sábado, 22 de setembro de 2018

A casa de Deus (Atos 7.42-50)

Um sinal de que alguém está evoluindo, prosperando na vida, é quando adquire sua casa própria. Nós nos sentimos seguros quando temos um lugar que podemos arrumar do nosso jeito, guardar todos os nossos móveis, e proteger-nos da chuva, do sol, e quem sabe do calor...


No texto de hoje nós vemos que o povo de Israel evoluiu, na medida em que aprendeu a adorar o Deus verdadeiro, e um dos sinais mais visíveis desta evolução é que construíram uma casa para Deus, embora ainda precisassem aprender a abandonar completamente os ídolos. Estêvão, quase finalizando sua defesa, abordou o assunto como quem tenta explicar que, embora a Casa de Deus fosse importante, O Senhor estava inaugurando um novo tempo, uma forma mais evoluída de adoração, que não dependia tanto do lugar onde se adorava, mas da maneira certa de adorar, como ensinou Jesus: “em espírito e em verdade” (João 4.24).


Podemos dizer que Deus espera que o seu povo evolua por meio de, pelo menos, três passos:


Abandonar o tabernáculo dos ídolos (42,43)


Mas Deus se afastou e os entregou ao culto da milícia celestial, como está escrito no Livro dos Profetas: Ó casa de Israel, porventura, me oferecestes vítimas e sacrifícios no deserto, pelo espaço de quarenta anos, e, acaso, não levantastes o tabernáculo de Moloque e a estrela do deus Renfã, figuras que fizestes para as adorar? Por isso, vos desterrarei para além da Babilônia.


Os povos que foram expulsos da terra prometida para que Israel tomasse posse, adoravam muitos ídolos, fazendo coisas que eram abomináveis ao Senhor. Israel deveria tomar isto como advertência e evoluir através deste primeiro passo, que era abandonar o tabernáculo dos ídolos, abolir de vez estas práticas. Mas, em vez disto, paralelamente à adoração do Deus verdadeiro, muitos continuavam a adorar e manter tabernáculos de ídolos.


Há pessoas que procuram adorar um deus que lhe agrade, ou até procuram agradar todos os deuses, como o povo da Roma antiga, com o seu panteão.


O próprio Salomão, que teve o privilégio de construir o primeiro e mais glorioso templo ao Deus verdadeiro, construiu, em seguida, templos para deuses pagãos como Quemos, abominação de Moabe, e Moloque, abominação dos filhos de Amon (1º Reis 11.7).


Ninguém, que eu conheça, gosta de ser chamado de idólatra, por isso é que a idolatria contemporânea é tão sutil. Assim como Raquel escondeu os seus ídolos (Gênesis 31.19,34), os nossos ídolos também estão ocultos, apesar de deixarmos transparecer nossa tendência idólatra por alguns detalhes em nossa linguagem comum. Quando um artista, antes desconhecido, nos surpreende com o seu talento, dizemos que ele é uma revelação; quando gostamos muito dele, dizemos que somos seu ; se o artista se destaca internacionalmente, se torna um superstar (super estrela), e quando faz o seu show (para mostrar sua glória), aplaudimos o espetáculo. Algumas expressões como “você que está vidrado na telinha”, “você vai se encantar com a nossa programação”, dão as dicas da relação desejada entre as companhias de entretenimento e seus espectadores. Tem gente que não liga muito para a televisão, eu sei, mas às vezes diz coisas do tipo: “eu adoro pescar”.


Pagamos cachês altíssimos a ídolos populares, ou diretamente, ou por meio dos impostos, como foi noticiado no jornal O Globo em julho de 2016, sobre a festa Junina de Caruaru:


RIO – Depois da polêmica em torno do cachê de Wesley Safadão para se apresentar na tradicional festa junina de Caruaru, o governo pernambucano decidiu revelar o valor pago a todos os artistas escalados para a 26ª edição do Festival de Inverno de Garanhuns, que começou no último dia 21 e segue até o dia 30 de julho. Os valores vão de R$ 7 mil, para Clayton Barros, e R$ 120 mil, recebido por Nação Zumbi e Alceu Valença. De acordo com o jornal "Diário de Pernambuco", os valores foram detalhados em banners estendidos ao lado dos palcos. Participam ainda Elza Soares (R$ 92 mil), Elba Ramalho (R$ 105 mil), Gal Costa (R$ 114 mil), Otto (R$ 60 mil) e Margareth Menezes (R$ 85 mil), entre outros. Além disso, a quantia investida na estrutura do evento também foi explicitada. A Fundarpe, Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, responsável pelo evento, pagou R$ 89.846,86 para a montagem do palco, R$ 70.342,20 pelos geradores de energia elétrica, e R$ 102.752,50 pela locação dos equipamentos de som.


