quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
O que fazer com Jesus?
(Leia Mc 15.1-15)
Pilatos acordara cedo para mais um dia de expediente, talvez achando que seria mais um dia normal. Mas quando chegam os judeus com o preso Jesus, percebe que estava com uma situação muito “delicada” para resolver. O que faria com Jesus? Neste texto podemos notar pelo menos três fases de seu relacionamento com a causa de Jesus, o escolhido de Deus.
1ª fase: ADMIRAÇÃO (1-5)
“Logo pela manhã, entraram em conselho os principais sacerdotes com os anciãos, os escribas e todo o Sinédrio; e, amarrando a Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos. Pilatos o interrogou: És tu o rei dos judeus? Respondeu Jesus: Tu o dizes. Então, os principais sacerdotes o acusavam de muitas coisas. Tornou Pilatos a interrogá-lo: Nada respondes? Vê quantas acusações te fazem! Jesus, porém, não respondeu palavra, a ponto de Pilatos muito se admirar.”
Pilatos nunca tinha interrogado um preso como aquele. Normalmente os acusados se defendiam, negavam as acusações e apresentavam suas versões, mas Jesus nada respondia. Se ele se considerava rei dos judeus, conforme afirmavam, então porque era tão humilde? Certamente não era um preso qualquer. Alguma coisa havia de diferente e admirável naquele homem que tinha diante de si.
Assim como foi admirado por Pilatos, Jesus é admirado no mundo inteiro, mesmo pelos que não creem que ele seja o Filho de Deus.
Gandhi, por exemplo, “se referia a Jesus e à sua mensagem com respeito e mesmo devoção (…)”; afirmou também que “o evangelho que Jesus pregava é mais sutil e aromático do que o da rosa (citação de Ghandi - Gandhi, 1996, I.3, p. 123);” Gandhi “concordava profundamente” com a passagem do Evangelho de Jesus Cristo de que “nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus”, pois as obras “sem a fé e sem a prece, são como flores artificiais e sem perfume” (Gandhi, 1991, I.19, p.45) (…)”; Chegou à conclusão de que “talvez o mais nítido de todos os testemunhos em favor da resposta afirmativa à questão que temos pela frente sejam as vidas dos maiores mestres do mundo: Jesus, Maomé, Buda, (…) estes homens exerceram uma influência imensa sobre o caráter de milhares de homens; pode-se dizer que moldaram-no. O mundo é mais rico porque eles viveram entre nós (Gandhi, 1996, I.2, p. 58)”; Acrescentou ainda que “porque a vida de Jesus tem a significância e a transcendência à qual aludi, acredito que ele pertença não só ao cristianismo mas ao mundo inteiro, a todas as raças e povos, pouco importando sob que bandeira, denominação (Gandhi, 1996, I.2, pp. 74.75-76) (...);” (1).
Muita gente encontra-se nesta fase de relacionamento com Jesus: Admiração, pois Jesus é mesmo uma personagem histórica singular.
2ª fase: TOLERÂNCIA (6-11)
“Ora, por ocasião da festa, era costume soltar ao povo um dos presos, qualquer que eles pedissem. Havia um, chamado Barrabás, preso com amotinadores, os quais em um tumulto haviam cometido homicídio. Vindo a multidão, começou a pedir que lhes fizesse como de costume. E Pilatos lhes respondeu, dizendo: Quereis que eu vos solte o rei dos judeus? Pois ele bem percebia que por inveja os principais sacerdotes lho haviam entregado. Mas estes incitaram a multidão no sentido de que lhes soltasse, de preferência, Barrabás.”
Nesta fase, Pilatos vê Jesus como uma vítima, e quer evitar que sejam feitas injustiças. Posiciona-se com uma atitude condescendente de quem, tendo algum poder em suas mãos, procura ajudar outro, mesmo não concordando plenamente com suas ideias, sabendo que não faria mal a ninguém.
Muita gente “importante” assume esta atitude “condescendente” para com Jesus. Não é totalmente a favor, mas também não é contra. Incentiva quem quer seguir Jesus, embora não esteja disposta, ela mesma, a andar por este caminho.
Numa sessão de psicoterapia, por exemplo, o terapeuta pode ouvir com atenção o testemunho de um crente, mas em nome da ética profissional, deve manter-se a certa distância emocional. Num artigo sobre o assunto, chamado “Religião e Psicologia”, lemos o seguinte:
“Desta forma, em concordância com a opinião expressa em um dos artigos encontrados sobre a influência da religiosidade na Psicologia Clínica (CAMBUY et alii 2006), pensa-se que os profissionais devem possibilitar a emergência da religiosidade/espiritualidade de seus clientes no setting terapêutico, considerando a temática como parte de sua realidade e, por meio do discurso religioso (mas sem ater-se a ele), ajudá-los a chegar ao cerne da questão. Isto pode ser considerado como uma forma de se utilizar a religiosidade a serviço da psicoterapia, partindo da ideia de que ambas são potencialmente capazes de promover saúde e bem estar, desde que sabiamente utilizadas, e sem sobreposição de saberes” (2)
Muita gente, por conta de sua posição profissional ou social, ou até mesmo pessoal, encontra-se nesta fase de relacionamento com Jesus: a tolerância.
