terça-feira, 25 de agosto de 2015
Fontes de recursos para momentos de crise
(Leia Mc 9.14-29)
Estamos vivendo uma crise sem igual. O país está desequilibrado, sob muitos aspectos, especialmente moral, político e econômico. Alguns se prepararam para a crise econômica, fazendo uma reserva financeira durante os prósperos anos anteriores. Agora, provavelmente estão utilizando estes recursos. Nós também, na busca de solução para os nossos problemas, utilizamos as fontes de recursos que estão à nossa disposição. Este texto conta a história de pessoas que, ao se depararam com uma crise espiritual, correram aos recursos disponíveis. Podemos dizer que, nestes momentos, é possível recorrer a pelo menos três fontes de recursos.
PRIMEIRA FONTE: O CONHECIMENTO (14-16)
Chegando aos pés do monte, Jesus e os três apóstolos viram numerosa multidão ao redor, e os escribas discutiam com os outros discípulos. A multidão, ao ver Jesus, tomada de surpresa, correu para ele e o saudava. Ele interpelou os escribas: "Que é que discutíeis com eles?"
Os escribas discutiam com os discípulos acerca do seu fracasso, ao tentarem curar o rapaz. Quem sabe os discípulos ficaram envergonhados, porque a sua teoria, na prática, não funcionou? Mas não deram o braço a torcer, não foram humildes o bastante para assumir que estavam impotentes diante de uma situação inusitada. Quem sabe não se aventuraram num debate sobre doutrinas, justamente com os escribas? Enquanto isto, o rapaz endemoninhado estava ali, dando trabalho ao seu pai desesperado, e a multidão querendo ver "o circo pegar fogo". Provérbios 3.5 nos exorta: "Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento"; mas nem os discípulos, nem os escribas, nem as pessoas na multidão pareciam tomar conhecimento de que isto era um assunto para Deus. O mal que acometia o rapaz deixava todos atônitos e incomodados, e ninguém ali sabia apontar a solução; mas em vez de admitirem isto, preferiram alimentar seu ego, disputando entre si para determinar quem tinha a melhor explicação para o problema.
Nós estudamos muito para adquirir conhecimento, porque sabemos que um dia vamos precisar. O conhecimento freqüentemente se torna útil, mas não sabemos para quê, até o momento em que encontramos uma aplicação para ele. Por isto, o conhecimento é tão valorizado no mundo, e os diplomas são tão honrados. Esta particularidade do acúmulo de conhecimento tem levado muita gente diplomada a se ensoberbecer, e isto não é bom, principalmente porque neutraliza um importante princípio da ciência: o princípio de que nunca saberemos tudo, que sempre temos algo mais para aprender.
Nossos conhecimentos são uma fonte importante de recursos, mas, neste caso, o conhecimento pouco adiantou.
SEGUNDA FONTE: A MISERICÓRDIA DE DEUS (17-24)
Saindo dentre a multidão, um homem disse: "Mestre, trouxe-te o meu filho, possesso de um espírito mudo (...). Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam.". Ao que Jesus exclamou: "Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei?". Apresentando o menino e explicando o problema, o homem pediu: "se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos." Ao que lhe respondeu Jesus: "Se podes! Tudo é possível ao que crê." O pai do menino exclamou com lágrimas: "Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!"
Há um ditado popular português que diz: "Ao menino e ao borracho põe-lhes Deus a mão por baixo". No Brasil, costumamos dizer: "Deus protege as criancinhas e os bêbados", significando que, como estas pessoas fazem maluquices inconscientemente, Deus ordena aos seus anjos que estejam alertas para evitar acidentes. Pode ser, mas aos pais das criancinhas e aos que se comportam como bêbados, fazendo maluquices sem atentar para o perigo, é bom saber que é uma irresponsabilidade depender somente da misericórdia de Deus, sem seguir os caminhos da prudência.