Organização divulga cachê dos artistas do Festival de Inverno de Garanhuns. O Globo (online), 25/07/2016. Disponível em: http://oglobo.globo.com/cultura/musica/organizacao-divulga-cache-dos-artistas-do-festival-de-inverno-de-garanhuns-19780298 Acesso em 04 nov. 2016.


O principal mandamento diz: “amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração” (Deuteronômio 6.5). Ora, se é de todo o coração, não sobra espaço para amar mais nada. Todas as demais coisas podemos amar, somente, se estiveram “no Senhor”. Até mesmo o cônjuge, conforme diz em 1ª Coríntios 7.39: “A mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor.


Para quem você está dando o melhor de si? Nós costumamos separar o que é melhor para pessoas ou coisas às quais queremos dar maior honra. Assim, o nosso melhor tempo, o nosso maior vigor, a nossa melhor roupa, a melhor fase de nossa vida, devemos dedicar ao Senhor, nosso Deus. Ou será que alguém imagina que devemos dar a Deus somente o resto? Às vezes parece que aqui, na igreja, só chegamos o “pó”, o “caco”, chegamos sonolentos e até mal-humorados, porque já demos o melhor das nossas energias para outras coisas. Os que vão prestar o ENEM (Exame Nacional do Ensino Mécio) são aconselhados a dormir e se alimentar bem na noite anterior, para que possam dar o melhor de si na hora da prova. Por que não fazemos isto também na véspera do domingo, o Dia do Senhor? Abandonemos, pois, o tabernáculo dos ídolos, e sirvamos somente ao Senhor.


Construir uma casa digna para o Deus verdadeiro (44-47)


O tabernáculo do Testemunho estava entre nossos pais no deserto, como determinara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto. O qual também nossos pais, com Josué, tendo-o recebido, o levaram, quando tomaram posse das nações que Deus expulsou da presença deles, até aos dias de Davi. Este achou graça diante de Deus e lhe suplicou a faculdade de prover morada para o Deus de Jacó. Mas foi Salomão quem lhe edificou a casa.


O segundo passo para evoluir segundo a vontade de Deus é construir-lhe uma casa digna. Moisés foi instruído a construir um tabernáculo para adorar o Deus Verdadeiro. Depois de muito tempo, já instalados na terra prometida, puderam construir um templo definitivo.


Durante os séculos, os cristãos têm construído muitas casas para Deus. Existem muitas catedrais históricas e famosas dedicadas à adoração cristã, como os exemplos abaixo:


Notre Dame – Paris (1163);


Imagem disponível em: https://www.getyourguide.com.br/paris-l16/skip-the-line-notre-dame-cathedral-with-audio-guide-t83454/?utm_force=0 Acesso em 17 set. 2018.


Santa Sofia - Istambul (532-537);


Imagem disponível em: https://www.turismogrecia.info/guias/turquia/a-igreja-de-santa-sofia Acesso em 17 set. 2018.


Catedral de Colônia – Alemanha (1248-1880);


Imagem disponível em: https://catedraismedievais.blogspot.com/2013/10/catedral-de-colonia-encontro-entre-o.html Acesso em 17 set. 2018.


Catedral da Sé – São Paulo (1913-1954);


Imagem disponível em: https://www.infoescola.com/sao-paulo/catedral-da-se/ Acesso em 17 set. 2018.


 

Candelária – Rio de Janeiro (1880);


Imagem disponível em: https://pleno.news/brasil/cidades/vigilia-relembra-vitimas-da-chacina-da-candelaria.html Acesso em 17 set. 2018.


Mas a casa de Deus não é, evidentemente, uma casa terrena. Os templos que construímos são importantes na medida em que nos ajudam a adorar em paz e segurança, para nos concentrarmos melhor no serviço de adoração. Estes templos devem ser maiores, mais confortáveis, mais belos que a nossa própria casa, para a glória de Deus. É certo, porém, que Deus se agrada mais de uma oca numa tribo indígena, onde estejam adorando a Deus em espírito e em verdade, do que da mais esplêndida catedral já construída, se não houver ali uma genuína adoração.


