sábado, 20 de junho de 2015


“Quem quer ser um missionário?”

(Leia Mc 6.7-13)

Os apóstolos foram encarregados pelo Senhor de pregar o evangelho. Foram instruídos a não levar, para a missão, nada que fosse desnecessário, porque um apóstolo, um missionário, não deve carregar nada que o atrapalhe no caminho. Este parágrafo é bem conhecido por enfatizar estas coisas, mas também nos chama a atenção pelo fato de mostrar que, tão importante quanto não levar nada supérfluo, é não se esquecer de alguns acessórios indispensáveis.

Primeiro acessório indispensável: Autoridade (7)

Não podemos pregar o evangelho se não tivermos autoridade. Aqui, os apóstolos recebem autoridade diretamente de Jesus, para expulsar os espíritos imundos. Quando alguém domina um assunto, costumamos dizer que tal pessoa é “autoridade” no assunto. Se conhecermos bem a Bíblia, poderemos nos tornar autoridades. Os espíritos imundos sabem que devem respeitar a presença de Deus. Aonde Jesus chegava, eles tinham que sair. Em Atos 19.12 vemos que o apostolo Paulo tinha muita autoridade, “a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam”. Tiago 4.7 nos revela que também podemos ter autoridade sobre os espíritos imundos, ao afirmar: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.”

Segundo acessório indispensável: Apoio (8-10)

Os apóstolos não deviam levar nada supérfluo, para não atrapalhar a agilidade das viagens, mas precisavam contar com a hospitalidade das pessoas que estavam estabelecidas nas cidades por onde passavam. Até o óleo para ungir os doentes, citado no v. 13, que não era um produto barato, precisava ser fornecido pelos que tinham posses. Podemos não ser missionários, mas temos a obrigação de apoiar as missões. Precisamos nos informar sobre os trabalhos missionários e apoiar financeiramente os que identificarmos como sérios e proveitosos para o progresso do reino de Deus neste mundo.

Terceiro acessório indispensável: Determinação (11,12)

Os doze tinham uma mensagem simples, clara e direta: As pessoas precisavam se arrepender de seus pecados. Não havia espaço para negociações. Quem quisesse ouvir, bem. Quem não quisesse ouvir, tinha que ficar ciente de que o portador da mensagem estava livre do seu sangue, pois cumpriu o dever de dar o aviso. Para ganhar pessoas para Cristo, precisamos atraí-las com palavras sensatas, como diz em Cl 4.5,6: “Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.” Mas ser cortês e falar com palavras brandas não significa ceder quanto ao nosso objetivo: convencer as pessoas de que precisam se arrepender de seus pecados, receber Jesus e andar nos seus caminhos.

Quarto acessório indispensável: Compaixão (13)

Os discípulos tinham recebido poder para curar. Deviam ser liberais em utilizar os dons que receberam, e levar refrigério para o povo que era tão sofrido. Em Mateus 10.8 Jesus ordena: “Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai”. Pedro, ao curar o coxo de nascença, que vivia à porta do templo pedindo esmola, disse: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!”. Muitos de nós, certamente, teríamos que dizer o contrário do que disse Pedro: “Não possuo dom de curar, mas tenho recursos materiais que posso usar para te ajudar”.

Quem quer ser um missionário? De certo modo, todos nós somos missionários, pois é nossa obrigação ensinar todos a guardarem todas as coisas que Jesus nos tem ordenado (Mt.28.20). Não devemos nos esquecer, portanto, destes acessórios indispensáveis.

quarta-feira, 17 de junho de 2015


“Impacto profundo”

(Leia Mc 6.1-6)

Jesus foi para a sua terra, para o lugar onde tinha crescido. Era bem conhecido ali. Durante quase trinta anos, andara por aquelas ruas, freqüentara os mercados, assistira aos cultos na sinagoga. Mas, agora, ele vinha de uma maneira diferente. Tinha se tornado uma celebridade. Por toda parte se divulgava a sua fama, e era seguido por uma multidão de discípulos. A notícia de sua chegada deve ter alvoroçado a cidade, e correram para a sinagoga para ouvir a sua mensagem. Quando alguém ouve falar de Jesus, e fica conhecendo a sua história e os seus ensinamentos, fica inevitavelmente impressionado. Este texto nos fala dos impactos causados na vida de quem ouve a mensagem de Jesus.