O pai do menino endemoninhado desafiou o poder de Deus, chorou, apelou. Mas Jesus o chamou à responsabilidade. Era a sua fé que estava sendo provada. Jesus disse: "Tudo é possível ao que crê". Desta afirmação podemos deduzir que era possível a cura do seu filho, mesmo que Jesus não estivesse presente. O homem, porém, não creu. Estava incluído entre aqueles de quem Jesus disse: "Ó geração incrédula (...)"! Precisou que Jesus, pessoalmente, em sua misericórdia, resolvesse o caso.
Se não quisermos ser uma geração incrédula, temos que demonstrar a nossa fé. Cremos que Deus pode curar, que ele pode resolver todos os problemas, que ele pode nos tirar das enrascadas em que nos metemos, mas, como diz Tiago, "Até os demônios crêem e tremem" (2.19); devemos, antes de tudo, ter consciência de que "a fé sem as obras é inoperante" (2.20).
Se não formos fiéis na assistência aos cultos, na leitura diária da Bíblia e na oração, como seremos fiéis nas demais obras que Deus "preparou para que andássemos nelas" (Ef 2.10)?
Precisamos obedecer à vontade de Deus, vestindo a armadura espiritual, para que sejamos fortes e valorosos nas batalhas, começando pelo básico e avançando sem parar. Assim poderemos experimentar a realidade de que "tudo é possível ao que crê". Todos podemos, e devemos, recorrer à misericórdia de Deus, mas não é prudente andarmos como criancinhas, borrachos ou bêbados, esperando que Deus nos amortize as quedas o tempo todo.
TERCEIRA FONTE: A ORAÇÃO (25-29)
Vendo Jesus que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, que saiu, deixando-o como se estivesse morto. Mas o Senhor, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou. Chegando em casa, os seus discípulos lhe perguntaram em particular: "Por que não pudemos nós expulsá-lo?" Respondeu-lhes: "Esta casta não pode sair senão por meio de oração e jejum".
Jesus, tendo total autoridade sobre os demônios, ordenou, e prontamente o rapaz foi curado do mal que o afligira desde a infância. Os discípulos, porém, ainda estavam inquietos. Porque eles mesmos não conseguiram expulsar o demônio? O que estava faltando? A resposta era simples: oração. Ninguém pode achar que pode viver sem oração. Não há nenhuma possibilidade disto acontecer. Através da oração é que nos comunicamos com Deus. Você já imaginou duas pessoas vivendo sob o mesmo teto, anos e anos, sem se comunicarem? Serão sempre estranhos, apesar de morarem na mesma casa. Como poderíamos achar que com Deus é diferente?
Aos discípulos faltava oração. Não estavam orando o suficiente. E quanto a nós? Devemos orar sem cessar, enquanto caminhamos, trabalhamos, estudamos, em todo instante (1Ts 5.17). Devemos orar na Igreja, pois "está escrito: A minha casa será chamada casa de oração" (Mateus 21.13). Notemos que Paulo, no seu trabalho de evangelização, procurava locais onde pessoas estivessem reunidas para orar, como em Atos 16.13: "No sábado, saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que para ali tinham concorrido." Devemos orar em secreto, como nos instrui Mateus 6.6 : "Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará." Devemos orar antes das refeições, dando graças, pois isto é um hábito saudável.
Podemos entender, com a resposta de Jesus, que os discípulos poderiam ter expulso o demônio, eles mesmos, se não tivessem negligenciado a oração. Mas será que é verdadeiro afirmar que eles poderiam curar qualquer doença, expulsar qualquer demônio, resolver qualquer problema, através de uma oração de fé? Será que podemos aplicar, neste sentido bem amplo, a idéia de que o crente tem à sua disposição super-poderes, pois "tudo é possível ao que crê"?
Se fosse assim, não haveria mais doenças no mundo, nem qualquer tipo de problema. Antes, porém, o crer envolve aceitar que Deus não nos dá tudo o que pedimos, para o nosso próprio bem. Tomemos como exemplo uma oração do próprio Senhor Jesus, em Marcos 14.36 "(...) Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres." Todos sabemos qual foi a resposta a esta oração. Era possível para o Pai passar de Jesus o terrível cálice da cruz? Sim, era possível. Era a vontade do Pai passar de Jesus este cálice? Não, não era.