Construir uma casa não feita por mãos humanas (48-50)


Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas; como diz o profeta: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? Não foi, porventura, a minha mão que fez todas estas coisas?


O terceiro passo nesta evolução, esperada por Deus para o seu povo, é a construção de uma casa não feita por mãos humanas.


Pedro diz, em sua primeira carta (2.5): “também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”. Paulo, por sua vez, diz em Efésios 2.19-22:


Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito.


Espiritualmente, devemos nos sentir como missionários, peregrinos, estrangeiros. Um missionário não costuma dispor de muitas coisas materiais. Imaginamos que um missionário que trabalhe numa tribo indígena deva se misturar aos índios e viver como eles vivem, morar onde eles moram, comer o que eles comem. Por causa da urgência da obra e dos recursos comumente disponíveis, não se imagina a construção de uma catedral, nem mesmo uma construção das mais simples, destas que costumamos usar como templos nas áreas urbanas. A princípio, basta uma cobertura de palhas sobre uma estrutura de troncos e galhos de árvores. E por que isto já seria suficiente? Porque o verdadeiro templo que agrada a Deus é construído de pessoas reunidas para adorá-lo. É ali que Deus tem prazer em habitar. Cremos que Deus está presente conosco quando nos reunimos nos cultos. E por que está presente? Não é pela beleza do prédio. Se não houvesse prédio, ele também estaria presente. Mas será que todos nós estaríamos presentes na igreja se a reunião não fosse num prédio bonito e confortável? Espero que sim. Espero que não estejamos indo aos cultos por causa do prédio, porque, se fosse assim, trocaríamos facilmente a nossa igreja por outra, onde o prédio fosse mais aconchegante, mais bonito, mais esplendoroso. Antes de pensarmos no prédio, pensemos em nós mesmos como “pedras que vivem”, construindo um santuário dedicado ao Senhor, do qual Jesus é a Pedra Angular. Esta casa não é feita por mãos humanas.


Conclusão


E então, será que estamos evoluindo? Se Deus nos tem abençoado com um lar, não façamos de nosso lar uma casa de ídolos, e vamos zelar da casa de Deus, no sentido físico, sim, mas principalmente no sentido espiritual.


Deus tem ciúmes das coisas que você mais ama, daquilo que você tanto gosta, porque o amor que dedicamos a determinadas coisas deveria ser dedicado a ele. Tiago 4.5 diz: “Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?”


Em Apocalipse 3.19 o Senhor adverte: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te”.


Em Ezequiel 16.38 Deus dirige a Jerusalém estas palavras: “Julgar-te-ei como são julgadas as adúlteras e as sanguinárias; e te farei vítima de furor e de ciúme”. Ele buscava pessoas que, com uma atitude positiva, evitassem a destruição da cidade santa, conforme Ezequiel 22.30: “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei”.


São muito tentadores, os prazeres ilusórios que a vida oferece, mas sejamos firmes, e tenhamos nossa esperança integral na morada que é construída pelo próprio Deus, conforme diz João 14.2,3: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também”.


* Imagem do Cabeçalho: O Muro das Lamentações. Disponível em: https://www.infoescola.com/religiao/muro-das-lamentacoes/ Acesso em 22 set. 2018

domingo, 9 de setembro de 2018

As obras das nossas mãos (Atos 7.36-41)

Quando eu paro para pensar na criatividade do homem, não tem como não ficar impressionado. A tecnologia nos possibilita recursos inimagináveis. Com um smartphone na mão, eu posso tirar foto, enviar mensagens, passar vídeos, orientar-me por GPS e até fazer ligações telefônicas! É um aparelho tão maravilhoso que algumas pessoas dão até suas vidas por eles. É praticamente uma idolatria. Parece que, em vez de adorarem o Criador dos elétrons, os homens estão adorando as criações eletrônicas, obras das suas próprias mãos. Vejam só que absurdo: em outubro de 2016,


