sábado, 27 de março de 2021

Comunicação e cooperação (Atos 16.6-15)

No artigo “Brasileira doutora nos EUA  diz como vacinas da covid surgiram tão  rápido”,  disponível no site da UOL[1], a Doutora Denise Golgher responde a uma das perguntas dizendo que: “[...] Durante um ano de tanto sofrimento, temos um experimento gigante, que demonstrou que trabalhando juntos,  o público e o privado, a ciência e os negócios, as agências reguladoras e organizações sem fins lucrativos, conseguem gerar resultados incríveis para o bem da humanidade”.   

    Isto se aplica também, com toda certeza, à maior obra do mundo, que é a evangelização. Ninguém pode fazer a obra de Deus sem ajuda, pois a obra é do Senhor, e nós somos seus cooperadores. Paulo costumava dizer aos Coríntios: “[...] Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós” (1ª Coríntios 3.9).

    Os crentes em Cristo, na qualidade de cooperadores, além de precisarem estar em permanente contato uns com os outros, precisam manter comunicação constante com Deus, para fazerem adequadamente a sua obra. Algumas razões podem ser apontadas, pelas quais os crentes devem manter com Deus uma comunicação constante.

Permissão do Espírito (6,7)

    “E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu”.

    Para fazermos bem a obra precisamos, em primeiro lugar, da permissão do Espírito Santo. O novo nascimento, claro, é um requisito fundamental para que sejamos habilitados, e assim como a equipe de Paulo foi impedida de pregar a palavra na Ásia, por mais que o seu coração desejasse, assim também nós não devemos avançar sem a permissão do Espírito. Muitos obstáculos que, equivocadamente, atribuímos ao inimigo, podem ter sido colocados pelo próprio Espírito Santo, que tem uma visão privilegiada e estratégica, enquanto nós temos uma visão limitada.

    Existe um hino em que cantamos: “Mais de Cristo eu quero ter, mais do seu amor obter [...]”. Um crente sincero deseja e busca cada dia mais ser cheio do Espírito de Cristo. Porém, de acordo com uma pregação que ouvi de um amado pastor, “o que importa é o quanto o Espírito tem de você, e não o quanto você tem do Espírito”. Ele é que enche as velas espirituais para guiar e impulsionar o barco de nossas vidas, quando estamos em constante comunicação. Como um veleiro, então, seguimos no caminho que nos permitem os seus bons ventos.

Orientação do Espírito Santo (8-13)

E, tendo contornado Mísia, desceram a Trôade. À noite, sobreveio a Paulo uma visão na qual um varão macedônio estava em pé e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos. Assim que teve a visão, imediatamente, procuramos partir para aquele destino, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciar o evangelho. Tendo, pois, navegado de Trôade, seguimos em direitura a Samotrácia, no dia seguinte, a Neápolis e dali, a Filipos, cidade da Macedônia, primeira do distrito e colônia. Nesta cidade, permanecemos alguns dias. No sábado, saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que para ali tinham concorrido.

    A maneira como Lucas narra o processo que os levou à decisão de evangelizar a Macedônia aponta para o fato de que o Espírito Santo não lhes falou explicitamente, mas sugeriu que essa era a melhor decisão.

    A visão de Paulo pode ter sido um sonho. Podemos também ter uma “visão”, como costumam dizer os grandes empreendedores; ou uma “iluminação” da Palavra de Deus. Mas isso é apenas a percepção humana. Somos muito suscetíveis ao erro. Deus, no entanto, sempre faz a sua vontade prevalecer.

    Tomemos como exemplo o contraste das percepções de Barnabé e Paulo. Eles se separaram, e parece que Paulo tomou o caminho mais acertado. Se Barnabé tivesse se submetido à liderança de Paulo, não teria sido substituído por Silas nessa segunda viagem missionária. Mas apesar de Barnabé ter desaparecido da narrativa de Atos, depois da divergência com Paulo, ele e Marcos, pivô de seu desentendimento, são mencionados de maneira honrosa nas cartas aos colossenses e a Timóteo, demonstrando que Deus tinha um plano também para eles:

    “Saúda-vos Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de Barnabé (sobre quem recebestes instruções; se ele for ter convosco, acolhei-o)” (Colossenses 4.10).

    “Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério” (2ª Timóteo 4.11).

