domingo, 7 de março de 2021

Bom Testemunho (Atos 16.1-5)

Quando a igreja dá sinais de que está crescendo, todos nós nos alegramos. O crescimento pode vir de várias maneiras. Nós oramos, traçamos estratégias e perseguimos esse objetivo. Utilizamos muitas técnicas, algumas até se assemelham ao marketing utilizado pelas empresas. Mas o que queremos, na verdade, é um crescimento sadio, porque, por mais que nos esforcemos fazendo a semeadura e o cultivo, o crescimento continua sendo um milagre operado por Deus,

Nesta passagem de Atos em que Paulo e Silas estavam iniciando a segunda viagem missionária, eles encontraram o jovem Timóteo, que tinha bom testemunho dos irmãos, e o recrutaram para acompanhá-los no ministério. A maneira cuidadosa de Paulo e sua equipe conduzirem seu ministério contribuiu certamente para o grande crescimento da Igreja.

Baseados neste exemplo podemos destacar pelo menos três cuidados que a igreja precisa ter para crescer de forma sadia.

O testemunho entre os irmãos (1,2)

“Chegou também a Derbe e a Listra. Havia ali um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia crente, mas de pai grego; dele davam bom testemunho os irmãos em Listra e Icônio”.

Um dos cuidados que a igreja precisa ter para crescer de forma sadia, é o bom testemunho entre os irmãos. O jovem Timóteo tinha conquistado isto em sua comunidade, e isto contribuiu para que Paulo o escolhesse para o acompanhar na missão. Como é que nós podemos conquistar um bom testemunho entre os irmãos? O nosso comportamento durante os cultos, por exemplo, contribui bastante. O site de uma instituição pertencente a uma grande igreja tem uma lista de dez coisas que você deve observar durante os cultos:

[1][...] 1. Chegue no horário [...]; 2. Evite conversas [...]; 3. Leve a Bíblia [...]; 4. Vista-se com decoro [...]; 5. Comporte-se: Vá ao banheiro antes de começar a reunião, evitando circular durante a pregação [...]; 6. Evite orar alto [...]; 7. Não saia antes do término da reunião [...]; 8. Não se apresse em prometer nada [...]; 9. Ofereça o seu melhor em tudo [...]; 10. Siga as normas do local [...]. As pessoas que estão lá para recebê-lo seguem toda uma orientação de maneira que a sua permanência seja agradável. Não as ignore.

Há mais algumas coisas que podemos observar em nossa convivência como família na fé? Certamente. É necessário também, é claro, que todos sejam zelosos quanto à vida de santidade, como nos manda o Senhor, e a igreja tem a obrigação de julgar, caso aconteçam desvios, como os que chegaram a acontecer na Igreja de Corinto:

Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo. Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais. Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro? Os de fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor (1ª Coríntios 5.9-13).

O testemunho na comunidade em geral (3)

“Quis Paulo que ele fosse em sua companhia e, por isso, circuncidou-o por causa dos judeus daqueles lugares; pois todos sabiam que seu pai era grego”.

Timóteo não era obrigado a ser circuncidado, pois seu pai era grego, embora sua mãe fosse judia. Mas, para evitar problemas e manter o bom testemunho, Paulo convenceu o jovem a se submeter à circuncisão. Não queriam que a exigência de seus direitos atrapalhasse o seu testemunho diante dos judeus, a quem queriam ganhar para Cristo.

Para crescer de forma sadia, é necessário que a igreja tenha um bom testemunho diante da comunidade onde vive. O missionário Hudson Taylor levou isto com muita seriedade. Segundo a Wikpédia, ele:

[2]foi um missionário Cristão Protestante Inglês na China, e fundador do China Inland Mission (CIM) (agora OMF International). Taylor viveu na China por 51 anos. A sociedade que ele iniciou foi responsável pelo envio de mais de 800 missionários ao país que começaram 125 escolas e diretamente resultou na conversão Cristã de 18,000 pessoas, também como no estabelecimento de mais de 300 estações de trabalho com mais de 500 colaboradores locais em todas as dezoito províncias.

No livro O Segredo Espiritual de Hudson Taylor está registrada uma importante experiência desse jovem missionário, que decidiu adotar alguns costumes do povo a quem pretendia evangelizar:

[3]O que ele desejava era aproximar-se do povo. Uma recente viagem de vinte e cinco dias, sozinho, quando penetrou trezentos quilômetros pelo rio Yangtsé, provou-lhe que era possível fazer mais do que se imaginava por meio do evangelismo itinerante. Das cinqüenta e oito vilas e cidades visitadas, cinqüenta e uma nunca antes tinham recebido mensageiros do Evangelho. Mas o cansaço e a tensão da viagem foram, em grande parte, devido ao fato dele usar roupa européia, os trajes mais grotescos possível aos olhos daqueles que nunca o tinham visto! [...] depois de orar muito e procurar orientação na Palavra de Deus. [...] Naquela noite ele deu o passo que teria tão grande influência sobre a evangelização do interior da China. Quando o barbeiro acabou seu trabalho, o jovem missionário tingiu de preto o cabelo que restava para combinar com a trança comprida que, a princípio, precisava usar no lugar da dele. E então, no outro dia cedo, ele vestiu como pode as roupas folgadas a que não estava acostumado, e apareceu pela primeira vez nas vestes e sapatos de cetim próprios de um “Mestre“, ou de homem da classe dos estudiosos.