Um homem na Ucrânia trocou oficialmente seu nome para iPhone 7 depois que uma loja de eletrônicos ofereceu o novo aparelho da Apple às primeiras cinco pessoas que fizessem esta mudança, segundo a agência de notícias Associated Press. Antes chamado Olexander Turin, de 20 anos, ele recebeu seu aparelho como prêmio nesta sexta-feira (28). Um iPhone 7 na Ucrânia custa a partir de US$ 850, enquanto a troca de nome no país custa apenas US$ 2. iPhone 7 disse à agência que seus amigos e família ficaram chocados com a mudança no início, mas depois apoiaram a ideia. Ele afirmou que pode mudar o nome de volta para Olexander Turin quando tiver filhos. Sua irmã, Tetyana, disse que "foi difícil aceitar e acreditar", mas "cada pessoa no mundo busca se expressar de certa maneira. Por que não assim?


Ucraniano troca seu nome para 'iPhone 7' para ganhar um celular. Site G1, 28/10/2016. Disponível em: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2016/10/ucraniano-troca-seu-nome-para-iphone-7-para-ganhar-um-celular.html Acesso em 29 out. 2016.


O povo de Israel não tinha smatphones, mas foi um povo rebelde, e não se entregou de todo o coração ao Senhor, para fazer a sua vontade. Eles não foram gratos, mas antes murmuraram, pensando que o Senhor deveria lhes dar mais do que já lhes tinha dado. Rejeitaram a alegria que lhes estava proposta para buscarem uma alegria instantânea e passageira.


Não quiseram saber das obras de Deus. Antes, se alegraram com as obras de suas mãos. Neste parágrafo de Atos, nós podemos identificar pelo menos três evidências de que o povo não estava contente com as obras de Deus, preferindo fazer obras com suas próprias mãos, para se alegrarem.


Rejeição da alegria de presenciar os prodígios e sinais feitos por Deus (36)


A primeira evidência de que o povo não estava contente com as obras de Deus, preferindo fazer obras com suas próprias mãos, nós identificamos no versículo 36: “Este os tirou, fazendo prodígios e sinais na terra do Egito, assim como no mar Vermelho e no deserto, durante quarenta anos”.  Vimos aqui a menção dos prodígios e sinais que o povo presenciou, mas que, evidentemente, não valorizou, rejeitando a alegria que é receber e presenciar os milagres de Deus.


Para convencer os egípcios de que era o SENHOR quem estava ordenando a libertação do seu povo, Deus enviou-lhes dez pragas:


  1. As águas tingem-se de sangue, vindo a morrer todos os peixes;
  2. Rãs cobrem a terra;
  3. Piolhos atormentam homens e animais;
  4. Moscas escurecem o ar e atacam homens e animais;
  5. A morte dos animais;
  6. Pústulas cobrem homens e animais;
  7. Chuva de granizo destrói plantações;
  8. Nuvem de gafanhotos ataca plantações;
  9. Escuridão encobre o sol por três dias;
  10. Os primogênitos de homens e animais morrem;

O maná, as águas jorrando das pedras, as vitórias nas guerras, todos estes milagres Deus fez diante de todo o povo, mas isto não foi considerado suficiente. O povo queria mais milagres.


Em Hebreus 11.6 está escrito que, “de fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”.  Esta fé que agrada a Deus nem sempre é bem compreendida e, como aconteceu com Israel, é comum haver distorções em sua aplicação. Jaime Francisco de Moura, em seu livro “Lavagem cerebral e hipnose nos cultos protestantes”, observa que:


Muitas pessoas procuram na religião não a salvação, a verdade, a vida eterna, mas apenas sensações agradáveis, emoções que as façam sentir-se bem consigo mesmas. Esta busca da emoção, do sensível (aquilo que percebemos por nossos sentidos) é algo que pode trazer problemas enormes para uma pessoa bem intencionada. A fé edificada sobre a emoção não é fé verdadeira, mas mera busca de recompensa rápida, pouco profunda e ineficiente.


Ao expor o resultado do seu estudo, o escritor denuncia o uso, por parte de alguns líderes religiosos, de técnicas de lavagem cerebral e hipnose para simular milagres. Ele afirma que “[...] existem três tipos de fenômenos no mundo em que vivemos. O físico, o paranormal e o sobrenatural”, e “[...] que fenômenos paranormais, onde também se enquadra a lavagem cerebral e a hipnose, estão sendo confundidos com o sobrenatural, ou com a ação do Espírito Santo, por muitos pastores. Em muitos casos são confundidos também com obras de anjos maus e o demônio”


MOURA, Jaime Francisco de. Lavagem Cerebral e Hipnose nos Cultos Protestantes. Brasília: Gráfica Opção, 2010. P. 5,8,9.


