terça-feira, 7 de março de 2017

Uma Igreja de Sucesso (At 2.42-47)


Você já deve ter ouvido a história de alguém que fez sucesso na sua carreira. Todos os que eu conheço têm uma história empolgante para contar. Muitos tiveram uma vida muito sofrida, mas conseguiram vencer por causa de sua persistência. A Igreja de Cristo é o exemplo supremo de uma história de persistência. A Igreja inicial, conhecida como a Igreja Primitiva, era uma comunidade persistente, perseverante nas boas práticas. Nesse parágrafo podemos identificar pelo menos três boas práticas nas quais a igreja perseverava, e que são o segredo do seu sucesso: Perseverança no culto; perseverança no amor; perseverança no testemunho.

Primeira boa prática: Perseverança no culto (42,43)

Os discípulos que se converteram no dia de Pentecostes adotaram um estilo de vida que lhes fazia bem e que agradava a Deus. Dentre as boas práticas que adotaram, estava a perseverança nos cultos. Isso significa que perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão (seguramente uma referência à ceia do Senhor) e nas orações. Tudo isso porque em cada alma havia temor, e em reverência prestavam culto regularmente, com todos os elementos litúrgicos, e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Esse modelo de culto aqui revelado nos faz refletir sobre a importância da presença de cada um desses elementos litúrgicos mencionados:

a) A doutrina dos apóstolos

Todo culto deve ter doutrina, deve ter ensino da Palavra de Deus. Às vezes queremos fazer um culto diferente, só com músicas, só com testemunhos, só com oração, só com teatros e jograis. Acredito que isso seja aceitável uma vez ou outra, de preferência num culto extra, que não seja no principal, do domingo. Porque o ensino da Palavra é essencial para que sejamos exortados a viver de modo agradável ao Senhor. O tempo em que a palavra é pregada nos cultos é tão pequeno, comparado com a quantidade de horas de outras atividades na semana, que por isso mesmo deve ser muito bem aproveitado. O pregador deve certificar-se de que está realmente pregando a Palavra, uma vez que o tempo é precioso e não deve ser desperdiçado com discursos vazios, mesmo que sejam interessantes.

b) A comunhão

A comunhão é inerente aos cultos. Quando nos ajuntamos, trocamos cumprimentos, contamos as novidades, compartilhamos experiências. É fácil ter comunhão nos cultos. É natural. Mas não devemos nos esquecer que a comunhão deve ser praticada entre todos, e não somente com as pessoas com as quais temos maior afinidade. É necessário maior esforço para conversar e mostrar interesse para com as pessoas que não conhecemos, que estão visitando a igreja pela primeira vez, que são de difícil relacionamento, seja por causa da timidez, seja por causa da altivez.

c) O partir do pão (a Ceia do Senhor)

O partir do pão, termo que designa também a Ceia do Senhor, é uma ordem expressa de Jesus, para que nos lembrássemos da nova aliança selada com o seu corpo e com o seu sangue. Parece que a Ceia era celebrada em todos os ajuntamentos, mas por muitos motivos, no decorrer da história, as igrejas têm variado a frequência dessa celebração para uma vez na semana, uma vez ao mês, quinzena ou ano. Jesus apenas mandou que fizéssemos isso “todas as vezes” (1 Coríntios 11.25) em memória dele.

d) A oração

A oração, é óbvio, não pode faltar no culto. Afinal, é a maneira de nos comunicarmos com Deus, a quem prestamos culto. Uma oração pública é diferente de uma oração particular, assim como uma conversa particular é diferente de uma manifestação em uma reunião. Quando oramos publicamente, devemos considerar que estamos falando com Deus na presença de outros irmãos e, assim, é necessário sermos educados, medir as palavras, pronunciar de forma alta e clara de forma que todos possam avaliar o que dissemos e dar o seu “amém”, caso concordem.

O Senhor fazia muitos prodígios e sinais por intermédio dos apóstolos. Hoje nós não os temos conosco e Deus poderá fazer o mesmo por intermédio de quem julgar conveniente e necessário. Nesse ponto um alerta se faz apropriado: são os frutos de um profeta que o identificam como verdadeiro servo do Senhor, e não os prodígios e sinais. Muitos milagres são feitos por pessoas que praticam a iniquidade, conforme Mateus 7.22,23.

