Você já sentiu um certo desânimo (para não falar preguiça), quando tem algum tempo livre, e não sabe o que fazer com ele? Especialmente perto do meio dia, quando o sol está mais quente, é difícil decidir fazer algo que seja útil. Mas se nós fôssemos bombeiros de plantão, ao soar do alarme, estaríamos sempre prontos para assumir nossa missão de resgate. O cristão que verdadeiramente deseja servir a Cristo deve ter esta mesma postura. E podemos dizer, baseados neste parágrafo de Atos 10.9-20, que existem pelo menos três maneiras pelas quais Deus direciona os cristãos que se dispuserem a ficar de plantão, para que façam a sua vontade em determinado momento.
Primeira maneira: Deus direciona através da oração (9)
“No dia seguinte, indo eles de caminho e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao eirado, por volta da hora sexta, a fim de orar.”
Era por volta de meio-dia (é o que significa “hora sexta” no texto bíblico). O almoço ainda não estava pronto. O que fazer? Ficar sentado em frente à praia de Jope, observando as ondas e as pessoas que passam? Procurar alguém que também está à toa para bater um papo? Parece que Pedro tomou a melhor decisão para o momento: procurou um lugar isolado para orar. Podia muito bem, naquele momento, estar se perguntando: “O que é que eu estou fazendo aqui, na casa de um curtidor?”. Deus tinha usado grandemente o apóstolo para curar Enéias e ressuscitar Dorcas, mas agora tudo parecia monótono, nada acontecia, nada fazia sentido. Então ele pode ter pensado: “vou orar a respeito disso”.
Orar sempre é uma boa opção. Às vezes, até, é a única opção, especialmente quando nos vemos impotentes diante de poderes malignos que nos cercam. Foi assim que aconteceu com o rei Ezequias, que ficou muito angustiado quando recebeu uma carta ameaçadora do rei da Assíria e, sem saber o que fazer a respeito, foi à casa do Senhor e estendeu a carta diante do altar, como se estivesse pedindo que o Senhor lesse a carta e desse a sua opinião, conforme lemos em 2º Reis 19. 14-20:
Tendo Ezequias recebido a carta das mãos dos mensageiros, leu-a; então, subiu à Casa do SENHOR, estendeu-a perante o SENHOR e orou perante o SENHOR, dizendo: Ó SENHOR, Deus de Israel, que estás entronizado acima dos querubins, tu somente és o Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste os céus e a terra. Inclina, ó SENHOR, o ouvido e ouve; abre, SENHOR, os olhos e vê; ouve todas as palavras de Senaqueribe, as quais ele enviou para afrontar o Deus vivo. Verdade é, SENHOR, que os reis da Assíria assolaram todas as nações e suas terras e lançaram no fogo os deuses deles, porque deuses não eram, senão obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso, os destruíram. Agora, pois, ó SENHOR, nosso Deus, livra-nos das suas mãos, para que todos os reinos da terra saibam que só tu és o SENHOR Deus.
Lemos nos versículos seguintes que Deus, por meio do profeta Isaías, deu a resposta que Ezequias buscava. Quando nós, cristãos de plantão, estivermos em dúvida sobre o que fazer, podemos fazer como Pedro ou como o rei de Israel, buscando uma luz através da oração.
Segunda maneira: Deus direciona através de visões (das Escrituras) (10-16)
Estando com fome, quis comer; mas, enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase; então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda. Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum. Sucedeu isto por três vezes, e, logo, aquele objeto foi recolhido ao céu.
Deus nos fala diretamente através das Escrituras. Esta visão, por exemplo, pela qual Pedro foi orientado a não discriminar os gentios, não foi só ele quem teve, pois está escrita na Bíblia, portanto, todos nós que a lemos, recebemos a mensagem que veio pelo êxtase do apóstolo. Nós, que temos em nossas mãos as Escrituras, “vimos” Deus criando o mundo e os seres viventes, “vimos” o Êxodo com as manifestações de poder divino que o acompanharam. Tomamos conhecimento das profecias, e “testemunhamos” o cumprimento de todas elas. Jesus foi exposto como crucificado diante de nossos olhos (Gálatas 3.1), e nos maravilhamos diante das evidências de sua ressurreição.
As Escrituras, assim como as visões diretas que alguns personagens bíblicos receberam, nos dão esclarecimentos a respeito de decisões que normalmente são contrárias ao nosso querer, à nossa tendência pecaminosa. Há coisas que só fazemos porque as Escrituras nos orientam neste sentido. Hebreus 4.12 nos diz que “[...] a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.”
Quem, naturalmente, amaria os seus inimigos, se as Escrituras não tivessem ordenado? Quantos casais, que perseveram em meio às dificuldades inerentes ao matrimônio, não se separariam por “incompatibilidade de gênios” se as Escrituras não dissessem que a união matrimonial é “até que a morte os separe”?