Quando falamos que "tudo é possível ao que crê", devemos incluir, entre as possibilidades, aceitar um "não" como resposta de Deus, sem que nossa fé seja abalada. Que possamos aprender com Paulo, que afirmou em Fp 4.12,13: "Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece."
Assim, vamos nos preparar para as crises, acumulando o bom conhecimento da palavra de Deus, sem que isto nos torne soberbos. Não deixemos de clamar pela misericórdia de Deus, mas não sejamos imprudentes, pois na hora da crise vamos precisar recorrer à nossa reserva de recursos espirituais, que só uma vida de oração nos proporciona.
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
Falsas Expectativas
(Leia Mc 9.9-13)
Decepções acontecem em nossa vida. Você já ficou decepcionado por esperar tanto por algo, e depois ver que as coisas não eram do jeito que esperava? Por uma pessoa, de quem você fazia uma imagem, e depois descobriu que ela não era assim? Ou recebeu um presente de aniversário, numa linda embalagem, mas o conteúdo não agradava? O modo como as coisas aconteceram na vinda do Messias também pode ter causado decepção para Israel e outros que aguardavam a promessa. Vemos neste texto algumas FALSAS EXPECTATIVAS que poderiam causar-lhes decepção.
I - A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS ANTES DO TEMPO (9,10)
Ao descerem do monte da transfiguração, ordenou-lhes Jesus que não divulgassem as coisas que tinham visto, até o dia em que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos. Eles guardaram a recomendação, perguntando uns aos outros o que seria o ressuscitar dentre os mortos.
Quando Jesus lhes falou desta maneira, os discípulos devem ter pensado: "Como assim?" Para alguém ressuscitar, tem primeiro que morrer! Talvez interpretassem Salmos 16.10 ("Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção"), como uma afirmação de que o Messias jamais iria morrer.
Sabiam, sim, que haveria uma ressurreição dos que já estavam mortos, como disse Daniel em 12.2: "Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno". E provavelmente esperavam que isto ia acontecer logo, junto com o estabelecimento imediato do reino messiânico.
Os discípulos refletiam o pensamento da maioria em Israel e dentre os demais que esperavam a vinda do Messias. As palavras de Jesus, portanto, soavam estranhas. De que ressurreição, afinal, ele estava falando? Se o Messias ia trazer a ressurreição, porque ele morreria logo em seguida, para depois ressuscitar? Estas informações não se encaixavam nas falsas expectativas do povo, e por isto não podiam entender as palavras do Mestre.
II - A VINDA DE ELIAS COM GRANDES MANIFESTAÇÕES DE PODER (11)
Os discípulos interrogaram Jesus: "Por que dizem os escribas ser necessário que Elias venha primeiro?". Ao fazer esta pergunta, é provável que tivessem em mente a experiência recente da visão de Jesus glorificado, conversando com Moisés e Elias. Se Elias estava ali, então seria cumprida a profecia da restauração do reino de Israel, pensavam. Mas não atentavam para o fato de que Elias já tinha vindo, conforme o anúncio do anjo ao sacerdote Zacarias sobre seu filho, que estava para nascer, em Lc 1.17: "E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado." Jesus também já tinha instruído seus discípulos a respeito de João Batista, em Mt 11.14: "E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir."
Mas, se João Batista era o cumprimento da profecia da vinda de Elias, porque ele não trouxe grandes manifestações de poder, de fogo que desce do céu, de ressurreição de mortos, de multiplicação de alimentos, de poder para fazer chover ou deixar de chover? Se era esta a sua expectativa, ficaram decepcionados. O próprio Elias aprendeu que Deus se comunica melhor através de cicios suaves do que de vendavais, terremotos e fogo (1 Rs 19.9-13).
