segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

A ciência do Salvador


(Leia Mc 14.12-31)


TODOS NO SERVIÇO DO MESTRE (um momento agridoce) (12-17)

Uma sensação de felicidade pairava no ar, parecia que tudo estava nos seus eixos. Havia um mestre e seus discípulos, os quais estavam alegres em servi-lo com o que é melhor: uma ceia farta, um cenáculo espaçoso, mobiliado e pronto. Se Jesus pensasse como um de nós, talvez tivesse reparado na sua atual prosperidade. Na sua infância, diferentemente, passara momentos difíceis. Quando estava para nascer, seus pais procuraram para si um lugar numa hospedaria, mas só conseguiram um vaga numa manjedoura (Lucas 2:7).

Jesus, porém, não pensa como um de nós. Ele saboreava aquele doce momento, sim. Desejou ansiosamente comer com os seus discípulos aquela páscoa (Lucas 22:15), mas estava ciente de que, neste ano, diferente dos outros, o verdadeiro cordeiro pascal é que seria imolado (1 Coríntios 5.7).

Para que nós não nos enganássemos com uma falsa sensação de segurança, ele nos deixou conhecer três verdades a respeito da nossa situação como discípulos.

Primeira verdade: Há um traidor entre nós (18-21)

Jesus dá aos discípulos uma notícia bombástica, que abala a paz. Em João 13.10, Jesus declarou: “Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos". Em João 13.21, "angustiou-se Jesus em espírito e afirmou: Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá". Esta notícia deixou todos preocupados. Não era possível. Como uma coisa destas podia acontecer? Um elemento estranho surge para contaminar o ambiente, como uma infecção, como um câncer que é revelado num exame médico. Mas Jesus não foi pego de surpresa, ele sabia desde o princípio, e já estava escrito o seu destino, conforme Salmos 22.1,7,14,15,18: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de minha salvação as palavras de meu bramido? (...) Todos os que me vêem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça(…). Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim. Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega ao céu da boca; assim, me deitas no pó da morte. (...) Repartem entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica deitam sortes", e conforme Isaías 53.7,8: "Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido".

A profecia se cumpriria, conforme estava escrita, e o destino dos traidores também já estava traçado. Em João 17.12, Judas Iscariotes é citado com o título de "filho da perdição", o mesmo título do anticristo, citado em 2Tessalonicenses 2.3. Jesus advertiu também, com severidade semelhante, aqueles que fazem tropeçar outros, que estão buscando o caminho do Senhor, em Marcos 9.42: “E quem fizer tropeçar a um destes pequeninos crentes, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse lançado no mar”.

Existe ainda um traidor na igreja, no lar, e em todos os ajuntamentos humanos. A estrela da manhã, o filho da alva (Is 14.12), ainda anda em derredor, como um leão que ruge (1Pedro 5.8), procurando alguém para devorar.

Segunda verdade: Jesus pagou pelos crentes o preço de uma nova aliança (22-26)

Um antídoto, um antibiótico capaz de curar a doença do pecado, é apresentado pelo Mestre. É a Nova Aliança no sangue do Cordeiro. A paz que foi perturbada, será restaurada por ocasião da vinda do reino de Deus. Esta era a esperança dos discípulos, é ali que seus corações deviam descansar. Agora, porém, era necessário aplicar o amargo remédio, o único capaz de salvar os que nele creem. Embora a eficácia da solução de Deus tenha poder para salvar toda a humanidade, ela não terá efeito para todos, (ainda que para muitos) porque, como se diz em Hebreus 4.2, a palavra só se aproveita quando é acompanhada pela fé naqueles que a ouvem.

Ao anunciar o estabelecimento da Nova Aliança, Jesus instituiu uma cerimônia para que nunca nos esquecêssemos do meio pelo qual ela foi selada: o pão passou a representar o seu corpo, e o vinho, o seu sangue. Quando celebramos a Ceia, em obediência à sua ordem, esta simbologia nos remete ao sacrifício necessário para que fôssemos resgatados, nos enchendo de vergonha pelo mal que causamos, e ao mesmo tempo, de gratidão pelo amor eterno de nosso Salvador. Ele nos lembra, ainda, de que em breve estaremos com ele à mesa, no Reino de Deus, para nos encher de alegria nesta bendita esperança.

Terceira verdade: todos se escandalizarão (27-31)

Já estava escrito que as ovelhas ficariam dispersas, porque o Pastor seria ferido. Temos que ser realistas. Nós ainda não estamos prontos. Ao nascermos de novo, pela fé em Jesus, inciamos uma longa peregrinação espiritual, que só se findará quando o Senhor nos chamar para a glória. Não podemos nos sentir seguros enquanto não adentrarmos os portões celestiais. O Inimigo anda em derredor, e todo cuidado é pouco, para não cairmos nas suas tentações. Nossa única segurança é a promessa de Deus, que seremos salvos no final, e a perseverança é a nossa responsabilidade. O mundo parece totalmente perdido, e até mesmo nós, os crentes, estamos demasiadamente envolvidos na corrupção desta geração. Mas enquanto o Senhor nos dá fôlego, levantemos e prossigamos, como nos exorta Oséias 6.3: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” O mundo segue seu curso, como admite Apocalipse 22.11: “Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se.”

O Senhor “conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó” (Salmos 103.14), e nos esclarece, de antemão, que está disposto a tolerar as nossas fraquezas. Sejamos confiantes, então, sabendo que o Todo Poderoso nos sustenta, e por isto mesmo, não sejamos insensatos, e não baixemos a guarda contra o inimigo.

Conhecendo estas três verdades, de que há um traidor entre nós, que Jesus pagou o preço da Nova Aliança, e que somos vulneráveis aos escândalos, podemos avançar pela vida com a prudência e a confiança de quem entende os perigos e os obstáculos, mas se ampara no poder do bondoso Salvador.

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