segunda-feira, 8 de junho de 2015
“Abalando o Sistema”
(Leia Mc 5.1-20)
A região de Decápólis, da qual fazia parte Gerasa, parecia ser uma terra próspera. Em Gerasa, havia criadores de porcos, atividade econômica que não era bem vista pelos judeus, mas que, certamente, gerava muito lucro em negociações com os gregos. Ao chegar ali, Jesus foi recepcionado por um homem endemoninhado, o qual foi curado. Mas, o que deveria ter sido recebido como bênção, não foi apreciado desta forma pelos habitantes, que se apressaram em expulsar o Benfeitor de suas propriedades. Fizeram a sua escolha, criar porcos e viverem como gregos estava dando certo, segundo seus conceitos, por isso não queriam que ninguém perturbasse o seu modo de viver. Se quisermos, porém, seguir Jesus, temos que deixar que ele perturbe o nosso modo de viver. Este texto nos apresenta quatro razões pelas quais o nosso modo de viver será perturbado, ao decidirmos seguir Jesus:
Primeira razão: Precisamos ser limpos do mal (1-5)
O homem que Jesus curou tinha uma força impressionante. Era forte como Sansão, mas sua força vinha de espíritos imundos. Nesta cura, em contraste com outras, não há um apelo de alguém para que o homem fosse curado. Talvez algum dos discípulos tenha falado a Jesus sobre o caso, pois Mateus 4:25 diz que “da Galiléia, Decápolis , Jerusalém, Judéia e dalém do Jordão numerosas multidões o seguiam.” Às vezes, as pessoas cultivam em suas vidas defeitos de estimação. Já ouvi esposas dizendo que gostavam mais dos seus maridos antes de eles aceitarem a Cristo, porque agora não bebem mais, não querem mais ir às baladas, e a vida assim se tornou muito chata. A figura ameaçadora daquele homem talvez fosse conveniente aos produtores de porcos, porque afastava os intrusos. Talvez o próprio homem amasse sua condição, pois tinha força incomum, como a de Sansão, o que certamente perdeu depois da cura. É comum em nossos dias as pessoas não quererem ser curadas de sua depressão, talvez a depressão lhe seja uma espécie de autodefesa. Mas, para seguir Jesus, precisamos permitir que ele sonde até o nosso íntimo, como diz em Sl 139.23,24.
Segunda razão: Evitar que o mal sinta-se confortável em nosso meio (6-12)
Os demônios estavam bem estabelecidos naquela região, não havia quem os perturbasse, até que chegou o Senhor. Pediram, então, que pudessem continuar naquele país, o que, de maneira admirável, lhes foi permitido. Já ouvi falar que porcos não são necessariamente sujos, e que quando nós os mantemos limpos, eles vivem melhor. Mas eu acho que não é à toa a sua fama. As ovelhas, por exemplo, podem viver no mesmo ambiente, mas não vão revolver-se na sujeira. Do mesmo modo, os demônios não gostam de um ambiente santificado. Para eles, quanto mais contaminado, melhor. Preferem estar num bar do que numa Igreja. Preferem músicas mundanas, do que músicas cristãs. Um dia, dois pastores foram a uma casa para orar, e um deles notou que havia uma imagem de escultura em lugar de destaque, sobre o portal interno da sala. A mulher recusou-se a retirar a imagem, e por isso não fizeram a oração, a qual não teria valor diante da sua negativa em afastar a idolatria.
Terceira razão: Precisamos valorizar mais o ensino de Jesus do que o nosso modo de resolver as coisas. (13-15)
Se Jesus quisesse agradar os gerasenos, não deveria ter permitido os demônios irem para os porcos, pois a manada precipitou-se despenhadeiro abaixo, e se afogaram. Por isso, em vez de se alegrarem por verem o homem assentado, vestido, e em perfeito juízo, rogaram que se retirasse da terra deles. Na fase de regularização do CNPJ e alvará de nossa Igreja, precisamos passar de casa em casa, nas redondezas, para colher assinaturas dos proprietários, autorizando o funcionamento do templo neste endereço. Um dos que assinaram foi um senhor muito distinto, professor de música, que, não obstante permitir a implantação desta Igreja, levantou a seguinte questão: “porque vocês querem abrir uma Igreja aqui, neste bairro? Este bairro é de gente pensante, não vão interessar-se pelas coisas que vocês tentam ensinar”. Este posicionamento lembra Ap 3.17, quando Jesus repreende o anjo de Laodicéia, que dizia: “estou rico e abastado, e não preciso de coisa alguma”. Algumas pessoas estão contentes com sua vida, e não querem deixar a estabilidade emocional e financeira para se aventurarem numa vida cheia de incertezas, seguindo os caminhos de Jesus. Decápolis parecia ser bem próspera e organizada, mas corriam o risco de, um dia, ver tudo ao seu redor desabar, como aconteceu com Sodoma e Gomorra, Babilônia, ou como as magníficas torres do World Trade Center.
Quarta razão: Temos responsabilidades que se sobrepõe aos nossos desejos
O que fora endemoninhado suplicou a Jesus que o deixasse ir junto com ele. Às vezes, nós queremos ir, mas o Senhor nos diz que temos que ficar. Às vezes queremos ficar, mas o Senhor nos diz que temos que ir. Aquele ambiente era hostil ao recém-curado. Ele queria ares novos, estar sempre ao lado do Senhor e dos seus discípulos, mas Jesus deu ao homem uma dura missão: pregar em sua própria casa, em sua própria região. Paulo aprendeu cedo, em seu ministério, que precisava submeter suas decisões à vontade do Senhor. Em At 16.6,7, lemos que, passando pela Frígia e pela província da Galácia, foi impedido pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. E, quando chegou a Mísia, intentou ir para Bitínia, mas o Espírito não lho permitiu. Uma das imagens marcantes de minha vida é um folheto que ilustra Davi e Batseba com o título: “ele deveria ter ido, mas não foi...”. Refere-se ao fato de que Davi resolveu ficar em casa num tempo em que os reis costumavam ir à guerra, e foi justamente neste período que ele caiu em pecado, o que praticamente destruiu sua vida e tirou toda a sua paz. O apelo era para que nós não deixássemos de ir às missões, caso fôssemos chamados. Eu tinha grande desejo de ir, mas não fui chamado. Se eu insistisse em ir, no meu caso, a frase poderia ter sido: “ele deveria ter ficado, mas foi”.
Jesus sabe o que é melhor para nós. Não foi à toa que ele morreu na cruz para nos salvar. Precisamos confiar em sua sabedoria, e não nos estribarmos em nosso próprio entendimento. Deixemos, pois, que ele nos limpe de todo o mal, transforme o nosso ambiente em um lugar santo, deixando de lado, se preciso, o nosso antigo estilo de vida, assumindo a responsabilidade de obedecer. Podemos encarar isto como uma perturbação de nosso sistema, mas é apenas a reprogramação que Deus opera em nossas vidas.
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