A Igreja Católica tem comissões para examinar milagres. Não é todo testemunho de milagres que é aceito. Antes que um fenômeno seja aceito como milagre, precisa cumprir alguns requisitos, sendo um dos mais importantes, o de que a ciência não possa dar uma explicação plausível; caso contrário, isto seria um fenômeno natural, e não poderia ser reconhecido como um milagre.


Alguns fenômenos históricos passaram por esse crivo, como o a liquefação do sangue de San Gennaro (1980, Nápoles), o Santo Sudário (Turim, 1357), a dança do sol em Fátima (Portugal, 1917), a imagem da Virgem de Guadalupe (1531, México).


Mas existem, certamente, muitos milagres acontecendo que, mesmo que as autoridades eclesiásticas não os reconheçam, não deixam de ser milagres. Especialmente os “pequenos milagres”, que afetam diretamente nossas vidas em determinados momentos.


Eu me lembro que, quando eu tinha uns três ou quatro anos de idade, estava viajando com meu pai num ônibus; ele me deixou por um instante sozinho e foi até a lanchonete comprar alguma coisa. Eu fiquei com muito medo de ficar sozinho, olhando atentamente para não perdê-lo de vista. Meu pai demorou muito a voltar, e eu não o estava vendo mais, quando o motorista entrou no ônibus, deu partida e estava dando ré para sair. Vocês podem imaginar o que aconteceu. Eu caí no choro, fiquei desesperado, quando, de repente, meu pai colocou a mão sobre mim e me acalmou, assentando-me em seu colo. Como isto foi possível? Uma brincadeira? Meu pai estava o tempo todo atrás de mim e eu não sabia? Ou será que Deus atendeu ao meu choro desesperado e “arrebatou” o meu pai, colocando-o perto de mim com o ônibus em movimento. Ninguém sabe. Deveria eu chamar as autoridades eclesiásticas para analisar os fatos e determinar se foi um milagre ou não? Não precisa. Para aquela criança de três ou quatro anos, foi suficiente receber o abraço e o consolo de seu pai, no exato momento em que achava que tudo estava perdido. Para ela foi um milagre.


Nós temos a tendência de esquecer, desprezar, rejeitar os milagres de Deus, e queremos realizar nossos próprios milagres. Rejeitamos a salvação que veio por meio do sacrifício vicário de Jesus e queremos salvar-nos a nós mesmos, como se isto fosse possível. Não andamos em fé, mas agimos como se tudo dependesse de nosso próprio esforço, sem nos darmos conta de que nossa saúde, inteligência, força física, seja o que for que nos dê prosperidade, vem de Deus, conforme nos lembra Salmos 127.1 “Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela”. 


Se olharmos do ponto de vista correto, veremos que a nossa vida está repleta de milagres, então precisamos crer e nos alegrar com os milagres que de Deus temos recebido todos os dias, uns maiores e outros menores.


O Pastor Misael, da Igreja Presbiteriana do Brasil em Rio Preto, escreveu num boletim semanal da igreja, em comemoração à Semana da Reforma, que “do ponto de vista da providência, existimos como igreja graças ao propósito soberano de Deus. Do ponto de vista histórico, estamos aqui por causa da Reforma Protestante do século 16”


BATISTA, Misael. 499 anos de reforma protestante. São José do Rio Preto: Igreja Presbiteriana (Boletim 357), 30/10/2016. Disponível em: http://www.ipbriopreto.org.br/499-anos-de-reforma-protestante/ Acesso em: 29/10/2016).


Ele elaborou assim o seu texto para dar ênfase à obra verdadeiramente relevante do reformador alemão. Mas note que o pastor não se esqueceu de dar honra a quem, de fato, é o responsável por estarmos aqui, esclarecidos quanto à salvação pela graça, lendo a Bíblia em nosso próprio idioma, livres para cultuar a Deus em Espírito e em Verdade. Pois ele começa dizendo que “do ponto de vista da providência, existimos como igreja graças ao propósito soberano de Deus”. Precisamos praticar mais este tipo de pensamento, reconhecendo a multidão de milagres que Deus já nos fez e está fazendo a cada dia. Isto é infinitamente melhor do que vivermos querendo mais e tentando produzir nossos próprios milagres.


