tinha planos maiores para o futuro daquela pequena construção, e por isso calculara prudentemente as especificações necessárias para a mesma; não podia seguir a experiência do irmão pedreiro, ainda que o mesmo tivesse larga experiência na construção de casas.


Quando se quer construir uma pinguela, a intuição é muito válida, mas quando se quer construir uma ponte de 14 km, é preciso ter muito conhecimento. Qual é o tamanho da obra que queremos fazer para o Senhor?


Barnabé, com certeza, tinha muito conhecimento, mas sabia que não podia prescindir do conhecimento e da sabedoria do grande teólogo Saulo de Tarso. Por isso foi buscá-lo e, junto com ele, instruiu numerosa multidão nos retos caminhos do Senhor.


Vivemos numa época em que o conhecimento é muito disponível, na internet. Não vamos desprezar, portanto, o ensino sadio das Escrituras, comparando pensadores e tradições, da sabedoria popular à acadêmica, utilizando filtros de purificação, conforme o mesmo Paulo diz em 1ª Tessalonicenses 5.21: “julgai todas as coisas, retende o que é bom”.


Conclusão


Deus ajude, tanto os EUA, quanto os países da Europa, o nosso Brasil e todos os países do mundo, que consigamos barrar o avanço desta grave pandemia. Mas, quanto à Igreja, que ela cresça cada vez mais, e de forma sadia, como cresceu e se espalhou a Igreja dos gentios de Antioquia.


O efeito do trabalho, entre os gentios, por parte dos discípulos, utilizando os dons que Deus lhes deu, foi tão grande, que até um novo nome surgiu para ficar: Cristãos. Primeiro este nome foi um apelido com peso de desdém, mas hoje ele tem um peso de honra.


Que o Senhor nos ajude a honrar sempre este nome, nos dedicando à evangelização, à exortação e ao ensino, mesmo em tempos de crises como esta que estamos passando, “[…] esperando e apressando a vinda do Dia de Deus”, ainda que, saibamos, com certa apreensão, que naquele dia “os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão” (2ª Pedro 3.12) para dar lugar a um novo mundo, onde os vírus já não poderão contaminar.


Artigo elaborado por: Arildo Louzano da Silveira. São José do Rio Preto, abril de 2020.


(*) Foto do cabeçalho disponível em: Acesso em: https://vermelho.org.br/2020/03/26/eua-sao-novo-epicentro-da-pandemia-da-covid-19/ Acesso em 05 abr. 2020.


(**) Citações da Bíblia extraídas de: A Bíblia Sagrada. Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada 2ªed. 1988, 1993. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012. 1280p.


 

2 comentários:

  1. Glória a Deus Pastor Arildo por essa pregação escrita,fui muito edificado " e ainda dei uma risada com o Rafael chamando os cobradores de JORGE KKKK " Que Deus te abençoe grandemente "

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