No artigo “Brasileira doutora nos EUA diz como vacinas da covid surgiram tão rápido”, disponível no site da UOL[1], a Doutora Denise Golgher responde a uma das perguntas dizendo que: “[...] Durante um ano de tanto sofrimento, temos um experimento gigante, que demonstrou que trabalhando juntos, o público e o privado, a ciência e os negócios, as agências reguladoras e organizações sem fins lucrativos, conseguem gerar resultados incríveis para o bem da humanidade”.
Isto se aplica também, com toda certeza, à maior obra do mundo,
que é a evangelização. Ninguém pode fazer a obra de Deus sem ajuda, pois a obra
é do Senhor, e nós somos seus cooperadores. Paulo costumava dizer aos
Coríntios: “[...] Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício
de Deus sois vós” (1ª Coríntios 3.9).
Os crentes em Cristo,
na qualidade de cooperadores, além de precisarem estar em permanente contato
uns com os outros, precisam manter comunicação constante com Deus, para fazerem
adequadamente a sua obra. Algumas razões podem ser apontadas, pelas
quais os crentes devem manter com Deus uma comunicação constante.
Permissão do Espírito (6,7)
“E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido
impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia,
tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu”.
Para fazermos bem a obra precisamos, em primeiro lugar, da
permissão do Espírito Santo. O novo nascimento, claro, é um requisito
fundamental para que sejamos habilitados, e assim como a equipe de Paulo foi
impedida de pregar a palavra na Ásia, por mais que o seu coração desejasse,
assim também nós não devemos avançar sem a permissão do Espírito. Muitos
obstáculos que, equivocadamente, atribuímos ao inimigo, podem ter sido
colocados pelo próprio Espírito Santo, que tem uma visão privilegiada e
estratégica, enquanto nós temos uma visão limitada.
Existe um hino em que cantamos: “Mais de Cristo eu quero
ter, mais do seu amor obter [...]”. Um crente sincero deseja e busca cada dia
mais ser cheio do Espírito de Cristo. Porém, de acordo com uma pregação que
ouvi de um amado pastor, “o que importa é o quanto o Espírito tem de você, e
não o quanto você tem do Espírito”. Ele é que enche as velas espirituais para
guiar e impulsionar o barco de nossas vidas, quando estamos em constante
comunicação. Como um veleiro, então, seguimos no caminho que nos permitem os
seus bons ventos.
Orientação do Espírito Santo (8-13)
E, tendo contornado Mísia, desceram a Trôade. À noite, sobreveio a Paulo uma visão na qual um varão macedônio estava em pé e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos. Assim que teve a visão, imediatamente, procuramos partir para aquele destino, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciar o evangelho. Tendo, pois, navegado de Trôade, seguimos em direitura a Samotrácia, no dia seguinte, a Neápolis e dali, a Filipos, cidade da Macedônia, primeira do distrito e colônia. Nesta cidade, permanecemos alguns dias. No sábado, saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que para ali tinham concorrido.
A maneira como Lucas narra o processo que os levou à decisão
de evangelizar a Macedônia aponta para o fato de que o Espírito Santo não lhes
falou explicitamente, mas sugeriu que essa era a melhor decisão.
A visão de Paulo pode ter sido um sonho. Podemos também ter
uma “visão”, como costumam dizer os grandes empreendedores; ou uma “iluminação”
da Palavra de Deus. Mas isso é apenas a percepção humana. Somos muito suscetíveis
ao erro. Deus, no entanto, sempre faz a sua vontade prevalecer.
Tomemos como exemplo o contraste das percepções de Barnabé e
Paulo. Eles se separaram, e parece que Paulo tomou o caminho mais acertado. Se
Barnabé tivesse se submetido à liderança de Paulo, não teria sido substituído
por Silas nessa segunda viagem missionária. Mas apesar de Barnabé ter
desaparecido da narrativa de Atos, depois da divergência com Paulo, ele e
Marcos, pivô de seu desentendimento, são mencionados de maneira honrosa nas
cartas aos colossenses e a Timóteo, demonstrando que Deus tinha um plano também
para eles:
“Saúda-vos Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de
Barnabé (sobre quem recebestes instruções; se ele for ter convosco, acolhei-o)”
(Colossenses 4.10).
“Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o,
pois me é útil para o ministério” (2ª Timóteo 4.11).
Nossa principal fonte de orientação é a Bíblia, que é
inspirada por Deus, mas foi escrita por homens, cujas personalidades e estilos
literários, às vezes tão diferentes como eram Paulo e Tiago, deixam suas marcas
em cada obra. 2ª Timóteo 3.16 diz que “toda a Escritura é inspirada por Deus e
útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça
[...]”; 2ª Pedro 1.19-21 completa as informações sobre a inspiração das
escrituras dizendo:
Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração, sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.
Um estudo preparado por Hélio de Menezes Silva[2]
informa que a Bíblia tem 39 + 27 = 66 livros, e
Embora escrita por cerca de 40 (!) homens, de cerca de 19 (!) ocupações e backgrounds diferentes, em 11 (!) países, durante pelo menos 1500 (!) anos, em aproximadamente 10 gêneros literários, com muitos dos seus escritores não conhecendo nenhum outro ou somente conhecendo alguns poucos dos seus demais escritores, a Bíblia é clara e espantosamente um só (e completo) livro! Que contraste com os outros livros “sagrados”, que essencialmente são coleções de material heterogêneo, sem começo nem meio nem fim, inúmeras vezes frontalmente discordantes!
Não obstante o reconhecimento de que as Escrituras são
inspiradas, tendo como autor o próprio Deus, vemos em 2ª Pedro 3.15,16, de
relance, um pouco da percepção de Pedro a respeito dos fortes traços da
personalidade de Paulo contidos em seus escritos sagrados:
[...] e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles.