    Nossa principal fonte de orientação é a Bíblia, que é inspirada por Deus, mas foi escrita por homens, cujas personalidades e estilos literários, às vezes tão diferentes como eram Paulo e Tiago, deixam suas marcas em cada obra. 2ª Timóteo 3.16 diz que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça [...]”; 2ª Pedro 1.19-21 completa as informações sobre a inspiração das escrituras dizendo:

Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração, sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.

    Um estudo preparado por Hélio de Menezes Silva[2] informa que a Bíblia tem 39 + 27 = 66 livros, e

Embora escrita por cerca de 40 (!) homens, de cerca de 19 (!) ocupações e backgrounds diferentes, em 11 (!) países, durante pelo menos 1500 (!) anos, em aproximadamente 10 gêneros literários, com muitos dos seus escritores não conhecendo nenhum outro ou somente conhecendo alguns poucos dos seus demais escritores, a Bíblia é clara e espantosamente um só (e completo) livro! Que contraste com os outros livros “sagrados”, que essencialmente são coleções de material heterogêneo, sem começo nem meio nem fim, inúmeras vezes frontalmente discordantes!

    Não obstante o reconhecimento de que as Escrituras são inspiradas, tendo como autor o próprio Deus, vemos em 2ª Pedro 3.15,16, de relance, um pouco da percepção de Pedro a respeito dos fortes traços da personalidade de Paulo contidos em seus escritos sagrados:

[...] e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles.

    Deus usa cada um segundo suas características, seus dons, sua personalidade, para a realização de sua obra. Sendo nós cooperadores na obra de Deus, nada de bom podemos fazer sem a ajuda do Espírito Santo, e por isto precisamos estar em constante comunicação com ele, que nos proporciona orientação, ainda que a luz não nos seja dada de maneira tão intensa quanto gostaríamos que fosse, mas, ainda assim, providencial como “uma candeia que brilha em lugar tenebroso”.

Convencimento do Espírito Santo (14,15)

Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia. Depois de ser batizada, ela e toda a sua casa, nos rogou, dizendo: Se julgais que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa e aí ficai. E nos constrangeu a isso.

    Autorizados e orientados pelo Espírito Santo, Paulo e sua equipe encontraram um lugar de oração, onde falou para as mulheres presentes. Entre elas estava Lídia, vendedora da púrpura, de quem o Senhor abriu o coração para atender à pregação, sendo batizada junto com toda a sua casa. Isto ilustra o que profetizou Jesus em João 16.8 sobre o Espírito Santo, dizendo: “[...] quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo”. Ele também disse em João 6.37: “todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”. Sua reação à reveladora resposta de Pedro em Mateus 16.15-17, quando confessou que Jesus é o Cristo, foi: “[...] bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus”.

    Jeremias 29.10-14 fala a Israel, nação que estava indo para o cativeiro porque não havia buscado a Deus de todo o coração, que depois de um juízo de 70 anos, a sua atitude iria mudar:

Assim diz o SENHOR: Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar. Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o SENHOR, e farei mudar a vossa sorte; congregar-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o SENHOR, e tornarei a trazer-vos ao lugar donde vos mandei para o exílio.

    Por mais que seja bem aceita e desejada por Deus a nossa intervenção na evangelização do mundo, devemos compreender que somos não mais do que um instrumento, uma voz, um incentivo, no convencimento do pecador, quando ele se arrepende e se entrega a Cristo. Por isto é tão importante que estejamos em constante comunicação com aquele que opera em nós tanto o querer quanto o realizar.

Conclusão

    Existe uma igreja que não gosta de chamar seus líderes de pastores, para que eles não se ensoberbeçam. Chamam-nos de cooperadores. Na maioria das igrejas, porém, são pastores. Ora, o pastor de ovelhas, que inspirou a nomenclatura, não era uma profissão muito nobre em Israel (como não era considerada nobre no Brasil a profissão de peão de boiadeiro, hoje exaltada nas modas de viola e nos rodeios). Alguns pastores se chamam de ministros, mas muitas pessoas ignoram que ministro, no sentido original, tem a ideia de escravo (diácono), como é bem destacado em Marcos 10.43: “[...] Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva”.

    Lídia disse aos missionários: “Se julgais que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa e aí ficai”. Ela queria ter o privilégio de poder fazer a sua parte na obra de Deus, e reconhecia que somente seria digna disso se fosse considerada fiel. Para sermos considerados fiéis, mantenhamos constante comunicação com o Senhor através da oração e da leitura da Bíblia. Precisamos ser zelosos em providenciar um tempo diário, a sós, onde possamos falar de nossas ansiedades e ouvir a voz do Pai, tanto no silêncio da oração secreta, quanto na proclamada palavra de Deus escrita.