Quando estamos em dúvida sobre o que fazer, nós, cristãos de plantão, podemos buscar uma luz através das “visões”, que temos ricamente através das Escrituras.
Terceira maneira: Deus direciona através de necessidades prementes (17-20)
Enquanto Pedro estava perplexo sobre qual seria o significado da visão, eis que os homens enviados da parte de Cornélio, tendo perguntado pela casa de Simão, pararam junto à porta; e, chamando, indagavam se estava ali hospedado Simão, por sobrenome Pedro. Enquanto meditava Pedro acerca da visão, disse-lhe o Espírito: Estão aí dois homens que te procuram; levanta-te, pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque eu os enviei.
Assim como Josué tinha que parar de orar e começar a agir (Josué 7.10), assim também Pedro tinha que parar de meditar e atender aos homens que o procuravam. Às vezes temos que nos dedicar a coisas menos “nobres”, “botar a mão na massa”, atender às necessidades das pessoas que estão ao nosso redor. Uma criança que requer atenção, um conflito se formando no íntimo da esposa, atarefada por causa do serviço doméstico, um incidente que se interpõe para desviá-lo e atrasá-lo em seu apressado caminho.
O pastor Jaime Kemp, certa vez, em um de seus vídeos sobre relacionamento familiar, contou a história de um pai que perguntou ao filho:
“– Filho,você sabe que eu te amo?
– Sim, papai.
– Como você sabe que eu te amo?
– Não sei, papai... Ah! Eu sei sim. Você me ama porque aquele dia, quando saía correndo para o trabalho, eu pedi que antes consertasse a minha bicicleta e você fez o que eu te pedi, mesmo que estivesse com muita pressa.”
Gosto muito de uma música que cantamos, que diz: “Bem de manhã, embora o céu sereno pareça um dia calmo anunciar, vigia e ora o coração pequeno: um temporal pode abrigar”. Às vezes acordamos e tudo está bem, tudo no seu lugar, nos preparamos para mais um dia de trabalho, para cumprirmos a nossa rotina. Mas de repente começa a tocar o telefone, três pessoas ao mesmo tempo querem falar com você, cada um com um problema diferente, e você se vê obrigado a deixar tudo o que estava fazendo, mudar toda a sua rotina do dia para tentar acudir aos que te pedem ajuda.
Quando fazemos uma lista de prioridades, e entre os itens estão “pessoas” e “coisas”, quem nós vamos colocar em primeiro lugar? A despeito de estejamos cientes do nosso dever, somos constantemente tentados a dar maior valor a coisas, em detrimento das pessoas.
Imaginemos um casal em seu leito, numa noite fria, acomodado, pronto para uma boa noite de descanso, e o bebê no outro quarto começa a chorar. Um dos dois terá que se levantar e ver o que está acontecendo. Mas, e se a criança já não for mais um bebê, e de algum modo também pedir sua atenção, por motivo de insegurança ou até mesmo de “manha”? A motivação do pai ou da mãe já não será tão forte para atendê-la. Ainda menos quando se tratar de um filho adulto, pedindo um favor qualquer. Mas, mesmo que a motivação já não seja tão forte, o bom pai e a boa mãe sempre acabam fazendo sacrifícios para atender ao chamado de um filho, porque a missão de pai e de mãe, assim como de avós, dura a vida inteira.
Às vezes, porém, Deus quer que demos atenção a pessoas com as quais não temos laços fraternos assim tão fortes. São, talvez, os “pequeninos” dos quais falou Jesus, alertando para que tomássemos cuidado para não escandalizá-los, sob a pena de castigos piores do que ser lançado ao fundo do mar com uma pedra amarrada no pescoço (Marcos 9.42). Se os “pequeninos” clamarem a Deus se queixando de nós, que demos maior valor a outras coisas do que às suas reais necessidades, não é assim que nos veremos escandalizando os “pequeninos” de Jesus?
Quando estamos em dúvida sobre o que fazer, nós, os cristãos de plantão, podemos ser orientados pelas circunstâncias das necessidades prementes das pessoas ao nosso alcance.
Conclusão
Como é que você está se sentindo hoje? Desanimado, com preguiça, em dúvida sobre o que fazer para ocupar o seu tempo? Vamos assumir a postura de plantonistas cristãos, recorrendo à oração, às revelações das Escrituras, estando também atentos aos alertas que se dão ao nosso redor, como bombeiros que estão sempre prontos para ajudar quem tiver necessidade.
(*) Foto do cabeçalho disponível em: https://www.cbm.df.gov.br/2012-11-12-17-42-33/2012-11-13-16-14-57?task=document.viewdoc&id=10993 Acesso em 10 jun. 2019.
(**) citações da Bíblia extraídas de: A Bíblia Sagrada. Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada 2ªed. 1988, 1993. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012. 1280p.
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