Segunda boa prática: Perseverança no amor (44,45)


Os primeiros crentes procuravam estar sempre juntos e, para que isso fosse possível na prática, consideravam tudo o que tinham como bens comuns. De maneira especial, os que ficaram em Jerusalém abandonaram suas terras e suas fontes de renda e até que se readaptassem à vida urbana era necessário grande apoio. Por isso, emprestavam suas casas, suas camas, seus jumentos, suas ferramentas de trabalho, repartiam o alimento. Se precisassem de dinheiro, não hesitavam em vender as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos. Era uma nova comunidade, unida por sua fé no Messias ressuscitado.

Essa boa prática do amor tem sido exercitada tradicionalmente em todas as comunidades cristãs. Quer saber se uma comunidade é verdadeiramente cristã? A fórmula foi ensinada pelo Senhor Jesus: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João 13.35). E o próprio João, que anotou essas palavras do Mestre, ensina em sua primeira carta geral: “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade” (1 João 3.18).

Terceira boa prática: Perseverança no testemunho (46,47)

A população testemunhava que os primeiros discípulos perseveravam diariamente e unânimes em cerimônias no templo, bem como “partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus”. Essa prática devota dos novos discípulos era um bom testemunho, de maneira que contavam com a simpatia de todo o povo. Muitos dos que testemunhavam sua boa prática foram atraídos, queriam também ser participantes dessa humilde e alegre comunidade, pelo que o Senhor acrescentava-lhes, dia a dia, os que iam sendo salvos.

Antigamente, no Brasil, era mais fácil identificar um crente. Ele era aquela figura que passava todos os domingos em frente à nossa casa, com um livro de capa preta debaixo dos braços, acompanhado de sua família. Hoje é um pouco mais difícil reconhecê-los, porque os crentes deixam uma bíblia na igreja e outra em casa, isso quando não a carregam em arquivo digital no seu celular. Mas ainda assim a comunidade cristã pode ser facilmente identificada, porque não são ícones como um livro de capa preta seus distintivos mais importantes, e sim o seu testemunho, seu modo de viver diante das pessoas que estão ao seu redor. Às vezes fico pensando se não foi uma comunidade de crentes que comoveu tanto o coração de um homem ateu que escreveu uma linda poesia, manifestando sua comoção diante de um testemunho de simplicidade e perseverança mesmo numa sociedade injusta e cruel:

“Tem certos dias em que eu penso em minha gente; E sinto assim todo o meu peito se apertar; Porque parece que acontece de repente; Como um desejo de eu viver sem me notar; Igual a como quando eu passo no subúrbio; Eu muito bem, vindo de trem de algum lugar; E aí me dá como uma inveja dessa gente; Que vai em frente sem nem ter com quem contar; São casas simples com cadeiras na calçada; E na fachada escrito em cima que é um lar; Pela varanda, flores tristes e baldias; Como a alegria que não tem onde encostar; E aí me dá uma tristeza no meu peito; Feito um despeito de eu não ter como lutar; E eu que não creio, peço a Deus por minha gente; É gente humilde, que vontade de chorar”.
(Gente Humilde – música. Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, Vinícius de Moraes e Chico Buarque. 1969)

Entretanto a comunidade cristã, humilde e alegre mesmo diante das provações, é poderosa para convencer, por meio do Espírito que nela habita, este mundo “do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8).

Conclusão

A igreja primitiva era persistente, perseverante nas boas práticas. E a igreja atual? Será que anda se esquecendo de práticas que jamais deveriam ter sido abandonadas? Não seja assim entre nós! Façamos grande esforço para perseverar nos cultos, com todos os seus elementos essenciais. Seguindo a ordem de Hebreus 10.24, “consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras”. E sejamos perseverantes no bom testemunho de tal forma que, caso falem mal contra nós, “fiquem envergonhados os que difamam” o nosso “bom procedimento em Cristo” (1 Pedro 3.16). Nossa esperança é o Senhor. Vamos perseverar em todas as boas práticas para que, colaborando assim com o Senhor, ele nos acrescente mais pessoas salvas, e nos dê a graça de sermos uma igreja de sucesso.

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