ADMIRAÇÃO (1,2)

O primeiro impacto que Jesus causou sobre os ouvintes na sinagoga foi de admiração. Suas palavras eram fortes, sábias, contundentes. Às vezes, recebemos a mensagem de Jesus desta forma. Conhecemos quem é Jesus, o que pode fazer, os seus ensinamentos. O impacto neste nível é bem superficial. Estamos vendo as coisas periféricas. Jesus tem palavras bonitas, responde nossas orações, nos livra das aflições, nos dá paz no coração, forças para enfrentar as dificuldades desta vida, prosperidade financeira. Este impacto já foi recebido pela maioria das pessoas que conhecemos. Em nosso país, a maior parte da população se declara cristã. Podemos dizer que o Brasil é um país evangelizado. A missão dos portugueses foi cumprida a contento. Nos nossos círculos de relacionamento, há pessoas falando de Cristo e do amor de Deus o tempo todo. Falam de esperança, da importância de andar corretamente diante de Deus, para ser bem sucedido na vida. Em programas de grande audiência na televisão, muitas vezes, aparecem crentes cantando músicas evangelizadoras. Mas o impacto que causa nas pessoas geralmente não passa da admiração, de acharem bonito.

APLICAÇÃO (3,4)

O segundo impacto causado por Jesus nas pessoas que o ouviam, foi o da aplicação. Se eles reconheciam que Jesus tinha sabedoria incomum, e que operava sinais que somente Deus poderia fazer, então teriam de aceita-lo como seu mestre, um guia que ia ensinar-lhes, em pormenores, como aplicar o ensinamento recebido, analisar seu modo de viver e apontar os erros e acertos, propor ajustes. É neste ponto que as pessoas começam a sair de sua área de conforto, e ficam nervosas, e começam a se defender. Provavelmente é por isso que lembraram a Jesus que ele era o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José e Judas, e que suas irmãs ainda viviam no meio deles. Jesus não podia ser o seu mestre, não era digno. É como se dissessem: que faculdade você cursou? Que títulos nos apresenta, para querer colocar-se como nosso mestre? Muitas vezes ouvimos verdades, as quais acabamos reconhecendo, mas não queremos que se intrometam em nossa vida, que nos digam o que fazer. Diminuir a dignidade de quem nos admoesta é uma maneira de escaparmos deste controle. Uma vez ouvi a história de um bêbado falando para o outro: “Você precisa parar de beber, se não vai acabar morrendo de cirrose. Além disto, está acabando com sua vida e com a vida das pessoas que te amam”. O outro respondeu algo como: “Olha só quem está falando! Vê se te enxerga!”. Mas o fato é que o primeiro bêbado falou a verdade. O outro devia ouvir e se arrepender, independente de quem o estava admoestando.

DECISÃO (5,6)

A atitude de Jesus, ao manter-se firme em sua pregação, provocou neles o impacto mais profundo. Colocou os Nazarenos numa situação em que se exigia uma decisão. Não podiam mais ficar em cima do muro. O momento era crítico. Porém, a maioria deles decidiu não crer. Preferiram continuar na mediocridade, vivendo a vida apenas superficialmente. Por isso não houve ali nenhum milagre, senão alguns poucos enfermos, que foram curados. Sem fé, não é possível agradar a Deus, e sem satisfazer a Deus, não há salvação. Jesus precisou satisfazer o Pai, até ao ponto de sacrificar-se por amor dos pecadores. Nós precisamos satisfazê-lo com uma fé que entrega o nosso corpo como um sacrifício vivo, santo e agradável. Nada menos do que isso. A decisão está diante de nós hoje, como nos alerta 2 Co 6.2 “(...) Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação”. Quando alguém decide aceitar a Jesus como seu Senhor e Salvador, recebe a promessa da vida eterna. Mas esta, geralmente, não é a última decisão que a pessoa faz. Em todo tempo ela tem que tomar decisões. Tem que decidir se vai dormir até mais tarde ou ir à escola dominical. Se vai ao culto de oração ou vai assistir ao futebol. Se vai começar o dia com oração e leitura da Bíblia, ou passar logo para as demais atividades.