O povo de Israel recebeu o Maná todos os dias, por quarenta anos. Era um milagre diário, que os alimentava porque não podiam cultivar lavouras no deserto. Mas ficaram enfastiados desse milagre, e chegaram a chamá-lo de “pão vil” (Números 21.5). Será que estamos impacientes também com Deus, achando “vis” os milagres diários que ele tem nos dado? Querendo mais e maiores milagres? Querendo produzir nossos próprios milagres?


Rejeição da alegria de ouvir as Palavras Vivas (37,38)


Nos versículos 37 e 38 encontramos a segunda evidência de que o povo não estava contente com as obras de Deus, preferindo fazer obras com suas próprias mãos:


Foi Moisés quem disse aos filhos de Israel: Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim. É este Moisés quem esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir.


As palavras que Moisés tinha para transmitir ao povo eram Palavras Vivas, dadas pelo Anjo do SENHOR. Mesmo assim, isso não foi valorizado pelo povo, que as rejeitou.


A comunicação de Deus conosco, através de suas palavras vivas, dão sabedoria, consolo e alegria, mas constantemente os homens buscam relatos fantasiosos, pseudo-intelectuais, para satisfazerem sua curiosidade ou desejo de que sejam apoiados seus instintos pecaminosos. Por causa desta tendência de querer ouvir coisas “mágicas” é que fazem tanto sucesso livros como o “código Da Vinci” e a série “Harry Potter”.


Esta tendência, dentro da própria igreja, de querer ouvir coisas mágicas e sensacionais, foi profetizada em 2ª Timóteo 4.3: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos”.


Eclesiastes, o pregador, procurou escrever palavras que agradassem, sem, contudo, se desviar da verdade, enfatizando que o mais importante é o temor a Deus. Ele escreveu no capítulo 12, versículos 10-14:


Procurou o Pregador achar palavras agradáveis e escrever com retidão palavras de verdade. As palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos bem fixados as sentenças coligidas, dadas pelo único Pastor. Demais, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne. De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más.


As Palavras de Deus são vivas, conforme Salmos 19, e nós precisamos “mergulhar” nestas palavras, sem termos medo de aprender. Não bastam dogmas, doutrinas sistematizadas que, embora possam ter muito valor como resultado de quem se dedicou ao estudo zeloso e piedoso das escrituras, não devem ser limitadoras de nosso raciocínio, nem isentas de juízo.


As sistematizações de doutrinas são valorosos guias para não nos perdermos em heresias, mas algumas vezes estamos lendo as escrituras e, em nossa meditação, chegamos à conclusão de que Jesus “não podia pecar”. Só que nossa doutrina diz que Jesus “podia não pecar”. Às vezes uns versículos inspiradores nos levam à revelação de que o homem de Deus tem que cuidar do seu corpo, alma e espírito, mas a doutrina de nossa igreja diz que o homem não é “tricotômico”, e sim “dicotômico”. Tem horas que precisamos deixar de lado estes detalhes, e simplesmente nos deleitarmos com a beleza, a sabedoria, a doçura das palavras vivas de Deus.


Não podemos cair nos mesmos erros de hereges que acham que tiveram uma “revelação”, fecharam questão com um sistema próprio de doutrina e nunca mais voltaram para analisar se não estão andando em erro, seja por ignorância, seja por má fé. Precisamos aprender a ouvir o que a Bíblia nos diz, renovando esse compromisso a cada leitura, com oração para que o Senhor fale conosco. Precisamos ouvir outros irmãos que também têm lido e meditado nas escrituras, porque Deus pode nos falar através deles também. Precisamos ouvir os estudiosos, os professores, os pastores, que acreditamos estarem sinceramente e diligentemente buscando aprender a palavra de Deus para depois compartilhar esse conhecimento.


Muitos de nós temos nossa própria doutrina particular. Aqui na igreja aprendemos como se deve proceder, mas no dia-a-dia o que vale é o nosso modo de pensar. Aprendemos aqui princípios valiosos, conselhos sábios. Mas quando fechamos nossas Bíblias, deixamos guardadas todas essas recomendações, até o próximo culto, quando vamos abrir as suas páginas novamente e nos lembrarmos de que esquecemos de praticar o que foi ensinado.