III - A RESTAURAÇÃO IMEDIATA DE TODAS AS COISAS (12,13)
Jesus falou que Elias, vindo primeiro, restauraria todas as coisas, mas haviam mais elementos a serem analisados na profecia, pois também "está escrito sobre o Filho do Homem que sofrerá muito e será aviltado"; e além disso, "Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como a seu respeito está escrito."
A "restauração de todas as coisas" era uma grande expectativa na mente do povo de Deus, tanto que, até no último momento antes da ascensão de Jesus, eles ainda perguntavam: "Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?" (At 1.6). Mas, se eles esperavam que isto ia acontecer imediatamente, ficaram decepcionados. Os israelitas que creem em Jesus, juntos com todos os crentes, ainda aguardam com paciência e perseverança a restauração de todas as coisas, sendo alertados, em 2Ts 2.2,3, a não se demoverem de suas mentes, pois "isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição"; e em 2Pe 3.3, a ter "em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões"
Podemos ficar decepcionados com a Igreja, ou até mesmo com Deus, porque não fomos curados de uma doença, ou porque nossa intercessão não foi respondida, ou porque o emprego que esperávamos não veio, ou porque os irmãos não são tão santos quanto achamos que deviam ser. Se este for o caso, precisamos aprender que o Senhor requer de nós perseverança. Não criemos, pois, falsas expectativas, mas em primeiro lugar conheçamos as promessas de Deus para que creiamos nelas. Ele nos dará tudo o que nos prometeu, mas não tudo o que achamos que ele prometeu.
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
Destacando-se na multidão
(Leia Mc 9.1-8)
Você tem o desejo de ser especial para alguém? Quer ser o filho mais querido, o funcionário mais destacado, especial para seu namorado ou namorada? Este texto nos fala de pessoas que foram especiais, destacadas das demais.
TRÊS discípulos de destaque entre os doze (1-3)
Jesus falou aos discípulos: "em verdade vos afirmo que, dos que aqui se encontram, alguns há que, de maneira nenhuma, passarão pela morte até que vejam ter chegado com poder o reino de Deus". Uma semana depois, Jesus levou consigo a Pedro, Tiago e João à parte, a um alto monte. Foi transfigurado diante deles; as suas vestes tornaram-se resplandecentes e muito brancas, como nenhum lavandeiro na terra poderia branquear.
Pedro, Tiago e João se destacaram dentre os doze apóstolos, os únicos convidados para testemunharem o milagre da transfiguração. Este destaque também aconteceu em pelo menos duas outras ocasiões: na cura da filha de Jairo (Marcos 5.37) e na oração do Getsêmani (Mc 14.33). Por que eles foram destacados? Eram especiais? Eram melhores do que os outros? Analisemos um pouco a sua história:
Pedro vivia dando "bola fora". Foi repreendido por Jesus pouco antes, sendo chamado até de Satanás (Mc 8.33). Foi ignorado quando sugeriu, num delírio, fazer três tendas no cume do monte; ficou sem palavras e acabou mentindo aos cobradores das "duas dracmas" (Mt 17.24); achou que estava "arrasando" em Mt 18.21, quando se propôs a perdoar sete vezes um irmão, mas foi surpreendido com a exigência do Mestre de perdoar setenta vezes sete, num só dia; puxou da espada e atacou um servo do sumo sacerdote (Jo 18.10); negou Jesus.
Quanto a João e Tiago, eram chamados os "filhos do trovão", provavelmente por causa de seu temperamento explosivo, autoritário, e às vezes inconveniente. Em Lc 9.49,50, João proibiu pessoas de expelirem demônios, porque não seguiam com eles, no que foi repreendido por Jesus. Em Lc 9.52-55, os dois irmãos queriam mandar descer fogo dos céus para consumir uma aldeia de samaritanos. Em Mc 10.35-37, fizeram um pedido "indecente" para que ocupassem um lugar bem ao lado de Jesus, no seu reino.
Penso que Jesus não escolheu estes três porque eram os melhores, mas por algum outro motivo de sua vontade sábia e soberana.