Qual impacto a mensagem de Jesus tem causado em nossas vidas? Admiração, aplicação, decisão? Que o impacto seja suficientemente profundo, a ponto de transformar nossas vidas conforme o seu querer, para a glória de Deus.

segunda-feira, 15 de junho de 2015


“Não temas, crê somente”

(Leia Mc 5.21-43)

A fama, que Jesus não queria, chegou. Grande multidão o esperava na praia. Estava comprimido no meio do povo, todos queriam chegar perto. Dois personagens se destacaram no meio deles: Jairo, o chefe de Sinagoga, cuja filhinha estava à beira da morte, e uma mulher doente. O texto de Marcos continua abordando o tema da fé. Se estivéssemos na multidão agora, seguindo Jesus, qual seria o nosso pedido? Que tipo de fé nós iríamos demonstrar? Neste texto podemos notar que as pessoas dentre a multidão demonstraram pelo menos três tipos inadequados de fé:

Primeiro tipo: a fé instrutiva (21-24)

Jairo veio a Jesus com um propósito em mente, determinado a pedir-lhe a cura de sua filha, e até instruindo o mestre a respeito da maneira como ele deveria fazer para curá-la: “vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá.” O tipo de fé demonstrado por ele assemelha-se ao descrito em 2 Rs 5.9-12, quando Naamã, com os seus cavalos e os seus carros parou à porta da casa de Eliseu. Em vez de ir pessoalmente, Eliseu lhe mandou um mensageiro, dizendo: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será restaurada, e ficarás limpo”. Naamã, porém, indignou-se: “Pensava eu que ele sairia a ter comigo, pôr-se-ia de pé, invocaria o nome do SENHOR, seu Deus, moveria a mão sobre o lugar da lepra e restauraria o leproso.” O general ia embora sem receber a cura, não fosse um de seus servos insistir que obedecesse ao profeta. Nós precisamos cuidar para não cairmos no mesmo erro, quando fazemos pedidos a Deus. Ele sabe o tempo e o modo adequado para nos dar a resposta.

Segundo tipo: a fé extrativista (25-34)

Existe uma atividade econômica que chamamos de extrativista. Consiste em extrair da natureza o que ela tem produzido naturalmente, sem que nós precisemos cultivar. A mulher doente parecia ter uma fé assim. Seu plano era aproximar-se, tocar nas vestes de Jesus, e ir embora curada. Ela recebeu a cura, mas Jesus exigiu que assumisse a responsabilidade de dar testemunho diante de todo o povo, e enfatizou: “a tua fé te salvou”.
O povo evangélico tem crescido no Brasil. Na “Marcha para Jesus” de 2015, milhões de pessoas, segundo os organizadores do evento, saíram às ruas. Mas não fico muito empolgado com isto, conhecendo a triste realidade da fé existente numa grande multidão: uma fé extrativista, que espera “pão do céu” (Jo 6.60-69), que espera o esplendor do reino de Deus aqui e agora. Quando lidou com uma multidão semelhante, Jesus disse palavras duras, que, de certa forma, “filtrou” a sinceridade dos seus ouvintes, de forma que somente os que criam que ele tem ”as palavras da vida eterna”, continuaram a segui-lo, e os demais o deixaram.
Porque Jesus não deixou ir aquela mulher? Já não estava curada? Já não tinha conseguido o que foi buscar? Sim, estava “curada do seu flagelo”, mas ainda tinha uma vida para viver, e precisava obter mais do Senhor. Mais sabedoria, mais perseverança, mais livramentos. Afinal, ela gastou tudo o que possuía com os médicos, antes de ter ido procurar Jesus.

Terceiro tipo: a fé limitadora (35-43)

Quando alguém acha que o poder de Deus é limitado, está demonstrando este tipo de fé. Assim eram aqueles homens, vindo da casa de Jairo, que lhe trouxeram a notícia, como se estivessem dizendo: “Não adianta mais, não há mais esperança, pois a morte chegou”. Do mesmo modo, os pranteadores, ao ouvirem de Jesus que a menina não estava morta, apenas dormindo, pararam de chorar e começaram a rir. O riso, porém, não era de alegria, e sim de incredulidade. A morte, contudo, não é o fim dos poderes de Deus. Isto tem sido um consolo para os que têm enfrentado doenças graves, ou que têm familiares nesta situação. Jesus disse, em Jo 11.25: “Quem crê em mim, ainda que morra, viverá”. A morte não é o fim de nossa esperança. Temos orado por pais, cujos filhinhos estão muito doentes, internados num hospital, e sabemos que Deus pode dar a cura. Temos orado também por pessoas cujos familiares morreram, e pedimos para que o Senhor lhes dê consolo. A morte é uma realidade que cedo ou tarde teremos que enfrentar, por isto é importante que a nossa fé ultrapasse os limites da morte, pois, “se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1Co 15.19).