    A vacina contra o coronavírus, que hoje temos, é um abençoado exemplo de cooperação e de constante comunicação entre os cientistas e demais autoridades envolvidas, o que nos proporciona uma proteção contra o vírus mortal. O evangelho, por sua vez, é um abençoado exemplo de cooperação entre os crentes fiéis e o Senhor dos senhores, que proporciona a vida eterna a todo o que nele crê.

    Então, na qualidade de cooperadores nesta grande e vital obra de evangelização, mantenhamos comunicação constante, tanto entre nós mesmos quanto com o Espírito Santo, do qual dependemos da Permissão, da Orientação, e do Convencimento, para que a obra seja bem-sucedida.

Artigo elaborado por: Arildo Louzano da Silveira. São José do Rio Preto, março de 2021.

(*) Foto do cabeçalho: Crédito de Giuliano Gomes/PR Press, disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2020/12/11/vacina-contra-a-covid-tira-duvidas-explica-as-principais-questoes-sobre-imunizacao-contra-o-coronavirus.ghtml Acesso em. 27 mar. 2021.

(**) Citações da Bíblia extraídas de: A Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada 2ªed. 1988, 1993. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012. 1280p.


[1] LAFETÁ, Duda. Brasileira doutora nos EUA diz como vacinas da covid surgiram tão rápido. site da UOL/tilt, 19/12/2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/12/19/como-as-vacinas-da-covid-19-mudaram-a-forma-de-fazer-ciencia-no-mundo.htm Acesso em 27 mar. 2021.

[2] SILVA. Hélio de Menezes. Bibliologia: A Doutrina da Bíblia. Site Sola Scriptura – tt, mar.2008. Disponível em: http://solascriptura-tt.org/Bibliologia-InspiracApologetCriacionis/Bibliologia-BibliaGenuinaConfiavelCanonicaInspirada-Livro-Helio.htm Acesso em 31 jan. 2018.

domingo, 7 de março de 2021

Bom Testemunho (Atos 16.1-5)

Quando a igreja dá sinais de que está crescendo, todos nós nos alegramos. O crescimento pode vir de várias maneiras. Nós oramos, traçamos estratégias e perseguimos esse objetivo. Utilizamos muitas técnicas, algumas até se assemelham ao marketing utilizado pelas empresas. Mas o que queremos, na verdade, é um crescimento sadio, porque, por mais que nos esforcemos fazendo a semeadura e o cultivo, o crescimento continua sendo um milagre operado por Deus,

Nesta passagem de Atos em que Paulo e Silas estavam iniciando a segunda viagem missionária, eles encontraram o jovem Timóteo, que tinha bom testemunho dos irmãos, e o recrutaram para acompanhá-los no ministério. A maneira cuidadosa de Paulo e sua equipe conduzirem seu ministério contribuiu certamente para o grande crescimento da Igreja.

Baseados neste exemplo podemos destacar pelo menos três cuidados que a igreja precisa ter para crescer de forma sadia.

O testemunho entre os irmãos (1,2)

“Chegou também a Derbe e a Listra. Havia ali um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia crente, mas de pai grego; dele davam bom testemunho os irmãos em Listra e Icônio”.

Um dos cuidados que a igreja precisa ter para crescer de forma sadia, é o bom testemunho entre os irmãos. O jovem Timóteo tinha conquistado isto em sua comunidade, e isto contribuiu para que Paulo o escolhesse para o acompanhar na missão. Como é que nós podemos conquistar um bom testemunho entre os irmãos? O nosso comportamento durante os cultos, por exemplo, contribui bastante. O site de uma instituição pertencente a uma grande igreja tem uma lista de dez coisas que você deve observar durante os cultos:

[1][...] 1. Chegue no horário [...]; 2. Evite conversas [...]; 3. Leve a Bíblia [...]; 4. Vista-se com decoro [...]; 5. Comporte-se: Vá ao banheiro antes de começar a reunião, evitando circular durante a pregação [...]; 6. Evite orar alto [...]; 7. Não saia antes do término da reunião [...]; 8. Não se apresse em prometer nada [...]; 9. Ofereça o seu melhor em tudo [...]; 10. Siga as normas do local [...]. As pessoas que estão lá para recebê-lo seguem toda uma orientação de maneira que a sua permanência seja agradável. Não as ignore.

