No tempo de Paulo não tinha estes recursos, e um competente
carcereiro estava carregando em seu coração, é bem provável que há muito tempo,
uma grande dúvida que, embora a buscasse avidamente, ainda não encontrara
resposta consistente: “Que devo fazer para que seja salvo?” Ele parecia, em vez
de carcereiro, um prisioneiro em suas próprias emoções, prestes mesmo a atentar
contra sua própria vida, num momento de grande crise. Mas quando a graça de
Deus o alcançou, ele viu, finalmente, as portas se abrindo. Vejamos, neste
texto bíblico, quais foram estas portas que se abriram para o carcereiro, para
o libertar da angústia de sua alma.
As portas do cárcere (25-28)
Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam. De repente, sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os alicerces da prisão; abriram-se todas as portas, e soltaram-se as cadeias de todos. O carcereiro despertou do sono e, vendo abertas as portas do cárcere, puxando da espada, ia suicidar-se, supondo que os presos tivessem fugido. Mas Paulo bradou em alta voz: Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos!
Estas portas sendo abertas, à primeira vista, não parecia
ser motivo de bênção, mas de maldição, para o carcereiro. Quando o milagroso
terremoto sacudiu os alicerces e abriu as portas da prisão de que era
responsável, ele achou que seu mundo tinha caído e, portanto, só lhe restava a
morte.
Talvez outros presos tivessem reclamado com Paulo, por não
ter ficado quieto e deixado o carcereiro se matar, para então poderem fugir.
Mas Paulo e Silas, que há poucos instantes estavam orando e cantando louvores,
em meio à dor dos açoites e à humilhação da prisão, logo souberam que este
acontecimento vinha da parte de Deus, que estava fazendo um milagre para a
salvação de muitas almas, e isto não era ocasião de buscarem vantagens
pessoais.
Assim como hoje há muitas corporações que têm seus
representantes cristãos, como Atletas de Cristo, PMs de Cristo, Motociclistas
de Cristo, Paulo se colocou naquele momento como um verdadeiro “Prisioneiro de
Cristo”. Ele se declarou assim, na carta aos efésios: “[...] por esta causa eu,
Paulo, sou o prisioneiro de Cristo Jesus, por amor de vós, gentios” (Efésios
3.1).
Para Paulo, até as prisões que sofreu eram encaradas como
oportunidades para testemunhar, e assim declarou, em carta a Timóteo, seu amor
a Cristo e ao evangelho, pelo qual sofria até algemas, como malfeitor, que,
“[...] contudo, a palavra de Deus não
está algemada” (2ª Timóteo 2.9), e era possível gerar filhos espirituais entre
algemas, a exemplo de Onésimo (Filemon 1.10).
Muitas pessoas acham que são livres para praticar todo tipo
de abominações, mas são, na verdade, prisioneiros do pecado. Para estes, as
portas do cárcere somente se abrirão no momento de comparecerem perante o Juiz
e receberem a condenação eterna, junto com os “anjos, os que não guardaram o
seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio” que Deus “tem
guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia” (Judas
1.6).
Quando as portas da prisão se abriram, frustrando o seu
competente trabalho de guardar os prisioneiros, o carcereiro pensou que era o
seu fim, mas não. Era apenas o começo de sua libertação.
As portas da salvação (29-31)
Então, o carcereiro, tendo pedido uma luz, entrou precipitadamente e, trêmulo, prostrou-se diante de Paulo e Silas. Depois, trazendo-os para fora, disse: Senhores, que devo fazer para que seja salvo? Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.
Eles bem que podiam fugir, mas estavam tão sintonizados com
o Espírito Santo que perceberam que as portas estavam abertas, não para que
eles saíssem, mas sim para que o carcereiro entrasse. Naquele momento, para
ele, elas eram as portas da salvação.
Era uma hora apropriada para Paulo e Silas utilizarem as
chaves mencionadas em Mateus 16.19, quando Jesus disse a Pedro: “dar-te-ei as
chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o
que desligares na terra terá sido desligado nos céus”. Era a hora de
apresentarem Jesus, que afirmou em João 10.7: “Em verdade, em verdade vos digo:
eu sou a porta das ovelhas”; e em João 10.9: “Eu sou a porta. Se alguém entrar
por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem”.
As portas da casa do carcereiro (32-34)
E lhe pregaram a palavra de Deus e a todos os de sua casa. Naquela mesma hora da noite, cuidando deles, lavou-lhes os vergões dos açoites. A seguir, foi ele batizado, e todos os seus. Então, levando-os para a sua própria casa, lhes pôs a mesa; e, com todos os seus, manifestava grande alegria, por terem crido em Deus.
O milagre daquela noite foi tão excepcional que, agora, até
as portas da casa do carcereiro se abriram para os apóstolos e, em
consequência, para Cristo, pois ele disse que,
Quem vos recebe a mim me recebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta, no caráter de profeta, receberá o galardão de profeta; quem recebe um justo, no caráter de justo, receberá o galardão de justo. E quem der a beber, ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão (Mateus 10.40,42).
Desde o começo, os lares cristãos têm sido locais de
reuniões, de hospitalidade e de promoção do evangelho. Durante o ministério
terreno de Jesus, muitos lares o acolheram, como o de Pedro, (cuja sogra foi
curada), de Marta e Maria, de Zaqueu, de Levi. Temos notícias de igrejas que se
reuniam nas casas de Áquila e Priscila (1ª Coríntios 16.19), Ninfa (Colossenses
4.15), Filemon (1.2), João Marcos (Atos 12.12), e sabemos que era comum eles se
reunirem de casa em casa para partir o pão.
Os templos são confortáveis, abrigam maior número, mas não
têm o aconchego, a intimidade e o alcance que só os lares podem prover. Por
isto é tão importante abrirmos nossas portas para receber os irmãos. Mais
importante, porém, é manter nosso lar sempre apto a receber o próprio Senhor
Jesus, na pessoa do Espírito Santo. Nada que seja incompatível com a santidade
de Deus deve permanecer em nossos lares cristãos.
Conclusão
O que devo fazer para que seja salvo? Esta é uma pergunta
que muitos se fazem, ainda hoje, e procuram uma porta aberta para que possam
entrar na bem-aventurança.
As portas do cárcere abertas, a princípio, representavam ao
carcereiro motivo de frustração e desespero, a ponto de tentar o suicídio. Mas
no final ele viu que foi uma bênção, pois as portas da salvação lhe foram
abertas através disso, quando lançou a pergunta e recebeu a resposta: “Crê no
Senhor Jesus [...]”. E, crendo ele, abriu as portas de sua própria casa para o
evangelho entrar.
Artigo elaborado por: Arildo Louzano da Silveira. São José
do Rio Preto, julho de 2021.
(*) Foto do cabeçalho disponível em: https://www.pcamaral.com.br/2012/06/confessei-te-o-meu-pecado-e-minha.html
Acesso em 03 jul. 2021.
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