sexta-feira, 11 de março de 2016

O Leão e o Cordeiro


(Leia Mc 15.25-32)

Um escritor de ficção científica, chamado Aldous Huxley, certa vez sentenciou que “os homens criam seus deuses à sua imagem e semelhança”. Este também era o pensamento do filósofo grego Xenófanes, que já no século cinco antes de Cristo, criticava os que atribuíam aos deuses características humanas. Mas, é claro, Deus é Deus, independente de como suas criaturas o imaginem. O povo em Jerusalém estava diante do próprio Deus, feito homem, crucificado, e não admitiam. Seu conceito de quem seja Deus, e de quem seja o seu escolhido, não admitia o que estava acontecendo. Não podiam crer em Jesus, pois ele fugia do padrão de sua teologia.

NÃO PODIAM CRER QUE ALGUÉM CRUCIFICADO FOSSE UM REI (25,26)

"Era a hora terceira quando o crucificaram. E, por cima, estava, em epígrafe, a sua acusação: O REI DOS JUDEUS".

Na frente de nossa Igreja está em epígrafe: “Jesus é a verdade”. As letras estão desbotadas, a pintura está gasta. As lâmpadas estão queimando, as instalações estão se deteriorando. São 28 anos! Talvez quem passa em frente possa raciocinar: "Se as pessoas que ali se reúnem acreditassem mesmo que Jesus é a verdade, não deixariam isso acontecer com esse edifício que leva o seu nome. Deveriam trocar aquele letreiro por letras feitas de ouro".

Para o povo que passava em frente ao local da execução, eram incompatíveis as inscrições sobre a cruz. Como podia um rei estar naquelas condições? As pessoas queriam que Jesus descesse da cruz, mas eles é que deviam tirá-lo de lá. Eles é que crucificaram o Senhor da Glória. Em Atos 2.23 Pedro denuncia:"(...) vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos"; e Salmos 69.26 profetizou: "(...) perseguem a quem tu feriste e acrescentam dores àquele a quem golpeaste".

Essa acusação se estende a nós, mesmo que estejamos tão distantes no tempo, porque Hebreus 6.6 fala dos que rejeitam a salvação que "(...) de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia".

NÃO PODIAM CRER QUE ALGUÉM CRUCIFICADO FOSSE UM BENFEITOR (27,28)

"Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua esquerda. E cumpriu-se a Escritura que diz: Com malfeitores foi contado".

Quem são considerados “benfeitores” neste mundo? Há muitos poderosos que, apoiados pelo povo, andam bem vestidos e falam palavras bonitas, mas vivem “devorando” os pobres da terra. Pessoas como Pilatos, como Herodes, como César.

Em Atos 12.20-22 lemos que Herodes, ao se reconciliar com os habitantes de Tiro e de Sidom, apresentou-se ao povo, vestido de traje real, assentado no trono, enquanto o povo clamava: "É voz de um deus, e não de homem!". Mas a Jesus, um crucificado, nunca diriam que é um benfeitor.

NÃO PODIAM CRER QUE ALGUÉM CRUCIFICADO FOSSE UM SALVADOR (29-32)

“Os que iam passando, blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ah! Tu que destróis o santuário e, em três dias, o reedificas! Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz! De igual modo, os principais sacerdotes com os escribas, escarnecendo, entre si diziam: Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se; desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos. Também os que com ele foram crucificados o insultavam”.


O povo ainda hoje está querendo que Jesus desça da cruz. Graças a Deus que ele não aceitou a provocação! Querem ver um Jesus poderoso, que cure as doenças, que dê prosperidade. Aos que não pensam assim, perguntam: quem é o Deus que você serve? Não é um Deus poderoso? Qual Jesus você serve? Paulo responde em 1Coríntios 2.2: "Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado". Nós podemos nos envergonhar e nos esconder como fizeram os discípulos no começo, ou podemos levantar a cabeça e proclamar a nossa fé independente das circunstâncias.

Grande parte de nossa aflição é motivada por nos sentirmos diminuídos diante do mundo. Queríamos que nossas orações fossem respondidas imediatamente, que os ímpios fossem punidos imediatamente. Como isto não acontece, nos sentimos envergonhados. Alguns que saíram de entre nós cederam à tentação e foram procurar outras igrejas, onde se promove outro tipo de pensamento, e gritos de vitória. Parece que nós somos derrotados, e os outros são vitoriosos. Se quisermos ser poderosos como um leão, lembremo-nos de que Jesus, embora sendo um leão, se portou como um cordeiro. Deus é o que é. Jesus é o que é, independente do que suas criaturas possam querer que ele seja.

Jesus crucificado não deixou de ser um Rei; Jesus crucificado não deixou de ser um benfeitor; Jesus crucificado não deixou de ser o Salvador.

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