Seja a nossa fé simples, não interesseira, nem limitada, pois, para o nosso Deus, não há limites. Talvez Jesus esteja olhando para nossa vida neste momento, vendo o desespero em que nos encontramos, ou os esquemas que andamos armando, para que tenhamos solucionados os nossos problemas. Ele nos olha nos olhos e diz: “Não temas, crê somente”.

segunda-feira, 8 de junho de 2015


“Abalando o Sistema”

(Leia Mc 5.1-20)

A região de Decápólis, da qual fazia parte Gerasa, parecia ser uma terra próspera. Em Gerasa, havia criadores de porcos, atividade econômica que não era bem vista pelos judeus, mas que, certamente, gerava muito lucro em negociações com os gregos. Ao chegar ali, Jesus foi recepcionado por um homem endemoninhado, o qual foi curado. Mas, o que deveria ter sido recebido como bênção, não foi apreciado desta forma pelos habitantes, que se apressaram em expulsar o Benfeitor de suas propriedades. Fizeram a sua escolha, criar porcos e viverem como gregos estava dando certo, segundo seus conceitos, por isso não queriam que ninguém perturbasse o seu modo de viver. Se quisermos, porém, seguir Jesus, temos que deixar que ele perturbe o nosso modo de viver. Este texto nos apresenta quatro razões pelas quais o nosso modo de viver será perturbado, ao decidirmos seguir Jesus:

Primeira razão: Precisamos ser limpos do mal (1-5)

O homem que Jesus curou tinha uma força impressionante. Era forte como Sansão, mas sua força vinha de espíritos imundos. Nesta cura, em contraste com outras, não há um apelo de alguém para que o homem fosse curado. Talvez algum dos discípulos tenha falado a Jesus sobre o caso, pois Mateus 4:25 diz que “da Galiléia, Decápolis , Jerusalém, Judéia e dalém do Jordão numerosas multidões o seguiam.” Às vezes, as pessoas cultivam em suas vidas defeitos de estimação. Já ouvi esposas dizendo que gostavam mais dos seus maridos antes de eles aceitarem a Cristo, porque agora não bebem mais, não querem mais ir às baladas, e a vida assim se tornou muito chata. A figura ameaçadora daquele homem talvez fosse conveniente aos produtores de porcos, porque afastava os intrusos. Talvez o próprio homem amasse sua condição, pois tinha força incomum, como a de Sansão, o que certamente perdeu depois da cura. É comum em nossos dias as pessoas não quererem ser curadas de sua depressão, talvez a depressão lhe seja uma espécie de autodefesa. Mas, para seguir Jesus, precisamos permitir que ele sonde até o nosso íntimo, como diz em Sl 139.23,24.

Segunda razão: Evitar que o mal sinta-se confortável em nosso meio (6-12)

Os demônios estavam bem estabelecidos naquela região, não havia quem os perturbasse, até que chegou o Senhor. Pediram, então, que pudessem continuar naquele país, o que, de maneira admirável, lhes foi permitido. Já ouvi falar que porcos não são necessariamente sujos, e que quando nós os mantemos limpos, eles vivem melhor. Mas eu acho que não é à toa a sua fama. As ovelhas, por exemplo, podem viver no mesmo ambiente, mas não vão revolver-se na sujeira. Do mesmo modo, os demônios não gostam de um ambiente santificado. Para eles, quanto mais contaminado, melhor. Preferem estar num bar do que numa Igreja. Preferem músicas mundanas, do que músicas cristãs. Um dia, dois pastores foram a uma casa para orar, e um deles notou que havia uma imagem de escultura em lugar de destaque, sobre o portal interno da sala. A mulher recusou-se a retirar a imagem, e por isso não fizeram a oração, a qual não teria valor diante da sua negativa em afastar a idolatria.

