segunda-feira, 6 de julho de 2015
Aprendendo com as carências
Leia (Mc 6.30-44)
Um grande debate está acontecendo em nosso país, por causa da possibilidade de redução da maioridade penal. Os que são a favor, entendem que o menor infrator não pode mais ser tratado como uma criança, pois cometeu um crime de adulto. Os que são contra, geralmente entendem que os culpados não são os menores, e sim a sociedade, que não lhes dá oportunidades e ensino adequados; acham que muitos menores, que hoje estão no crime, poderiam ter outro destino, se tivessem melhores oportunidades, se não fossem tão carentes. Mas eu penso que a maioria, das duas correntes de pensamento, concorda que não é justificável, qualquer pessoa, menor ou maior de idade, praticar um crime, alegando que faz isto só porque é carente. A maioria dos que são carentes não comete crimes, mas busca alternativas para suprir sua carência, trabalhando duro, estudando. Muitos acabam, tristemente, morrendo em sua miséria, sem, contudo, nunca pensarem em cometer crimes. Todos nós temos carências, uns têm mais do que outros, e há muitos tipos de carência, até mesmo entre os que são chamados de ricos e abastados. Por algum motivo Deus determinou que a humanidade fosse assim e, em sua compaixão, ele usa as nossas carências como instrumento de aprendizado. Neste texto podemos identificar três carências, que Jesus transformou em oportunidade de aprendizado:
A carência de descanso (30-32)
Nada melhor do que um descanso merecido! Depois de cumprirem sua missão, os apóstolos voltaram à presença de Jesus e apresentaram o seu relatório. Jesus planejou, então, uma pausa para descanso, junto com os apóstolos, num lugar deserto; onde eles pudessem, pelo menos, comer suas refeições, sossegados, separados da multidão. Foram num barco, assim, para um lugar solitário. Os discípulos achavam que iam descansar, mas o único tempo de descanso, que tiveram, foi o tempo que demoraram, para atravessar o lago, dentro do barco, com Jesus.
Muitos de nós temos trabalhado demais, porque precisamos suprir as necessidades de nossa família, porque precisamos pagar as contas, porque temos um projeto de vida e nos esforçamos para alcançá-lo. Quando temos a oportunidade de descansar, queremos aproveitá-la ao máximo. Às vezes, é só um dia na semana, às vezes, nem toda semana podemos contar com um dia de descanso. Nós, os que somos crentes fiéis, que fazemos questão de vir à Igreja regularmente, somos vistos, por muitos, como loucos. No único dia que temos para dormir até tarde, para ir passear, para curtir um almoço em família, nós acordamos cedo, faça chuva ou faça sol, para virmos à igreja; se temos filhos, acordamos mais cedo ainda, para alimentá-los, arrumá-los, para não chegarmos atrasados. Quem tem veículo próprio, tem maior flexibilidade, mas quem depende de ônibus, tem que se arrumar num ritmo frenético, porque o motorista não espera. Quem nos vê chegar fielmente, todos os domingos e, às vezes também às quartas e aos sábados, talvez nem imagine a batalha que travamos contra nosso desejo de ficar mais um pouco na cama, de terminar de assistir a partida de futebol, de terminar a refeição com calma. Esta nossa carência, porém, tem nos ensinado, pelo menos, a sermos fiéis, a exercitarmos a nossa fé.
A carência de direção (33-34)
Jesus teve compaixão da multidão, pois eram como ovelhas que não têm pastor. É quase certo que eles não buscavam a Jesus apenas para aprender, mas o Mestre sabia que eles não podiam ficar sem instrução.
É nosso costume, compartilhar pedidos de oração. Pessoas estão sofrendo muito, por causa de doenças, de mortes, de tragédias. Nossa oração é sempre para que Deus os livre das angústias, mas que, também, dê consolo e sabedoria às pessoas que sofrem, porque acreditamos que tudo tem um propósito. Quando não somos visivelmente atendidos em nossa oração, ficamos tristes, mas não deixamos de orar. Se oramos por uma pessoa que estava doente e esta pessoa morreu, continuamos orando por seus familiares, para que eles busquem, no Senhor, o alívio de sua dor, e que tenham esperança e fé, para não ficarem desorientados e se perderem nos caminhos deste mundo.
Muitas vezes, quando alguém está sofrendo, queremos falar-lhes um versículo da Bíblia que as possa consolar, e ficamos procurando um trecho que se encaixe naquela situação. Mas pouco adianta, nesta hora, um versículo bíblico, se a pessoa que está sofrendo não se preparou de antemão, lendo, meditando, fazendo da Bíblia uma rocha em que construiu os alicerces de sua vida. Por isso, a carência de direção, que nos faz ficar em dúvida sobre que trabalho aceitar, que faculdade cursar, com quem namorar e casar, é uma oportunidade de aprendizado, que Deus, em sua compaixão, quer aproveitar em nossas vidas.
A carência de alimento (35-44)
O fato de terem apenas cinco pães e dois peixes pode significar que os discípulos estavam muito desligados, que nem sabiam de sua própria situação, de sua necessidade de socorro, porque não tinham alimento suficiente, nem para si mesmos. Pode significar, também, que eles, na verdade, tinham mais e esconderam para não compartilhar. Neste caso, precisavam aprender a não serem egoístas.
Jesus organizou a todos em grupos, assentados sobre a relva, de cem em cem e de cinqüenta em cinqüenta, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, os abençoou; depois, partiu os pães e deu-os aos discípulos para que os distribuíssem; assim também fez com os dois peixes. Todos comeram, se fartaram, e ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe. Foram cinco mil, somente de homens (fora as mulheres e as crianças). Ao suprir a necessidade de pão para a multidão, Jesus ensinou-lhes a compartilhar, a serem organizados, ordeiros, a darem graças e a não desperdiçarem o que sobrava.
O Senhor, na sua compaixão, nos proporciona momentos de instrução específica, através de nossas necessidades mais básicas. Ao passarmos por várias tribulações, como doenças, dificuldades financeiras, todos os tipos de tormentos, físicos ou psicológicos, temos oportunidades didáticas que Deus, em sua compaixão, usa para nos tornar melhores servos seus.
Portanto, ao meditarmos sobre as nossas carências, devemos dar graças a Deus, quando podemos descansar todos os dias, em nossa casa, dormindo com segurança e paz; aproveitemos bem os momentos de laser com a família. Agradeçamos também pela instituição do domingo que, para a maioria, é um dia de fazermos uma pausa, para podermos ir à "casa de Deus" adorar, aprender e ensinar, ter um tempo de descontração com outros irmãos que também amam ao Senhor.
Devemos dar graças a Deus por termos a Bíblia em nossa própria língua. Isto é um sinal da compaixão de Deus para conosco. Devemos, pois, ler a Bíblia diariamente, para que tenhamos uma direção segura.
Precisamos olhar para nossa própria condição, examinarmos a nós mesmos, pois pode ser que não nos temos suprido de alimento espiritual suficiente. Se formos buscar, podemos descobrir que temos apenas "cinco pães e dois peixes"; que não temos aprendido o suficiente para ensinar os necessitados, e nem temos orientação segura, para nós mesmos.
O quanto pudermos, devemos ajudar aos que são carentes, dando graças a Deus por ter nos dado o suficiente, tanto para nós mesmos como para ajudar aos outros, pedindo a Deus que nos ajude a suprir, não somente o alimento e as outras necessidades físicas, mas também a sua carência espiritual, sendo irmãos, irmãs, pais, que lhes mostrem o caminho da salvação, em Jesus Cristo, nosso Senhor.
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