DOIS profetas de destaque entre dezenas em Israel (4-6)
Enquanto Jesus estava orando, os três apóstolos viram aparecer Elias com Moisés, falando com Jesus. Então, Pedro disse: "Mestre, bom é estarmos aqui e que façamos três tendas: uma será tua, outra, para Moisés, e outra, para Elias." Mas não sabia o que dizia, porque estavam aterrados.
Lucas, narrando a mesma história, revela que o assunto da conversa de Jesus com Moisés e Elias era "da sua partida" (Lc 9.30,31). Que honra para estes dois profetas que, em glória, conversaram com Jesus sobre um assunto tão importante, como a conclusão do ministério messiânico, a crucificação e a ressurreição, o que estava prestes a acontecer. Será que Jesus estava pedindo a opinião deles? Será que, como aconteceu na conversa com Abraão, antes da destruição de Sodoma e Gomorra, a sua opinião influenciou na maneira como as coisas iriam acontecer?
Sabemos, porém, que tanto Moisés quanto Elias eram homens sujeitos a paixões, assim como eu e você. Moisés teve uma vida difícil. Separado dos pais e irmãos desde o nascimento, não abandonou suas raízes. Quando queria ser líder de seu povo, foi rejeitado. Ficou exilado desde os quarenta até os oitenta anos, e sendo já velho, desacreditava de si mesmo. Foi incumbido de "carregar no colo" uma imensa nação de quase dois milhões, suportou duas gerações rebeldes, e foi punido por Deus, que negou-lhe um desejo simples mas importante, de pisar na terra prometida.
Elias, igualmente, não teve vida fácil. Passou a fome junto como o povo durante três anos e meio. Depois de uma vitória sobre os profetas de Baal e de uma literal "resposta relâmpago" do Senhor, lutou em oração para que a chuva voltasse no tempo certo, orando sete vezes. Em sequência foi perseguido por Jezabel e decepcionou-se consigo mesmo, por ter se acovardado.
Se homens como eles, com fraquezas e defeitos, alcançaram posição de tanta honra, eu e você também podemos vir a alcançar. Mas somente um homem, dentre toda a humanidade, pode orgulhar-se de ter conseguido destaque por seus próprios méritos.
UM homem de destaque entre dezenas de bilhões (7,8)
Enquanto Pedro ainda falava, uma nuvem os envolveu; e dela ouviram a voz do Pai: "Este é o meu Filho amado; a ele ouvi." E, de relance, olhando ao redor, a ninguém mais viram com eles, senão Jesus.
Não é possível sabermos exatamente quantas pessoas já viveram na terra, desde Adão. Alguns se aventuraram a fazer uma estimativa, e chegaram a um número perto de 108 bilhões (*). E Jesus foi destacado pelo Pai, como aquele por quem todos os homens, de todos os tempos, devem passar, para alcançar a vida eterna.
Pedro fala do episódio da transfiguração, em 2Pe 1.17, dizendo que Jesus recebeu, da parte de Deus Pai, "honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo." Declarou, ainda, diante dos sacerdotes, em Atos 4.12: "E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos." Paulo, pregando para os atenienses, disse que Deus "estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos" (At 17.31). O mesmo apóstolo, dando instruções a um jovem discípulo, diz que "há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1Tm 2.5).
Você, como eu, gostaria de não passar pela vida em vão, de não ser apenas mais um entre as dezenas de bilhões de homens que já viveram na terra? Gostaria de, um dia, poder falar diretamente com Deus, o criador? O seu caminho, então, deve começar com Jesus. Creia que ele é o Salvador, designado por Deus; confesse os seus pecados e faça com ele o compromisso de não pecar mais, recebendo Jesus como seu Senhor.
