A última palavra do piloto do avião que caiu com o time da Chapecoense foi: “Jesus”, conforme gravação da conversa entre ele e uma controladora de tráfego aéreo do aeroporto de Medellín.
Fonte: MOURA, Marcelo. As últimas palavras do avião da Chapecoense para a torre de controle. Revista Época/esporte (online), 30/11/2016. Disponível em: http://epoca.globo.com/esporte/noticia/2016/11/ultimas-palavras-do-aviao-da-chapecoense-com-torre-de-controle.html Acesso em 04 dez. 2016.
Notícias trágicas como esta podem nos despertar para o fato de que a nossa hora um dia também vai chegar, quer seja de maneira trágica, como um acidente de avião, quer seja de maneira natural. Quando alguém se vê diante da angústia da morte, naturalmente se lembra dos filhos, dos pais, das pessoas queridas. Lembra-se de Deus, com quem espera se encontrar. Um pastor, meu amigo, costuma dizer para as pessoas que, na hora da morte, elas devem ter certeza de que a única coisa que lhes falta, a única coisa pendente, realmente, é morrer.
Neste parágrafo de Atos nós vemos que Estêvão morreu tragicamente, de forma injusta e cruel, mas ele estava bem preparado. Na hora de sua morte, pode-se dizer que ele estava seguro, pois tinha pelo menos três certezas.
A certeza de que estava olhando para o céu (54-56)
“Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu coração e rilhavam os dentes contra ele. Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus”.
Se Estêvão estivesse olhando ao seu redor, só veria pessoas enfurecidas, com pedras nas mãos, prontas para atacar. Mas ele não olhou ao redor, e sim para o céu, onde viu a glória de Deus.
Outro dia achei à venda, na internet, um tal “óculos da fé”. Ele estava em oferta, de R$ 62,00 por R$ 48,00. Estes óculos podem te ajudar a enxergar de modo mais agradável, já que têm “fator de proteção UVB/UVA 400”.
Fonte: Site Fé pra todo lado. Disponível em: http://www.fepratodolado.com/produtos/todos/listar/q=%C3%B3culos Acesso em 04 dez. 2016.
Mas, se você está querendo uma proteção extra, a Bíblia te oferece óculos muito melhores, óculos que te farão um vencedor. Leia, por exemplo, Hebreus 12.2: “olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus”.
Devemos ter um alvo, um objetivo. Quem coloca a mão no arado, não pode olhar para trás. Tem que olhar para o horizonte, seu objetivo está nesse caminho, conforme Lucas 9.62: “Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus”. Às vezes a questão não é tanto a direção para onde olhamos, mas a maneira de enxergarmos as coisas, conforme Lucas 11.34: “São os teus olhos a lâmpada do teu corpo; se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, se forem maus, o teu corpo ficará em trevas”; e Mateus 5.28: “Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela”.
Na hora da nossa morte, talvez vamos nos lembrar destas coisas, e ficaremos mais consolados, caso tenhamos a certeza de que estivemos olhando para o céu, vendo as coisas do modo como Deus quer que as vejamos, com as “lentes espirituais” da Bíblia.
Certeza de que dedicou seu espírito ao Senhor (57-59)
“Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele. E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito!”
Na época do natal, costumamos comprar presentes antecipadamente, e o guardamos para dar na data da festa. Eu, pessoalmente, tomo muito cuidado com os presentes, enquanto ainda estão em minha posse, para que não se quebre, e que nem a embalagem seja amassada.
No meio jurídico existe a figura do “fiel depositário”. Uma vez, eu e minha esposa fomos licenciar um carro que havíamos comprado, mas a documentação estava irregular e, conforme a lei, o carro tinha que ser apreendido. O delegado, porém, teve compaixão de nós e achou uma boa solução, que foi me nomear como “fiel depositário”. Eu podia utilizar o automóvel livremente, mas devia cuidar bem dele porque a qualquer momento o governo poderia pedi-lo de volta.
Nossa alma, nosso espírito, nosso coração, e até mesmo o nosso corpo não nos pertencem mais, desde o dia em que nos dedicamos ao Senhor, se é que um dia chegamos a tomar essa decisão de fé. Temos ainda, porém, a posse dessas coisas, somos “fiéis depositários” de nossa própria vida, como mordomos, cuidando do que não é nosso. Na hora de nossa morte, o Senhor vai pedir tudo de volta. Que consolo não será para nós, se, naquele momento, tivermos a certeza de que cuidamos bem do nosso espírito, encomendando-o à obediência da Palavra de Deus, e agora podemos dedica-lo com toda segurança ao autor da nossa fé para salvação!
A certeza de que perdoou os seus devedores (60)
“Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu”.
A oração modelo de Mateus 6.12 nos ensina a pedir para Deus perdoar “as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”. Romanos 12.20 repete um provérbio do velho testamento: “se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça”. Exemplificando este antigo conceito bíblico, José perdoou seus irmãos, e Davi perdoou Saul.
O perdão é uma questão muito séria. Sabemos que, quando chegar o dia do julgamento, Jesus dirá a alguns: “nunca vos conheci”, embora eles argumentem “Senhor, mas nós profetizamos e fizemos milagres em teu nome...” (Mateus 7.22,23).
Será que, naquele dia, alguns também dirão: “Senhor, mas eu aceitei Jesus no coração dia tal, do ano tal, olha aqui, está escrito na capa da minha Bíblia!”? Se essa pessoa não perdoou os seus devedores, aqueles contra quem tinha justificadas queixas, o que o Senhor diria a ela? Talvez Mateus 18.21-35 tenha a resposta:
Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos. E, passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía e que a dívida fosse paga. Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei. E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves. Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo, e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida. Vendo os seus companheiros o que se havia passado, entristeceram-se muito e foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera. Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida. Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão.
Na hora da nossa morte, tenhamos a certeza de que andamos perdoando os nossos devedores, os nossos ofensores.
Conclusão
Estêvão devia estar em grande angústia, a sua morte foi resultado de grande injustiça e crueldade. Mas ele estava milagrosamente sereno, seguro. Ele olhou para o céu, dedicou seu espírito ao Senhor, e perdoou os seus inimigos. Certamente ele não aprendeu estas coisas de uma hora para outra, mas agiu conforme o seu costume, morreu como havia vivido.
Não podemos saber o que se passava na mente dos que estavam no avião da Chapecoense, a não ser pelo testemunho dos seis sobreviventes. Um dia, porém, vai chegar a nossa hora, seja de maneira trágica, seja de maneira natural. Por que esperar a hora de nossa morte? Hoje é o dia em que podemos e devemos estar preparados, tendo pelo menos estas três certezas, de que estamos olhando para o céu, dedicando nosso espírito ao Senhor, e perdoando aqueles contra os quais temos alguma queixa. Que o Senhor nos capacite.
(*) Imagem do cabeçalho - Luis Benavides/AP. Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/11/aviao-com-equipe-da-chapecoense-sofre-acidente-na-colombia.html Acesso em 03 dez. 2018.
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