segunda-feira, 15 de junho de 2015
“Não temas, crê somente”
(Leia Mc 5.21-43)
A fama, que Jesus não queria, chegou. Grande multidão o esperava na praia. Estava comprimido no meio do povo, todos queriam chegar perto. Dois personagens se destacaram no meio deles: Jairo, o chefe de Sinagoga, cuja filhinha estava à beira da morte, e uma mulher doente. O texto de Marcos continua abordando o tema da fé. Se estivéssemos na multidão agora, seguindo Jesus, qual seria o nosso pedido? Que tipo de fé nós iríamos demonstrar? Neste texto podemos notar que as pessoas dentre a multidão demonstraram pelo menos três tipos inadequados de fé:
Primeiro tipo: a fé instrutiva (21-24)
Jairo veio a Jesus com um propósito em mente, determinado a pedir-lhe a cura de sua filha, e até instruindo o mestre a respeito da maneira como ele deveria fazer para curá-la: “vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá.” O tipo de fé demonstrado por ele assemelha-se ao descrito em 2 Rs 5.9-12, quando Naamã, com os seus cavalos e os seus carros parou à porta da casa de Eliseu. Em vez de ir pessoalmente, Eliseu lhe mandou um mensageiro, dizendo: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será restaurada, e ficarás limpo”. Naamã, porém, indignou-se: “Pensava eu que ele sairia a ter comigo, pôr-se-ia de pé, invocaria o nome do SENHOR, seu Deus, moveria a mão sobre o lugar da lepra e restauraria o leproso.” O general ia embora sem receber a cura, não fosse um de seus servos insistir que obedecesse ao profeta. Nós precisamos cuidar para não cairmos no mesmo erro, quando fazemos pedidos a Deus. Ele sabe o tempo e o modo adequado para nos dar a resposta.
Segundo tipo: a fé extrativista (25-34)
Existe uma atividade econômica que chamamos de extrativista. Consiste em extrair da natureza o que ela tem produzido naturalmente, sem que nós precisemos cultivar. A mulher doente parecia ter uma fé assim. Seu plano era aproximar-se, tocar nas vestes de Jesus, e ir embora curada. Ela recebeu a cura, mas Jesus exigiu que assumisse a responsabilidade de dar testemunho diante de todo o povo, e enfatizou: “a tua fé te salvou”.
O povo evangélico tem crescido no Brasil. Na “Marcha para Jesus” de 2015, milhões de pessoas, segundo os organizadores do evento, saíram às ruas. Mas não fico muito empolgado com isto, conhecendo a triste realidade da fé existente numa grande multidão: uma fé extrativista, que espera “pão do céu” (Jo 6.60-69), que espera o esplendor do reino de Deus aqui e agora. Quando lidou com uma multidão semelhante, Jesus disse palavras duras, que, de certa forma, “filtrou” a sinceridade dos seus ouvintes, de forma que somente os que criam que ele tem ”as palavras da vida eterna”, continuaram a segui-lo, e os demais o deixaram.
Porque Jesus não deixou ir aquela mulher? Já não estava curada? Já não tinha conseguido o que foi buscar? Sim, estava “curada do seu flagelo”, mas ainda tinha uma vida para viver, e precisava obter mais do Senhor. Mais sabedoria, mais perseverança, mais livramentos. Afinal, ela gastou tudo o que possuía com os médicos, antes de ter ido procurar Jesus.
Terceiro tipo: a fé limitadora (35-43)
Quando alguém acha que o poder de Deus é limitado, está demonstrando este tipo de fé. Assim eram aqueles homens, vindo da casa de Jairo, que lhe trouxeram a notícia, como se estivessem dizendo: “Não adianta mais, não há mais esperança, pois a morte chegou”. Do mesmo modo, os pranteadores, ao ouvirem de Jesus que a menina não estava morta, apenas dormindo, pararam de chorar e começaram a rir. O riso, porém, não era de alegria, e sim de incredulidade. A morte, contudo, não é o fim dos poderes de Deus. Isto tem sido um consolo para os que têm enfrentado doenças graves, ou que têm familiares nesta situação. Jesus disse, em Jo 11.25: “Quem crê em mim, ainda que morra, viverá”. A morte não é o fim de nossa esperança. Temos orado por pais, cujos filhinhos estão muito doentes, internados num hospital, e sabemos que Deus pode dar a cura. Temos orado também por pessoas cujos familiares morreram, e pedimos para que o Senhor lhes dê consolo. A morte é uma realidade que cedo ou tarde teremos que enfrentar, por isto é importante que a nossa fé ultrapasse os limites da morte, pois, “se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1Co 15.19).
Seja a nossa fé simples, não interesseira, nem limitada, pois, para o nosso Deus, não há limites. Talvez Jesus esteja olhando para nossa vida neste momento, vendo o desespero em que nos encontramos, ou os esquemas que andamos armando, para que tenhamos solucionados os nossos problemas. Ele nos olha nos olhos e diz: “Não temas, crê somente”.
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