Há mais algumas coisas que podemos observar em nossa convivência como família na fé? Certamente. É necessário também, é claro, que todos sejam zelosos quanto à vida de santidade, como nos manda o Senhor, e a igreja tem a obrigação de julgar, caso aconteçam desvios, como os que chegaram a acontecer na Igreja de Corinto:

Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo. Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais. Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro? Os de fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor (1ª Coríntios 5.9-13).

O testemunho na comunidade em geral (3)

“Quis Paulo que ele fosse em sua companhia e, por isso, circuncidou-o por causa dos judeus daqueles lugares; pois todos sabiam que seu pai era grego”.

Timóteo não era obrigado a ser circuncidado, pois seu pai era grego, embora sua mãe fosse judia. Mas, para evitar problemas e manter o bom testemunho, Paulo convenceu o jovem a se submeter à circuncisão. Não queriam que a exigência de seus direitos atrapalhasse o seu testemunho diante dos judeus, a quem queriam ganhar para Cristo.

Para crescer de forma sadia, é necessário que a igreja tenha um bom testemunho diante da comunidade onde vive. O missionário Hudson Taylor levou isto com muita seriedade. Segundo a Wikpédia, ele:

[2]foi um missionário Cristão Protestante Inglês na China, e fundador do China Inland Mission (CIM) (agora OMF International). Taylor viveu na China por 51 anos. A sociedade que ele iniciou foi responsável pelo envio de mais de 800 missionários ao país que começaram 125 escolas e diretamente resultou na conversão Cristã de 18,000 pessoas, também como no estabelecimento de mais de 300 estações de trabalho com mais de 500 colaboradores locais em todas as dezoito províncias.

No livro O Segredo Espiritual de Hudson Taylor está registrada uma importante experiência desse jovem missionário, que decidiu adotar alguns costumes do povo a quem pretendia evangelizar:

[3]O que ele desejava era aproximar-se do povo. Uma recente viagem de vinte e cinco dias, sozinho, quando penetrou trezentos quilômetros pelo rio Yangtsé, provou-lhe que era possível fazer mais do que se imaginava por meio do evangelismo itinerante. Das cinqüenta e oito vilas e cidades visitadas, cinqüenta e uma nunca antes tinham recebido mensageiros do Evangelho. Mas o cansaço e a tensão da viagem foram, em grande parte, devido ao fato dele usar roupa européia, os trajes mais grotescos possível aos olhos daqueles que nunca o tinham visto! [...] depois de orar muito e procurar orientação na Palavra de Deus. [...] Naquela noite ele deu o passo que teria tão grande influência sobre a evangelização do interior da China. Quando o barbeiro acabou seu trabalho, o jovem missionário tingiu de preto o cabelo que restava para combinar com a trança comprida que, a princípio, precisava usar no lugar da dele. E então, no outro dia cedo, ele vestiu como pode as roupas folgadas a que não estava acostumado, e apareceu pela primeira vez nas vestes e sapatos de cetim próprios de um “Mestre“, ou de homem da classe dos estudiosos.

Talvez nenhum de nós venha a evangelizar na China, no Nepal, ou mesmo numa das tribos indígenas do Brasil, mas há muito que podemos fazer para nos identificarmos com a comunidade na qual estamos morando, para o bem do progresso do evangelho. A Bíblia nos exorta, em 1ª Tessalonicenses 4.9-12:

No tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros; e, na verdade, estais praticando isso mesmo para com todos os irmãos em toda a Macedônia. Contudo, vos exortamos, irmãos, a progredirdes cada vez mais e a diligenciardes por viver tranquilamente, cuidar do que é vosso e trabalhar com as próprias mãos, como vos ordenamos; de modo que vos porteis com dignidade para com os de fora e de nada venhais a precisar.

O testemunho perante as autoridades (4)

“Ao passar pelas cidades, entregavam aos irmãos, para que as observassem, as decisões tomadas pelos apóstolos e presbíteros de Jerusalém. Assim, as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia, aumentavam em número”.

Paulo fazia questão de entregar aos irmãos, para que observassem, as decisões tomadas pelos líderes de Jerusalém. Isso fazia bem para a igreja e a protegia contra as heresias, neste caso, dos judaizantes.