Com uma atitude assim, acabamos não fazendo nem o básico da vida cristã. Aprendemos sobre a importância da leitura diária da Bíblia e de separarmos um tempo diário para oração, mas nos perdemos na avalanche das múltiplas atividades e empurramos com a barriga a Bíblia e a oração. Aprendemos sobre a necessidade de nos disciplinarmos para não chegarmos atrasados nos cultos mas acabamos não levando a sério esta questão porque, naturalmente, não há punição para quem chega atrasado nos cultos, diferentemente do trabalho secular. E muitas coisas piores fazemos ou deixamos de fazer contra a vontade de Deus, porque temos uma outra Bíblia, secreta, que só nós conhecemos e reverenciamos: a nossa própria sabedoria, o nosso modo de ver as coisas. Esta é, na prática, a nossa Bíblia verdadeira, e não as Palavras Vivas de Deus.


Rejeição da alegria de adorar e de ter comunhão santa, na presença de Deus (39-41)


A terceira evidência de que o povo não estava contente com as obras de Deus, preferindo fazer obras com suas próprias mãos, está nos versículos 39-41: 


A quem nossos pais não quiseram obedecer; antes, o repeliram e, no seu coração, voltaram para o Egito, dizendo a Arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque, quanto a este Moisés, que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu. Naqueles dias, fizeram um bezerro e ofereceram sacrifício ao ídolo, alegrando-se com as obras das suas mãos.


O relato de Estêvão é baseado em Êxodo 32.17-19:


Ouvindo Josué a voz do povo que gritava, disse a Moisés: Há alarido de guerra no arraial. Respondeu-lhe Moisés: Não é alarido dos vencedores nem alarido dos vencidos, mas alarido dos que cantam é o que ouço. Logo que se aproximou do arraial, viu ele o bezerro e as danças; então, acendendo-se-lhe a ira, arrojou das mãos as tábuas e quebrou-as ao pé do monte.


Os cânticos nos cultos nos conduzem à alegria da adoração. A comunhão e as festas na igreja nos incentivam a ficar firmes no caminho, mas a maioria do povo quer mais do que isto, quer festas onde praticamente não há limites para extravasar suas alegrias e seus instintos naturais. Assim é que se multiplicam as “baladas” e os carnavais.


Não é de se admirar que, hoje em dia, ouve-se falar de blocos “evangélicos” saindo no Carnaval, já que existe um esforço histórico de dar-lhe justificativas religiosas. Ao pesquisar o verbete “Carnaval” na Wikipédia, encontramos o seguinte:


A festa carnavalesca surgiu a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida por quarenta dias de jejum, a Quaresma. Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-Feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. (...) Em contraste com a Quaresma, tempo de penitência e privação, estes dias são chamados "gordos", em especial a terça-feira (...). Todas as datas eclesiásticas são calculadas em função da data da Páscoa, com exceção do Natal. Como o Domingo de Páscoa ocorre no primeiro domingo após a primeira lua cheia que se verificar a partir do equinócio (...) do outono (no hemisfério sul), e a Sexta-Feira da Paixão é a que antecede o Domingo de Páscoa, então a Terça-Feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa.


Carnaval. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Carnaval  Acesso em 29 out. 2016.


Sobre este viés religioso do carnaval escreve Rachel Soihet, num artigo de 1998, dizendo que:


No paganismo, os homens agiam como selvagens, de acordo com suas paixões, enquanto os cristãos moviam-se segundo o espírito de Deus e a razão. Assim, o paganismo implicava no "pecado da carne", no qual incorriam, também, os que cometiam atos irracionais, loucos, não esquecendo que falta de razão, não raramente, identificava-se com alegria. A todo momento, a valorização do sofrimento, da sisudez,da privação em vez de transbordamento. Neste encaminhamento, busca Baroja a comprovação de sua tese: a alegria e os excessos do carnaval só têm sentido como catarse preparatória para justificar a entrada na quaresma [...] embora Baroja não tenha como justificar o fato de que "as abstinências e os rigores da quaresma foram sempre menos observadas que os excessos carnavalescos"[...].