Deus usa cada um segundo suas características, seus dons,
sua personalidade, para a realização de sua obra. Sendo nós cooperadores na
obra de Deus, nada de bom podemos fazer sem a ajuda do Espírito Santo, e por
isto precisamos estar em constante comunicação com ele, que nos proporciona
orientação, ainda que a luz não nos seja dada de maneira tão intensa quanto
gostaríamos que fosse, mas, ainda assim, providencial como “uma candeia que
brilha em lugar tenebroso”.
Convencimento do Espírito Santo (14,15)
Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia. Depois de ser batizada, ela e toda a sua casa, nos rogou, dizendo: Se julgais que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa e aí ficai. E nos constrangeu a isso.
Autorizados e orientados pelo Espírito Santo, Paulo e sua
equipe encontraram um lugar de oração, onde falou para as mulheres presentes.
Entre elas estava Lídia, vendedora da púrpura, de quem o Senhor abriu o coração
para atender à pregação, sendo batizada junto com toda a sua casa. Isto ilustra
o que profetizou Jesus em João 16.8
sobre o Espírito Santo, dizendo: “[...] quando ele vier, convencerá o
mundo do pecado, da justiça e do juízo”. Ele também disse em João 6.37: “todo aquele que o Pai me
dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”. Sua
reação à reveladora resposta de Pedro em Mateus 16.15-17, quando confessou que Jesus é o Cristo, foi: “[...]
bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to
revelaram, mas meu Pai, que está nos céus”.
Jeremias 29.10-14 fala a Israel, nação que estava indo para
o cativeiro porque não havia buscado a Deus de todo o coração, que depois de um
juízo de 70 anos, a sua atitude iria mudar:
Assim diz o SENHOR: Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar. Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o SENHOR, e farei mudar a vossa sorte; congregar-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o SENHOR, e tornarei a trazer-vos ao lugar donde vos mandei para o exílio.
Por
mais que seja bem aceita e desejada por Deus a nossa intervenção na
evangelização do mundo, devemos compreender que somos não mais do que um
instrumento, uma voz, um incentivo, no convencimento do pecador, quando ele se
arrepende e se entrega a Cristo. Por isto é tão importante que estejamos em constante
comunicação com aquele que opera em nós tanto o querer quanto o realizar.
Conclusão
Existe uma igreja que não gosta de chamar seus líderes de
pastores, para que eles não se ensoberbeçam. Chamam-nos de cooperadores. Na
maioria das igrejas, porém, são pastores. Ora, o pastor de ovelhas, que
inspirou a nomenclatura, não era uma profissão muito nobre em Israel (como não era
considerada nobre no Brasil a profissão de peão de boiadeiro, hoje exaltada nas
modas de viola e nos rodeios). Alguns pastores se chamam de ministros, mas muitas
pessoas ignoram que ministro, no sentido original, tem a ideia de escravo
(diácono), como é bem destacado em Marcos 10.43: “[...] Mas entre vós não é assim;
pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos
sirva”.
Lídia disse aos missionários: “Se
julgais que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa e aí ficai”. Ela
queria ter o privilégio de poder fazer a sua parte na obra de Deus, e
reconhecia que somente seria digna disso se fosse considerada fiel. Para sermos
considerados fiéis, mantenhamos constante comunicação com o Senhor através da
oração e da leitura da Bíblia. Precisamos ser zelosos em providenciar um tempo
diário, a sós, onde possamos falar de nossas ansiedades e ouvir a voz do Pai,
tanto no silêncio da oração secreta, quanto na proclamada palavra de Deus
escrita.
A vacina contra o coronavírus, que hoje temos, é um
abençoado exemplo de cooperação e de constante comunicação entre os cientistas
e demais autoridades envolvidas, o que nos proporciona uma proteção contra o
vírus mortal. O evangelho, por sua vez, é um abençoado exemplo de cooperação
entre os crentes fiéis e o Senhor dos senhores, que proporciona a vida eterna a
todo o que nele crê.
Então, na qualidade de cooperadores nesta grande e vital
obra de evangelização, mantenhamos comunicação constante, tanto entre nós
mesmos quanto com o Espírito Santo, do qual dependemos da Permissão, da Orientação, e do Convencimento,
para que a obra seja bem-sucedida.
Artigo elaborado por: Arildo Louzano da Silveira. São José
do Rio Preto, março de 2021.
(*) Foto do cabeçalho: Crédito de Giuliano Gomes/PR Press,
disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2020/12/11/vacina-contra-a-covid-tira-duvidas-explica-as-principais-questoes-sobre-imunizacao-contra-o-coronavirus.ghtml
Acesso em. 27 mar. 2021.
(**) Citações da Bíblia extraídas de: A Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada 2ªed. 1988, 1993. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012. 1280p.
[1] LAFETÁ,
Duda. Brasileira doutora nos EUA diz como vacinas da covid surgiram tão
rápido. site da UOL/tilt, 19/12/2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/12/19/como-as-vacinas-da-covid-19-mudaram-a-forma-de-fazer-ciencia-no-mundo.htm
Acesso em 27 mar. 2021.
[2] SILVA. Hélio de Menezes. Bibliologia: A Doutrina da Bíblia. Site Sola Scriptura – tt, mar.2008. Disponível em: http://solascriptura-tt.org/Bibliologia-InspiracApologetCriacionis/Bibliologia-BibliaGenuinaConfiavelCanonicaInspirada-Livro-Helio.htm Acesso em 31 jan. 2018.
Parabéns!!! Deus continue te abençoando!!
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