quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A oração de Jesus


(Leia Mc 14.32-42)

Estava tudo escuro. Não só porque era noite, mas porque trevas espirituais caíram sobre a humanidade. Seu alvo, o Filho de Deus, o Salvador. Naquela noite aconteceu o que parecia impossível: Jesus ficou deprimido, tomado de pavor e de angústia, profundamente triste, até à morte. Mas ele sabia que a oração era o melhor remédio. Observando a depressão e a reação do Mestre, aprendemos pelo menos sete lições a respeito da oração.

1) PRECISAMOS DE UM LUGAR PARA ORAR (32)

“Então, foram a um lugar chamado Getsêmani; (...)”

Precisamos de sossego e concentração para falar com Deus. Às vezes não é possível termos acesso a um jardim isolado, ou mesmo a um quarto exclusivo em casa. Mas, com criatividade, podemos sempre achar um jeito. Há pessoas, por exemplo, que oram enquanto caminham pelas ruas do bairro. Certa vez ouvi a história de uma mulher que era tão pobre que sua casa tinha somente um cômodo, no qual vivia com sua família. Quando conseguia fazer uma pausa em suas atividades domésticas, sentava-se numa cadeira, colocava o avental sobre a cabeça, cobrindo o rosto, e assim orava em silêncio, no seu “cantinho de oração”.

2) PRECISAMOS COMPARTILHAR, PEDIR ORAÇÃO (32-34)

“ (...) ali chegados, disse Jesus a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou orar. E, levando consigo a Pedro, Tiago e João, começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia. E lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai”

É costume, em nossa Igreja, termos um tempo do culto dedicado a compartilhamentos, também chamado “tempo de testemunhos”. Neste período do culto abre-se a palavra para quem quiser pedir oração, falar resumidamente sobre o que Deus tem feito em sua vida, ou sobre algum trecho das escrituras que lhe chamou a atenção. Estes compartilhamentos são muito proveitosos para nos conhecermos melhor, e assim podermos orar uns pelos outros com mais sabedoria.

3) PRECISAMOS PEDIR COM CORAGEM O QUE ESTÁ EM NOSSO CORAÇÃO (35,36)

“E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice;(...)”

Jesus devia saber que sua oração não podia ser respondida. Como o Pai poderia livrá-lo desse “cálice” e deixar perecer toda a humanidade no inferno? Mas, mesmo assim, Jesus pediu. Falou o que estava no seu coração. Seu desejo era livrar-se daquela hora. Tiago, em certa altura de sua carta, critica os seus interlocutores: “Nada tendes, porque não pedis” (Tg 4.2). Às vezes nós nos enquadramos neste comportamento, e achamos que Deus nunca nos concederia o que está em nosso coração, e por isto deixamos de pedir. Devemos nos lembrar de quem é o nosso Deus: Onisciente, Onipresente, Onipotente.

4) PRECISAMOS CONFIAR NA VONTADE DE DEUS (36)

“(...) contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres.”

A vontade de Deus é “boa, agradável e perfeita” (Rm 12.2), e ainda que não possamos compreender, “todas as coisas cooperam para o bem” daqueles que o amam, e que são “chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). É melhor, então, deixarmos que ele faça por nós a melhor escolha. Gosto de pensar que Deus sempre responde as nossas orações. Às vezes responde “sim”; às vezes responde “não”; às vezes, responde “espere”.

5) UMA HORA DE ORAÇÃO É RAZOÁVEL (37)

“Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, tu dormes? Não pudeste vigiar nem uma hora?”

A repreensão de Jesus a Pedro nos dá uma dica. Uma hora é um tempo razoável de oração. Com isto não quero insinuar que devemos separar diariamente 60 minutos para o tempo de devoção. Jesus nem tinha relógio. A palavra grega traduzida para hora, neste texto, é “hora” (!?), a mesma “hora” da qual Jesus queria ser poupado (v. 35), a mesma “hora” que chegou para o “Filho do Homem” (v. 41). Podemos definir “uma hora” como uma subdivisão do dia, um tempo razoável que devemos dedicar à oração, proporcional ao nosso tempo de atividade diária. Sejamos generosos, e não mesquinhos, quanto ao tempo que dedicamos a Deus em oração. Afinal, nós somos os maiores interessados.

6) ORAÇÃO DISCIPLINA A CARNE (38)

“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.”

Eis um motivo que, mesmo sozinho, é um poderoso argumento para não descuidarmos do tempo de oração: “a carne é fraca”. Com oração já é difícil. Imagina nos aventurarmos a vencer as tentações sem o recurso da oração. É loucura! Não sejamos insensatos, não brinquemos com as tentações, pois a Bíblia nos adverte: “horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.31).

7) A ORAÇÃO NOS TORNA DECIDIDOS (39-42)

“Retirando-se de novo, orou repetindo as mesmas palavras. Voltando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam pesados; e não sabiam o que lhe responder. E veio pela terceira vez e disse-lhes: Ainda dormis e repousais! Basta! Chegou a hora; o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima.”

A depressão passou. O remédio fez efeito. Jesus já não estava mais angustiado. Você já teve esta sensação? Já aconteceu de você cair de joelhos em prantos, derramando suas súplicas diante do trono de Deus, e levantar-se, no final, com o sentimento de que suas orações foram respondidas? Isto é normal! É assim que funciona. A oração é um exercício que nos reconduz à sobriedade. Não é um monólogo, mas um diálogo, às vezes até sem palavras. Ana, mãe de Samuel, experimentou o poder da oração e fé. Quando teve certeza de que sua oração foi respondida, seguiu o seu caminho, “e o seu semblante já não era triste” (1 Sm 1.18). Quando Josué, derrotado, buscou a Deus, obteve uma vigorosa resposta: “Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o rosto?” Era hora de agir.

Que o Senhor nos ajude. Não sabemos orar como convém. Oremos, pois, para aprender.

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