Terceira razão: Precisamos valorizar mais o ensino de Jesus do que o nosso modo de resolver as coisas. (13-15)

Se Jesus quisesse agradar os gerasenos, não deveria ter permitido os demônios irem para os porcos, pois a manada precipitou-se despenhadeiro abaixo, e se afogaram. Por isso, em vez de se alegrarem por verem o homem assentado, vestido, e em perfeito juízo, rogaram que se retirasse da terra deles. Na fase de regularização do CNPJ e alvará de nossa Igreja, precisamos passar de casa em casa, nas redondezas, para colher assinaturas dos proprietários, autorizando o funcionamento do templo neste endereço. Um dos que assinaram foi um senhor muito distinto, professor de música, que, não obstante permitir a implantação desta Igreja, levantou a seguinte questão: “porque vocês querem abrir uma Igreja aqui, neste bairro? Este bairro é de gente pensante, não vão interessar-se pelas coisas que vocês tentam ensinar”. Este posicionamento lembra Ap 3.17, quando Jesus repreende o anjo de Laodicéia, que dizia: “estou rico e abastado, e não preciso de coisa alguma”. Algumas pessoas estão contentes com sua vida, e não querem deixar a estabilidade emocional e financeira para se aventurarem numa vida cheia de incertezas, seguindo os caminhos de Jesus. Decápolis parecia ser bem próspera e organizada, mas corriam o risco de, um dia, ver tudo ao seu redor desabar, como aconteceu com Sodoma e Gomorra, Babilônia, ou como as magníficas torres do World Trade Center.

Quarta razão: Temos responsabilidades que se sobrepõe aos nossos desejos

O que fora endemoninhado suplicou a Jesus que o deixasse ir junto com ele. Às vezes, nós queremos ir, mas o Senhor nos diz que temos que ficar. Às vezes queremos ficar, mas o Senhor nos diz que temos que ir. Aquele ambiente era hostil ao recém-curado. Ele queria ares novos, estar sempre ao lado do Senhor e dos seus discípulos, mas Jesus deu ao homem uma dura missão: pregar em sua própria casa, em sua própria região. Paulo aprendeu cedo, em seu ministério, que precisava submeter suas decisões à vontade do Senhor. Em At 16.6,7, lemos que, passando pela Frígia e pela província da Galácia, foi impedido pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. E, quando chegou a Mísia, intentou ir para Bitínia, mas o Espírito não lho permitiu. Uma das imagens marcantes de minha vida é um folheto que ilustra Davi e Batseba com o título: “ele deveria ter ido, mas não foi...”. Refere-se ao fato de que Davi resolveu ficar em casa num tempo em que os reis costumavam ir à guerra, e foi justamente neste período que ele caiu em pecado, o que praticamente destruiu sua vida e tirou toda a sua paz. O apelo era para que nós não deixássemos de ir às missões, caso fôssemos chamados. Eu tinha grande desejo de ir, mas não fui chamado. Se eu insistisse em ir, no meu caso, a frase poderia ter sido: “ele deveria ter ficado, mas foi”.

Jesus sabe o que é melhor para nós. Não foi à toa que ele morreu na cruz para nos salvar. Precisamos confiar em sua sabedoria, e não nos estribarmos em nosso próprio entendimento. Deixemos, pois, que ele nos limpe de todo o mal, transforme o nosso ambiente em um lugar santo, deixando de lado, se preciso, o nosso antigo estilo de vida, assumindo a responsabilidade de obedecer. Podemos encarar isto como uma perturbação de nosso sistema, mas é apenas a reprogramação que Deus opera em nossas vidas.

quarta-feira, 3 de junho de 2015


“A tempestade e a fé”

(Leia Mc 4.35-41)

Os discípulos achavam que estavam com tudo. Estavam perto de Jesus, eram íntimos seus, tinham a honra de providenciar-lhe transporte e acomodações, faziam uma escolta de barcos para acompanhá-lo. Mas este momento sereno foi abalado por uma inesperada tempestade, e ainda receberam uma repreensão do Senhor: Porque sois assim tão tímidos? Como é que não tendes fé? Suas atitudes eram atos de fé, pois seguiram Jesus, obedeceram as suas ordens, enfrentaram o mar. Mas sua fé precisava ser aperfeiçoada.