Você, como Pedro, Tiago, João, Moisés e Elias, quer servir a Deus e destacar-se no meio da multidão? Sua vida tem sido desastrada como a de Pedro, Tiago e João? Está desacreditado de si mesmo, como Moisés? Deprimido como Elias? O Pai dos céus aponta para Jesus e diz: "Este é o meu Filho amado; a ele ouvi." (Mc 9.7)
(*) How Many People Have Ever Lived on Earth? - Disponível em: http://www.prb.org/Publications/Articles/2002/HowManyPeopleHaveEverLivedonEarth.aspx. Acesso em: 17/08/2015
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Quem é Jesus para você?
(Leia Mc 8.27-38)
Jesus Cristo mudou a história do mundo. Sua vinda marcou uma nova era. Pouca gente nega a sua existência, mas há muitas opiniões divergentes a seu respeito. Como diz uma antiga música: “Muito embora um só Jesus exista, bem poucos sabem vê-lo como é. Filósofo, poeta ou comunista, ou mesmo hippie, já se disse até”. Neste texto, Jesus faz uma pausa para conversar com os discípulos, e pergunta: “Quem dizem os homens que sou eu?” Este diálogo acabou revelando pelo menos quatro perspectivas a respeito da personalidade do Senhor Jesus.
Primeira: A perspectiva dos homens – Um grande homem, apenas (27,28)
Tendo partido para as aldeias de Cesaréia de Filipe, no caminho, Jesus perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens que sou eu?” E responderam: João Batista; outros: Elias; mas outros: Algum dos profetas.
O mundo reconhece a existência de Jesus, mas para a maioria ele foi apenas um grande homem. Num artigo disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus (Acesso em: 08-08-2015), lemos que:
"Numa revisão em 2011 do estado da arte da investigação contemporânea, Bart Ehrman escreveu: "Com certeza existiu, já que praticamente qualquer investigador clássico competente concorda, seja ou não cristão". Richard A. Burridge afirma: "Há aqueles que argumentam que Jesus é produto da imaginação da Igreja e que nunca houve qualquer Jesus. Devo dizer que não conheço nenhum acadêmico de renome que ainda afirme isso". Robert M. Price não acredita que Jesus tenha existido, mas reconhece que o seu ponto de vista é contrário à maioria dos acadêmicos. James D.G. Dunn chama às teorias da inexistência de Jesus "uma tese completamente morta". Michael Grant (um classicista) escreveu em 1977: "em anos recentes, nenhum acadêmico sério se aventurou a postular a não historicidade de Jesus, e os poucos que o fazem não tiveram qualquer capacidade de contrariar as evidências no sentido contrário, muito mais abundantes e fortes. Robert E. Van Voorst declara que os acadêmicos bíblicos e historiadores clássicos encaram as teorias da inexistência de Jesus como completamente refutadas (...) O Alcorão menciona o nome de Jesus vinte e cinco vezes, mais do que o próprio Maomé, e enfatiza que Jesus foi também um ser humano mortal que, tal como todos os outros profetas, foi escolhido de forma divina para divulgar a mensagem de Deus."
Será que, para você, Jesus é apenas um grande homem? Vejamos porém, uma outra perspectiva.
Segunda: A perspectiva dos discípulos – O Cristo de Deus (29,30)
Prosseguiu Jesus: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?” E Pedro respondeu: “Tu és o Cristo.” Jesus advertiu-os de que a ninguém dissessem isto a seu respeito.
É tão importante reconhecer que Jesus não foi apenas um grande homem, mas o Cristo, aquele que Deus escolheu para salvar os que creem e reinar sobre toda a humanidade, que João, no seu evangelho, após dizer que Jesus fez tantos sinais que não poderiam ser todos escritos, alertou: "Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.¨ (Jo 20.31).
Paulo também falou desta importância em Rm 10.12-15: "Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!"
Mas Satanás, o Inimigo, não tinha esta perspectiva, como vemos a seguir.
Terceira: A perspectiva do Inimigo – Aquele que sofreu em vão (31-33)
Jesus começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que, depois de três dias, ressuscitasse. Expunha claramente quando Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo. Jesus, porém, voltou-se e, fitando os seus discípulos, repreendeu a Pedro e disse: “Arreda, Satanás! Porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens.”