Nós cremos que a Bíblia é a única autoridade em matéria de fé e prática, e por isso nos sentimos livres para ler e interpretar os seus preceitos. Mas existem limites para nossa liberdade, porque também cremos que existem interpretações distorcidas das escrituras e não queremos compactuar com elas. Por isso escolhemos nos submeter a certas autoridades eclesiásticas, incluindo, por exemplo, em nossos estatutos, proteções contra heresias, especialmente em um dos artigos que diz o seguinte: “No caso de se verificar uma divisão na Igreja, o patrimônio ficará pertencendo à facção que permanece fiel às doutrinas contidas na confissão de fé a que se refere ao Art. 4º dos presentes Estatutos, ainda que essa facção seja minoritária”.

Para julgar a fidelidade às doutrinas a que se refere o artigo citado, seria convocada a diretoria de um instituto bíblico designado, obrigando as facções a ficarem sujeitas à decisão final daquela diretoria.

Além disto, nos cadastramos no “Ministério Fiel” e, depois de analisar nossa doutrina, eles aceitaram nos incluir no mapa das igrejas que concordam com sua declaração de fé. Isso é um privilégio para poucas igrejas, mas também é uma grande responsabilidade, pois temos que vigiar para que não haja em nossa igreja quem pregue heresias, destoando assim da proposta de doutrina que professamos.

Há também autoridades não eclesiásticas, que devemos respeitar, para mantermos o bom testemunho. Nós devemos cumprir as exigências da Prefeitura de Rio Preto para que mantenhamos ativo o nosso alvará de funcionamento; as faixas de segurança e o sinalizador na entrada do estacionamento; os extintores e os demais equipamentos de segurança, conforme os laudos de vistoria periódicos dos bombeiros; e nesta fase de Pandemia em que vivemos, devemos respeitar e aplicar as orientações da Vigilância Sanitária. Paulo ensina a igreja a ser submissa às autoridades, conforme Romanos 13.3,4:

Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.

Às vezes as autoridades seculares são injustas, mas, mesmo assim, na medida do possível, devemos nos submeter a elas, seguindo o exemplo de Jesus em Mateus 17.24-27:

Tendo eles chegado a Cafarnaum, dirigiram-se a Pedro os que cobravam o imposto das duas dracmas e perguntaram: Não paga o vosso Mestre as duas dracmas? Sim, respondeu ele. Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo: Simão, que te parece? De quem cobram os reis da terra impostos ou tributo: dos seus filhos ou dos estranhos? Respondendo Pedro: Dos estranhos, Jesus lhe disse: Logo, estão isentos os filhos. Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o; e, abrindo-lhe a boca, acharás um estáter. Toma-o e entrega-lhes por mim e por ti.

Conclusão

Para que a igreja cresça em número não se pode descuidar da qualidade. Vimos que o texto indicado nos permitiu reconhecer pelo menos três cuidados que a igreja precisa ter para crescer de forma sadia: o testemunho entre irmãos, testemunho na comunidade em geral e o testemunho perante as autoridades. Para que tenhamos um bom testemunho, vamos amar uns aos outros, e andar com retidão e sabedoria para com as pessoas de fora, respeitando também as autoridades.

Artigo elaborado por: Arildo Louzano da Silveira. São José do Rio Preto, março de 2021.

(*) Foto do cabeçalho disponível em: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDo5TwQx3rptEabzRiKUozny0n-Yvae-FAkLdNZBifx2gqrmERkiD7otNYqSv0_blVG-l4NYGcXG4-ZPw9UwNMZUAKseDQVfbFo8BPhYdledGFExI3WNQC7Mid8FUV_-ZFOyzQTnFuzWs/s1600/image001a.jpg Acesso em 06 mar. 2021.

(**) Citações da Bíblia extraídas de: A Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada 2ªed. 1988, 1993. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012. 1280p.



[1] 10 coisas que você não pode fazer na igreja. Site da UCKG Centro de Ajuda. Disponível em: https://www.uckg.org/pt/10-coisas-que-voce-nao-pode-fazer-na-igreja/ Acesso em 28 jan. 2018

[2] Hudson Taylor. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hudson_Taylor Acesso em 28 jan. 2018.

[3] TAYLOR, Howard. O Segredo Espiritual de Hudson Taylor. Editora Mundo Cristão. São Paulo, 1976 p.30.