Talvez nenhum de nós venha a evangelizar na China, no Nepal, ou mesmo numa das tribos indígenas do Brasil, mas há muito que podemos fazer para nos identificarmos com a comunidade na qual estamos morando, para o bem do progresso do evangelho. A Bíblia nos exorta, em 1ª Tessalonicenses 4.9-12:

No tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros; e, na verdade, estais praticando isso mesmo para com todos os irmãos em toda a Macedônia. Contudo, vos exortamos, irmãos, a progredirdes cada vez mais e a diligenciardes por viver tranquilamente, cuidar do que é vosso e trabalhar com as próprias mãos, como vos ordenamos; de modo que vos porteis com dignidade para com os de fora e de nada venhais a precisar.

O testemunho perante as autoridades (4)

“Ao passar pelas cidades, entregavam aos irmãos, para que as observassem, as decisões tomadas pelos apóstolos e presbíteros de Jerusalém. Assim, as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia, aumentavam em número”.

Paulo fazia questão de entregar aos irmãos, para que observassem, as decisões tomadas pelos líderes de Jerusalém. Isso fazia bem para a igreja e a protegia contra as heresias, neste caso, dos judaizantes.

Nós cremos que a Bíblia é a única autoridade em matéria de fé e prática, e por isso nos sentimos livres para ler e interpretar os seus preceitos. Mas existem limites para nossa liberdade, porque também cremos que existem interpretações distorcidas das escrituras e não queremos compactuar com elas. Por isso escolhemos nos submeter a certas autoridades eclesiásticas, incluindo, por exemplo, em nossos estatutos, proteções contra heresias, especialmente em um dos artigos que diz o seguinte: “No caso de se verificar uma divisão na Igreja, o patrimônio ficará pertencendo à facção que permanece fiel às doutrinas contidas na confissão de fé a que se refere ao Art. 4º dos presentes Estatutos, ainda que essa facção seja minoritária”.

Para julgar a fidelidade às doutrinas a que se refere o artigo citado, seria convocada a diretoria de um instituto bíblico designado, obrigando as facções a ficarem sujeitas à decisão final daquela diretoria.

Além disto, nos cadastramos no “Ministério Fiel” e, depois de analisar nossa doutrina, eles aceitaram nos incluir no mapa das igrejas que concordam com sua declaração de fé. Isso é um privilégio para poucas igrejas, mas também é uma grande responsabilidade, pois temos que vigiar para que não haja em nossa igreja quem pregue heresias, destoando assim da proposta de doutrina que professamos.

Há também autoridades não eclesiásticas, que devemos respeitar, para mantermos o bom testemunho. Nós devemos cumprir as exigências da Prefeitura de Rio Preto para que mantenhamos ativo o nosso alvará de funcionamento; as faixas de segurança e o sinalizador na entrada do estacionamento; os extintores e os demais equipamentos de segurança, conforme os laudos de vistoria periódicos dos bombeiros; e nesta fase de Pandemia em que vivemos, devemos respeitar e aplicar as orientações da Vigilância Sanitária. Paulo ensina a igreja a ser submissa às autoridades, conforme Romanos 13.3,4:

Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.

Às vezes as autoridades seculares são injustas, mas, mesmo assim, na medida do possível, devemos nos submeter a elas, seguindo o exemplo de Jesus em Mateus 17.24-27:

Tendo eles chegado a Cafarnaum, dirigiram-se a Pedro os que cobravam o imposto das duas dracmas e perguntaram: Não paga o vosso Mestre as duas dracmas? Sim, respondeu ele. Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo: Simão, que te parece? De quem cobram os reis da terra impostos ou tributo: dos seus filhos ou dos estranhos? Respondendo Pedro: Dos estranhos, Jesus lhe disse: Logo, estão isentos os filhos. Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o; e, abrindo-lhe a boca, acharás um estáter. Toma-o e entrega-lhes por mim e por ti.

Conclusão

Para que a igreja cresça em número não se pode descuidar da qualidade. Vimos que o texto indicado nos permitiu reconhecer pelo menos três cuidados que a igreja precisa ter para crescer de forma sadia: o testemunho entre irmãos, testemunho na comunidade em geral e o testemunho perante as autoridades. Para que tenhamos um bom testemunho, vamos amar uns aos outros, e andar com retidão e sabedoria para com as pessoas de fora, respeitando também as autoridades.

Artigo elaborado por: Arildo Louzano da Silveira. São José do Rio Preto, março de 2021.

(*) Foto do cabeçalho disponível em: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDo5TwQx3rptEabzRiKUozny0n-Yvae-FAkLdNZBifx2gqrmERkiD7otNYqSv0_blVG-l4NYGcXG4-ZPw9UwNMZUAKseDQVfbFo8BPhYdledGFExI3WNQC7Mid8FUV_-ZFOyzQTnFuzWs/s1600/image001a.jpg Acesso em 06 mar. 2021.

(**) Citações da Bíblia extraídas de: A Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada 2ªed. 1988, 1993. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012. 1280p.



[1] 10 coisas que você não pode fazer na igreja. Site da UCKG Centro de Ajuda. Disponível em: https://www.uckg.org/pt/10-coisas-que-voce-nao-pode-fazer-na-igreja/ Acesso em 28 jan. 2018

[2] Hudson Taylor. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hudson_Taylor Acesso em 28 jan. 2018.

[3] TAYLOR, Howard. O Segredo Espiritual de Hudson Taylor. Editora Mundo Cristão. São Paulo, 1976 p.30. 

Um comentário:

  1. Muito bom! Parabéns Arildo, trabalho árduo e competente! Deus te abençoe sempre!

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