A perspectiva do Inimigo confunde-se com a dos homens, que buscam uma vida inteiramente sem sofrimento.
A Igreja Universal, que alcançou muito sucesso, e que tem quase dois milhões de membros, tinha um Slogan que dizia; “Pare de Sofrer”. Hoje, em sua página do Facebook, a frase em destaque é mais amena, e diz: ”Onde uma vida muito melhor espera por você”. Em seu livro “O poder sobrenatural da Fé” (Rio de Janeiro: Editora Gráfica Universal, 2000), citado por Janete Rodrigues da Silva em: http://www.xiconlab.eventos.dype.com.br/resources/anais/3/1307040879_ARQUIVO_IgrejaUniversaldoReinodeDeus-OimperativoParedeSofrecomofundamentodeumanovateodiceia.pdf
(Acesso em: 08-08-2015), o líder da igreja escreve:
"[...] quando Deus criou a vida, criou-a com três grandes propósitos. O
primeiro, que ela fosse vivida em abundância, isto é, com todos os seus
direitos e privilégios, sem nenhuma forma de aflição, angústia ou
preocupação. No plano da criação de Deus, "viver a vida" significava
automaticamente viver a felicidade, pois o próprio Senhor Jesus afirmou:
"...eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância." João 10.10).
O segundo grande propósito foi que ela não tivesse nenhum tipo de
interrupção provocada por doenças, enfermidades, dores, enfim, qualquer
tipo de sofrimento ou morte. [...] Finalmente, o terceiro grande propósito
da vida, e o principal, foi o de, através dela, manifestarmos a Sua glória
por toda a eternidade, a começar aqui pela Terra [...] É por intermédio da
fé sobrenatural que os filhos de Deus tomam posse de toda a plenitude da
vida." (p.49).
Segundo Jesus, porém, uma perspectiva de vida sem sofrimento está ligada a Satanás, que "não cogita das coisas de Deus, e sim das dos homens". De acordo com a visão do Inimigo, Jesus não precisava sofrer, mas esta não era a vontade de Deus, que nos ensina em Hebreus 5.8 que ele, “embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu”.
Quarta: A perspectiva de Deus – O divisor de águas (34-38)
Jesus convocou a multidão e os seus discípulos, e disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Que daria um homem em troca de sua alma? Porque qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.”
Deus está olhando para a humanidade neste instante; ela é como um rio, seguindo o seu curso. Mas um dia, todos nós vamos “desaguar” no juízo final.
Em Ap 21.6-8 lemos: "Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida. O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho. Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte."
O “divisor de águas” da humanidade, é o Senhor Jesus. Quem tomar a sua cruz, seu instrumento de morte, e segui-lo, como ele também seguiu para a morte, pode perder muitas oportunidades que o mundo oferece, mas no fim ganhará a vida eterna. Quem não quiser perder sua vida, por amar o mundo, perderá para sempre a possibilidade da vida eterna.
Quem é Jesus para você? Sua resposta sincera pode determinar o seu destino.
Todo dia, quando acordamos, pegamos em primeiro lugar os objetos que achamos mais importantes. O que você pega em primeiro lugar, de manhã? O seu celular, o controle da televisão, a chave do carro ou moto, o jornal? Jesus nos convida: “tome a sua cruz e siga-me”. Vamos pegar a nossa cruz, todos os dias, fazendo isto simbolicamente através da oração e leitura da Bíblia, meditando sobre o que Deus nos tem dado com tarefa neste dia, e então vamos prosseguir com nossas atividades diárias, seguindo Jesus, e carregando a nossa cruz.
terça-feira, 11 de agosto de 2015
Vês alguma coisa?
