quinta-feira, 23 de julho de 2015

Suspirando, mas avançando


(Leia Mc 7.31-37)

A situação de nosso país, atualmente, é desanimadora. Há muitos desempregados, os preços estão subindo, os líderes corruptos têm grande chance de sair ilesos, e não há perspectivas de melhora. Às vezes, diante de um quadro assim, nós acabamos desistindo de nossos projetos. No texto de hoje, vemos que Jesus enfrentou momentos difíceis em seu ministério. As perspectivas, sob o ponto de vista humano, não eram muito boas. Diante disto, Jesus suspirou. Ele gemeu diante de um quadro desolador. Será que, naquele momento, ele pensou em desistir? Nesta história, podemos ver pelo menos três fatores que poderiam ter levado Jesus a desistir de sua missão, se não fosse a sua determinação em salvar-nos:

Primeiro fator: A imensidão de povo para ser evangelizado (31)

Jeus retirou-se das terras de Tiro e foi por Sidom, 30 Km ao norte. Depois atravessou o Jordão seguiu uns 95 Km para o sul, passando pela região de Decápolis, até à costa leste do mar da Galiléia.

Decápolis era a região da qual Jesus fora expulso em outra tentativa de evangelização. Tiro e Sidom eram cidades grandes, de comércio intenso. Ao passar por toda esta vasta região de cidades prósperas, com seu povo ocupado com o comércio e indústria, alheios ao próprio Senhor da glória que os visitava, Jesus deve ter suspirado: “A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos” (Mt 9.37).

Hoje, a população mundial é de quase 8 bilhões. Eu moro numa cidade bem populosa. Quando passo pelo terminal de ônibus urbano, tenho uma sensação de impotência, de vazio, vendo a grande multidão que passa por lá todos os dias. Observo as pessoas indo e vindo, geralmente apressadas, carregando, cada uma, seus anseios, suas dores, parecendo alheias ao mundo espiritual que as cerca. Imagino, pela expressão de cada um, se é crente ou não, se tem dedicado a Deus um tempinho na sua rotina diária de trabalho, estudo e lazer.

Diante de um trabalho assim, imenso e não promissor, Jesus podia ter desistido, mas não desistiu. Prosseguiu no seu propósito de salvação.

Segundo fator: A situação deplorável do povo (32-35)

Então, lhe trouxeram um surdo e gago e lhe suplicaram que impusesse as mãos sobre ele. Mas, em vez disso, Jesus o tirou da multidão, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e lhe tocou a língua com saliva; depois, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse: Efatá!, que quer dizer: Abre-te! Abriram-se-lhe os ouvidos, e logo se lhe soltou o empecilho da língua, e falava desembaraçadamente.

Numa situação semelhante, em Jo 11.32-38, quando Jesus chega para o funeral de Lázaro, Maria lança-se aos seus pés, dizendo: "Senhor, se estiveras aqui, meu irmão não teria morrido." "Jesus, vendo-a chorar, e bem assim os judeus que a acompanhavam, agitou-se no espírito e comoveu-se." E ao ver onde fora sepultado, Jesus chorou. Os judeus disseram: Vede quanto o amava. Mas alguns questionaram: "Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer que este não morresse?" Jesus agitou-se novamente em si mesmo, encaminhou-se para o túmulo, e ressuscitou Lázaro.

Deus deve estar suspirando neste momento, vendo a situação deplorável em que se encontram os nossos conhecidos, que enfrentam doenças graves, como o câncer, que estão nos hospitais entre a vida e a morte. Se Jesus estivesse aqui, fisicamente, diria uma palavra, tocaria com seus dedos, colocaria saliva no local doente, e a saúde destas pessoas seria restaurada. Mas, até quando?

Usando a mesma palavra que foi traduzida aqui como "suspiro", em Romanos 8.23 Paulo diz que a natureza, tanto quanto nós, igualmente "gememos" em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. Em 2Coríntios 5.2 diz que, neste tabernáculo, que é o nosso corpo, "gememos", aspirando por sermos revestidos da nossa habitação celestial;"

Diante de uma situação assim, de pessoas doentes e desesperadas, com sofrimentos sem fim, Jesus poderia ter desistido, mas não desistiu. Antes, prosseguiu, no seu propósito de salvação.

Terceiro fator: A falta de sintonia do povo para com os propósitos de Deus (36,37)

Tendo curado o homem, Jesus lhes ordenou que a ninguém o dissessem; contudo, quanto mais recomendava, tanto mais eles o divulgavam. Eles maravilhavam-se sobremaneira, dizendo: "Tudo ele tem feito esplendidamente bem; não somente faz ouvir os surdos, como falar os mudos."

O povo queria que Jesus curasse as suas doenças, que resolvesse todos os seus problemas, mas não queriam obedecer. Não era a primeira vez que Jesus advertia o povo para não divulgar suas curas, mas as palavras de Jesus passavam longe de seu coração. As pessoas queriam a glória, mas não a responsabilidade. Queriam a cura, mas não queriam compromisso.

Eu trabalho em um banco, e um dos produtos que tenho mais dificuldade em vender no é o seguro de vida. É difícil convencer as pessoas a pensarem que podem morrer ou sofrer um acidente grave a qualquer momento, que têm que pensar em si e nos seus familiares, caso venham a faltar. Outro produto difícil de vender é o plano de aposentadoria. É difícil convencer um jovem de que ele um dia vai ficar velho e precisa planejar desde já, guardando dinheiro para que, no futuro, tenha melhores condições financeiras para arcar com as despesas da velhice. As pessoas querem os benefícios, mas não querem pagar o preço.

Eu acho que era coisa semelhante, o que Jesus estava pensando quando desceu do monte da transfiguração, em Mc 9.14-19, pois quando se aproximou dos discípulos, viu numerosa multidão ao redor e que os escribas discutiam com eles. Toda a multidão, ao ver Jesus, tomada de surpresa, correu para ele e o saudava. Jesus interpelou os escribas: Que é que discutíeis com eles? Então o pai de um menino, possesso de um espírito mudo, contou-lhe sua história, dizendo que seus discípulos não o puderam curar. Então, Jesus lhes disse: "Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei?"

Precisamos pagar o preço de muitas bênçãos. Nem todas são gratuitas. Se quisermos a bênção de sermos sábios, temos que ler a Bíblia. Se quisermos prosperar, temos que trabalhar. Se quisermos uma família unida, harmoniosa, filhos obedientes, temos que vir aos cultos regularmente, liderar nossa família nos caminhos do Senhor. Não dá para colher frutos diferentes das sementes que temos semeado.

Diante destes fatores, Jesus podia ter desistido, mas, glória a Deus! Ele não desistiu. Foi até o fim, em seu propósito de salvação. Ele quer que nós também o imitemos, e que não desistamos diante de situações desanimadoras. E não façamos o Senhor suspirar, por causa de nossa incredulidade, mas vamos prosseguir, pela fé, em sintonia com o seu Espírito, o qual intercede por nós com gemidos inexprimíveis.

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