SOIHET, Rachel. Reflexões sobre o carnaval na historiografia, pag. 3, Rio de Janeiro: UFF, 1998. Disponível em: http://www.academiadosamba.com.br/monografias/raquelsoihet.pdf Acesso em 09 set. 2018.


Há momentos em que, em vez de festa, paga agradar a Deus, temos que jejuar e nos entristecer. Davi era um homem que servia a Deus com alegria, mas quando se deparava com o seu pecado, buscava a Deus com jejuns, como em 2º Samuel 12.16: “Buscou Davi a Deus pela criança; jejuou Davi e, vindo, passou a noite prostrado em terra”.


Quando Esdras recebeu permissão do rei Artaxerxes, rei da Pérsia, para voltar a Jerusalém para organizar e promover a adoração no Templo do Senhor, ele jejuou para pedir o favor de Deus, conforme diz em Esdras 8.21: “Então, apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos perante o nosso Deus, para lhe pedirmos jornada feliz para nós, para nossos filhos e para tudo o que era nosso”.


O jejum pode expressar sinceridade em nos arrependermos de nossos pecados, como podemos ler em Joel 2.12: “Ainda assim, agora mesmo, diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto”.


Mas o jejum, por si mesmo, não garante a aprovação de Deus. No tempo de Isaías, ele repreendeu o povo porque estava distorcendo o verdadeiro propósito do jejum, e reclamando a Deus, conforme Isaías 58.3-6:


[...] dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta?” e Deus lhes respondeu: “Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho. [...] Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao SENHOR? Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo?


Deus não quer que vivamos tristes e sisudos o tempo todo. Pelo contrário, deu instruções ao seu povo, desde o começo, para se alegrarem perante ele, como em Deuteronômio 12.5-21:


[...] mas buscareis o lugar que o SENHOR, vosso Deus, escolher de todas as vossas tribos, para ali pôr o seu nome e sua habitação; e para lá ireis. [...] Lá, comereis perante o SENHOR, vosso Deus, e vos alegrareis em tudo o que fizerdes, vós e as vossas casas, no que vos tiver abençoado o SENHOR, vosso Deus. [...] e vos alegrareis perante o SENHOR, vosso Deus, vós, os vossos filhos, as vossas filhas, os vossos servos, as vossas servas e o levita que mora dentro das vossas cidades e que não tem porção nem herança convosco [...]. Se estiver longe de ti o lugar que o SENHOR, teu Deus, escolher para nele pôr o seu nome, então, matarás das tuas vacas e tuas ovelhas, que o SENHOR te houver dado, como te ordenei; e comerás dentro da tua cidade, segundo todo o teu desejo.


O povo de Israel, assim como grande parte da população de hoje, não se contentou com a alegria de adorar e de ter comunhão santa, na presença de Deus. Antes, procurou outros tipos de alegria, obras de sua imaginação, e de suas próprias mãos.


Conclusão


O homem da Ucrânia trocou oficialmente seu nome para ganhar um aparelho celular. Você trocaria seu nome para ganhar um prêmio assim, com o qual pudesse se alegrar? Um prêmio feito por mãos humanas? Apocalipse 13.16-18 fala de um dia assim, em que haverá a necessidade de se ter uma identidade específica para que se possa gozar até mesmo dos direitos de cidadão:


A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou sobre a fronte, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome. Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis.


Seria o caso de que a questão do “nome da besta” fosse algo parecido com a história do “iPhone7”?


Vivemos num mundo em que as fronteiras do que é ou não razoável não estão bem delimitadas. Então nos permitimos certos deslizes, raciocinando como a Tetyana, irmã do jovem Olexander Turin: “Porque não?” Talvez. Mas chegará um dia em que teremos que decidir radicalmente de que lado estamos, assim como aconteceu no dia em que Moisés flagrou os adoradores do bezerro de ouro alegrando-se com as obras de suas mãos.


Não vamos rejeitar as alegrias que Deus nos oferece para nos alegrarmos com as obras de nossas próprias mãos. Alegremo-nos com os milagres, com as palavras vivas, e com as festas de adoração que o nosso Deus nos dá.


*Figura: Touro da Wall Street. Disponível em: http://mercadofinanceiro.forumeiros.com/t86-o-urso-e-o-touro-de-wall-street Acesso em 10 set. 2018.