3ª fase: DECISÃO – ENGAJAMENTO OU ABANDONO (12-15)
“Mas Pilatos lhes perguntou: Que farei, então, deste a quem chamais o rei dos judeus? Eles, porém, clamavam: Crucifica-o! Mas Pilatos lhes disse: Que mal fez ele? E eles gritavam cada vez mais: Crucifica-o! Então, Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás; e, após mandar açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado.”
A situação de Pilatos foi se complicando, por mais que ele quisesse se esquivar. Chegou o momento em que ele tinha que decidir: Ou fazia o que era certo, o que seria equivalente a engajar-se à causa de Jesus, designado o escolhido de Deus para reinar sobre a humanidade, ou continuava a seguir o seu caminho, virando as costas para a oportunidade que se apresentava. Oportunidade, por sinal, que tinha um peso eterno.
Um método muito usado para evangelização é chamado “o abismo ligado”. Nele, nós explicamos resumidamente a história da redenção. Normalmente as pessoas ouvem de bom grado toda a explanação, e só começam a ficar incomodados a partir do momento em que esclarecemos a necessidade de atravessar a ponte, como um ato de fé, para receber a salvação.
A fase da decisão é mesmo muito estressante. Um artigo a respeito de administração educacional observa que uma “grande razão para muitas decisões mal concebidas e implementadas está relacionada com as consequências motivacionais dos conflitos – em particular, as tentativas para superar o estresse gerado por escolhas extremamente difíceis sobre decisões vitais. Assim, as pessoas ignoram a informação sobre riscos e vão em frente (aderência não conflituosa). Outras simplesmente aceitam o curso de ação mais popular (mudança não conflituosa) e outros ainda procrastinam e evitam a ação (evitação defensiva). No outro extremo, alguns tomadores de decisão entram em pânico e tornam-se hipervigilantes enquanto buscam freneticamente uma solução”. (3)
Como tem sido nosso comportamento diante de Deus a respeito de decisões importantes? Uma decisão que não podemos adiar, é sobre o que vamos fazer a respeito da salvação que Jesus nos oferece. Se você ainda não “atravessou a ponte”, faça isto agora mesmo. Depois, andemos pelo caminho com Cristo, submetendo toda decisão importante à orientação de nosso Senhor.
Pilatos finalmente decidiu, mas decidiu errado. O maior peso na sua ponderação foi colocado sobre as coisas imediatas, com prejuízo das coisas eternas. Se ele tivesse decidido soltar Jesus, poderia perder sua posição, seu prestígio, talvez até a própria vida. Mas tudo o que viermos a sofrer por amor de Cristo, por mais doloroso que seja, a Bíblia chama de “leve e momentânea tribulação”, enquanto o resultado de atos de fé são chamados de “eterno peso de glória” (2Co 4.17).
Em que fase está o seu relacionamento com Jesus? ADMIRAÇÃO, TOLERÂNCIA, ou DECISÃO?
Não dá para ficarmos adiando certas decisões importantes. Não dá para ficarmos somente nas fases de admiração e tolerância. Cedo ou tarde precisamos decidir: Engajamento na causa de Cristo ou abandono, pois Jesus deixou claro: “Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Mateus 12.30). Pilatos tomou sua decisão. E você? O que vai fazer com Jesus?
Citações:
(1) (Gláucia Siqueira Marcondes; Humberto Araújo Quaglio de Souza; Josélia Henriques Pio Gouvêa; Matheus Landau de Carvalho - Mahatma Gandhi e seu diálogo inter-religioso com o cristianismo na busca pela Verdade - Disponível em: http://www.ufjf.br/sacrilegens/files/2013/03/9-2-9.pdf – Acesso em: 06/01/2016)
(GANDHI, Mahatma A roca e o calmo pensar. São Paulo: Palas Athena, 1991.
_________. Gandhi e o Cristianismo. São Paulo: Paulus, 1996.)
(2) (Religião e Psicologia: análise das interfaces temáticas - Martha Caroline Henning - Carmen L. O. O. Moré - Disponível em: http://www.pucsp.br/rever/rv4_2009/t_henning.pdf Acesso em: 06/01/2015).
(CAMBUY, A.; AMATUZZI, M.M.; ANTUNES, A. 2006 “Psicologia clínica e Experiência Religiosa”. Revista de Estudos da Religião, São Paulo, Nº 3: 77-93.)
(3) (Wayne K. Hoy, Cecil G. Miskel, C. John Tarter. Administração Educacional: Teoria, Pesquisa e Prática. 9ª edição. Tradução Henrique de Oliveira Guerra. Pag. 315. AMGH. Porto Alegre. 2015. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=WIYTBwAAQBAJ&pg=PA315&lpg=PA315&dq=estresse+da+decis%C3%A3o&source=bl&ots=XAmqqzA1ss&sig=yI2UwyVe8pvrBm23JcY7Ds1u2yw&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwib26fg2Z3KAhWEjJAKHfyKBdgQ6AEIPDAG#v=onepage&q=estresse%20da%20decis%C3%A3o&f=false – Acesso em: 09/01/2016).
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