Quem quiser aperfeiçoar-se na fé, precisa ter alguns cuidados:

I - CERTIFICAR-SE DE QUE ESTÁ NOS CAMINHOS DO SENHOR (35,36)

Não podemos querer bênçãos sem obediência. Em Dt 28 Deus adverte o povo, dizendo que poderiam receber bênçãos ou sofrer maldições, dependendo de sua obediência. Os discípulos estavam no caminho certo, bem onde Jesus ordenou que estivessem, quando lhes sobreveio a tempestade. Se estivermos nos caminhos que o Senhor nos ordenou, podemos confiar que, sobrevindo uma tempestade, não será para o mal, mas para o nosso aperfeiçoamento.

II - NÃO ESPERAR LIVRAMENTO TOTAL DAS TRIBULAÇÕES (37)

Enganam-se aqueles que acham que Jesus vai nos livrar de todos os sofrimentos. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego eram conscientes de que as coisas não são assim, pois responderam ao Rei que os forçava a adorar suas imagens: “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste.” (Dn 3.17,18). Eles não tinham a garantia do livramento, mesmo assim escolheram obedecer.

III - NÃO QUERER ENSINAR A DEUS (38-40)

As palavras dos discípulos, ao acordarem Jesus, parecem demonstrar certo desapontamento: “Mestre, não te importa que pereçamos?”. Às vezes nos encontramos em situações semelhantes, em que nos colocamos no lugar de questionadores de Deus. Mas, para amadurecermos na fé, precisamos confiar na sua sabedoria e no seu amor para conosco, mesmo diante de uma mortal tribulação.

IV - PROCURAR CONHECER O SENHOR (41)

Ao final de tudo, vindo a grande bonança, os discípulos temeram, pois viram que tinham consigo, no barco, aquele que podia controlar até o mar e o vento.
Oséias, o profeta, deve ter estranhado muito as ordens recebidas do Senhor. Sua vida não foi fácil, mas obedeceu. No capítulo 6, v.3, de seu livro, ele exorta: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” Para conhecermos melhor a Jesus, precisamos ler com perseverança a sua palavra, e andarmos em seus passos. Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem? O próprio contexto nos responde, segundo estudo do Rev. Hernandes Dias Lopes: Surpreendidos pelas tempestades da vida – Disponível em: http://hernandesdiaslopes.com.br/2005/11/surpreendidos-pelas-tempestades-da-vida/#.VWs83otFDIU Acesso em: 31/05/2015, do qual compartilho aqui uma pequena parte:

“Em primeiro lugar,
Jesus é o mestre supremo (...) (34,38). Jesus ensinou através das parábolas do Reino e também através da tempestade. Seus métodos são variados, seu ensino eficaz. Ele é o grande Mestre que nos ensina pela Escritura e também pelas circunstâncias da vida. (...)

Em segundo lugar,
Jesus é perfeitamente homem (4.38). O sono de Jesus mostra-nos sua perfeitamente humanidade. O verbo se fez carne. Deus se fez homem. O infinito entrou no tempo. Aquele que nem o céu dos céus podem conter, foi enfaixado em panos e deitado numa manjedoura. Aquele é criador e dono do universo se fez pobre e não tinha onde reclinar a cabeça. Esse é um grande mistério. (...)

Em terceiro lugar,
Jesus é perfeitamente Deus (4.39). Ele é o criador, sustentador e o interventor na natureza. O vento ouve a sua voz. O mar se acalma quando ele fala. (...) O mesmo Jesus que dormiu exausto depois de um dia de ensino, levanta-se e repreende o vento e o mar .

Em quarto lugar,
Jesus é o benfeitor desconhecido (4:36). Algumas pessoas que enfrentavam a mesma tempestade naquele mar, seguindo a caravana em outros barcos, foram beneficiadas sem saber que a bonança fora intervenção de Jesus. Há muitas pessoas que recebem milagres e livramentos, mas não sabem que esses prodígios vieram das mãos de Jesus.

Em quinto lugar,
Jesus é aquele que tem toda autoridade (...) (4.39,41). (...) 1) Vitória sobre os perigos – Mc 4:35-41; 2) Vitória sobre os demônios – Mc 5:1-20; 3) Vitória sobre a enfermidade – Mc 5:21-34; 4) Vitória sobre a morte – Mc 5:35-43. (...)

(...) Mateus diz que os discípulos se maravilharam. Marcos diz que eles temeram grandemente. Antes eles tinham medo da natureza. Agora eles temem o criador da natureza. Antes eles estavam amedrontados pelo vento, agora estão cheios de temor pelo Senhor do vento. Agora eles estão cheios de temor e admiração diante do poder de Jesus.”