quinta-feira, 17 de março de 2016
Ao lado de Jesus
(Leia Mc 15.33-41)
Jesus não desceu da cruz, mas Deus, o Pai, resolveu intervir. As trevas que dominaram a terra eram como um luto pelo que estavam fazendo com o seu Filho. O clamor de Jesus era desesperador, pois era o clamor do Filho, eterno, desamparado pelo Pai, eterno. O pecado de toda a humanidade estava sendo castigado em Jesus. O véu do santuário rasgou-se, colocando à mostra o santo dos santos. Era como se Deus estivesse rasgando as suas vestes diante do terror, da angústia, da calamidade que tinha diante de si.
Mas a intervenção de Deus também tinha o propósito de mostrar que a morte de Jesus não tinha sido a morte de um homem qualquer. Nos outros evangelhos vemos que também houve um terremoto, e que sepulcros de santos se abriram, e alguns ressuscitados saíram, depois da ressurreição de Jesus, e apareceram a muitos. Era como se Deus estivesse dando mais uma chance àquele povo incrédulo para acreditar no Filho de Deus, por meio destes sinais.
Chegaram a pensar que tudo aquilo era um teste para ver se Jesus era mesmo o filho de Deus, mas, se era um teste para ele, era também um teste para revelar o que estava no coração das pessoas. Os que testemunhavam a morte do Senhor Jesus reagiram, cada um à sua maneira, diante da evidência de que Jesus não era um homem qualquer. Podemos identificar neste texto três maneiras pelas quais as pessoas reagiram aos acontecimentos que envolviam a morte de Jesus:
1. Reagindo como alguém que quer testar a Deus (33-36)
“Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra até a hora nona. À hora nona, clamou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Vede, chama por Elias! E um deles correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a na ponta de um caniço, deu-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias vem tirá-lo!”
Alguns observavam atentamente, para ver no que ia dar o caso. Não entenderam direito o clamor de Jesus, e acharam que ele estava chamando o profeta Elias para vir ajudá-lo.
Podemos aplicar esta situação ao nosso contexto. Muitas pessoas vão à Igreja para fazer um teste, para dar uma chance para Deus. Querem ver se suas vidas vão mesmo melhorar se o servirem. Alguns dão um longo prazo, outros não têm muita paciência. Querem ver logo os milagres.
Jesus não iria mostrar nenhum milagre naquela cruz, os observadores que isto queriam, estavam perdendo o seu tempo. Jesus estava ocupado com a salvação da humanidade, não estava ali para satisfazer a curiosidade do povo.
Cientistas, naturalmente, fazem experiências. Há coisas, porém, que não podem ser submetidas a experiências. Testam-se medicamentos em cobaias (animais), primeiro, e só depois que têm segurança vão testá-los em seres humanos. Com as coisas eternas, sobretudo, não há possibilidade de experiências. A Teologia é uma ciência que admite a fé, porque nem tudo ela pode testar e explicar com os métodos científicos. Entretanto, Deus nos ensina a maneira certa de fazer experiência teológica em Salmos 34.8, dizendo: “Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia”. Outra experiência é sugerida em Zc 3.10: “Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida”.
2. Reagindo como alguém que reconhece o seu erro, mas tarde demais (37-39)
“Mas Jesus, dando um grande brado, expirou. E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. O centurião que estava em frente dele, vendo que assim expirara, disse: Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.”
Alguns se tornaram como Judas, que reconheceu o seu grande erro, mas era tarde para arrependimento. O centurião, por exemplo, já havia feito tudo o que não se devia fazer com o Filho de Deus. Multidões, infelizmente, apesar de tantos avisos e evidências, só reconhecerão quem é Jesus depois que já estiverem irremediavelmente condenados.
A Bíblia fala que Israel um dia reconhecerá seu erro, e aparentemente lhe será dada uma oportunidade de arrependimento: “E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o espírito da graça e de súplicas; olharão para aquele a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito” (Zacarias 12:10).
Pode ser cedo, ou pode ser tarde, mas todo joelho se dobrará um dia diante de Jesus, conforme diz Isaías 45.23 “Por mim mesmo tenho jurado; da minha boca saiu o que é justo, e a minha palavra não tornará atrás. Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua.” Esta profecia foi aplicada por Paulo em Romanos 14.10,11 “Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus”.
Esta situação aplica-se também a muitos que não tiveram os devidos cuidados na criação de seus filhos, na relação conjugal, no cuidado da saúde, e agora colhem amargos frutos. Se não nos submetermos a Jesus agora, como Salvador, vamos ter que nos submeter a ele na ressurreição, como Juiz.
3. Reagindo como alguém que serve o Senhor, independente das circunstâncias (40-41)
“Estavam também ali algumas mulheres, observando de longe; entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé; as quais, quando Jesus estava na Galileia, o acompanhavam e serviam; e, além destas, muitas outras que haviam subido com ele para Jerusalém.”
As mulheres estavam o tempo todo com Jesus, mesmo observando de longe. Eram fracas, nada podiam fazer. As mulheres não tinham voto, não tinham força física, suas opiniões eram desprezadas. Observavam impotentes, submissas e entristecidas, os homens se enganando, se matando, bêbados e cegos caminhando rumo ao abismo. A mulher de Pilatos bem que tentou avisá-lo, mas ele tinha seu próprio código de honra. Quem sabe a mulher do centurião, e dos soldados, quiseram impedi-los de cometerem injustiças, mas foram repelidas, como quem diz: “fiquem caladas, vocês não sabem de nada”. Mas estas mulheres, desta vez, foram inocentes. No caso do jardim do Éden, a mulher incitou o homem a pecar; aqui elas estavam caladas. Quem sabe outras mulheres estavam tentando convencer os seus maridos, os seus irmãos, os seus filhos, que estavam cometendo loucuras, que deviam parar com aquilo e colocarem a cabeça no lugar. Mas eles estavam cegos, suas emoções os dominavam, seu orgulho não os deixava retroceder, estavam fadados, pelo seu impulso, a terminar o que haviam começado. A trajetória das mulheres encontra-se mais detalhada na narração de Lucas, em Lc 23.55-24.10.
E quanto a nós? Imaginemo-nos ao lado de Jesus crucificado, morrendo. Como reagiríamos diante disso? Não façamos testes com nossas vidas, pois ela é única e preciosa. Não deixemos até que seja tarde demais pra reconhecer que Jesus é o Filho de Deus, que precisamos aceitar a sua salvação. Sejamos humildes como foram as mulheres, que também não entendiam das leis, da teologia, dos códigos de honra que levaram os homens a crucificarem o Senhor da Glória. Elas só sabiam que deviam estar ao lado de Jesus, seja nas montanhas e praias da Galileia, seja na Cruz.
Temos feito imprudentes experiências? Estamos “deixando o barco rolar”, para ver no que vai dar? Estamos deixando para decidir quando virmos os milagres e as profecias apocalípticas se cumprindo? Ou estamos seguindo com fé todos os passos de Jesus, procurando conhecê-lo melhor através de sua palavra, oração e obediência? Esta é uma questão que envolve não somente os possíveis galardões celestes, mas uma questão de vida ou morte.
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