(Leia Mc 8.22-26)
Uma vez assisti a um filme chamado "ensaio sobre a cegueira", baseado num livro do escritor português José Saramago. Achei interessante a história, porque nos leva a refletir sobre a importância da visão e os efeitos psicológicos e sociais que pode acarretar a falta dela. A história do cego de Betsaida, por sua vez, pode nos ajudar a refletir sobre a importância de buscarmos a cura para nossa própria cegueira espiritual. Entendi, nesta passagem, que há pelo menos três passos que precisamos dar para que sejamos curados da cegueira espiritual.
Primeiro passo: Reconhecermos o problema (22)
Chegando a Betsaida trouxeram a Jesus um cego, rogando que o tocasse. Aquele homem, é claro, sabia que tinha um grande problema, por isso acompanhou os homens que o levaram a Jesus. Um cego, hoje, tem muitos recursos que podem ajudá-lo a amenizar seu problema. Muitos até têm um bom emprego. A lei brasileira os favorece, obrigando, por exemplo, os restaurantes e lanchonetes a disponibilizarem menus em escrita braile, criando cotas para concursos públicos ou incentivando empresas privadas que os contratam. Mas no tempo de Jesus isto não era assim. Os cegos não podiam fazer muita coisa além de mendigar, para que pudessem sobreviver.
Falando de coisas espirituais, há pessoas que são cegas mas não reconhecem. Acham que podem guiar multidões, e as multidões cegas vão com elas para o abismo. Em Mateus 15.14 Jesus fala, a respeito dos fariseus: "Deixai-os; são cegos , guias de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco."
A cegueira, às vezes, é um instrumento de juízo, como quando Paulo feriu de cegueira um homem que se opunha à pregação do evangelho, em Atos 13.11: "Pois, agora, eis aí está sobre ti a mão do Senhor, e ficarás cego, não vendo o sol por algum tempo. No mesmo instante, caiu sobre ele névoa e escuridade, e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela mão." No campo espiritual isto também acontece, como observamos em João 9.39: "(...)Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos"
Nós podemos estar cegos e não reconhecermos, como os deficientes da fé, virtude, conhecimento, domínio próprio, perseverança, piedade, fraternidade, amor, descritos em 2Pedro 1.5-9.
Segundo passo: Não nos conformarmos com uma cura incompleta (23-25)
Tomando o cego pela mão, Jesus o levou para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe as mãos, o curou parcialmente. Fazendo, porém, o “teste de qualidade”, o homem admitiu que a cura ainda não estava perfeita. É claro que não se trata de uma falha de Jesus, portanto atribuo o ocorrido à fé do homem, que era pequena, e ao propósito do Mestre de nos ensinar alguma coisa.
Existem falsos profetas dizendo que curam nossas feridas, mas a cura é superficial, como os profetas e sacerdotes mencionados em Jr 6.13-14, que se davam à ganância, e usavam de falsidade, curando superficialmente a ferida do povo, dizendo: "Paz, paz; quando não há paz." Ainda falando sobre eles, Jeremias (8.9) pergunta retoricamente: "que sabedoria é essa que eles têm?"
O rei Jeoás não creu o suficiente para receber de Deus livramento completo do país inimigo, na história de 2Rs 13.14-19. Segundo Eliseu, a fé do rei foi provada no ato de atirar contra a terra, depois de ser avisado que isto simbolizava a vitória de Israel contra os sírios. Joás demonstrou pouco entusiasmo, ferindo a terra apenas três vezes, quando deveria tê-lo feito cinco ou seis vezes.
Pedro quase afogou-se no mar porque duvidou no meio de uma demonstração de poder, em Mt 14.23-31.
Nós podemos deixar de receber sabedoria (visão) por falta de fé, como nos adverte Tiago em 1.2-6: "Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes. Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento."
Para que a cura do cego de Betsaida fosse completa, Jesus "novamente lhe pôs as mãos nos olhos, e ele, passando a ver claramente, ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito."
No que diz respeito à nossa situação espiritual, Deus quer que sejamos perfeitos. Não quer que nos contentemos com curas incompletas. Em Gênesis 17.1 lemos que, "quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o SENHOR e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito. Em Deuteronômio 18.13 Deus exige de Israel: "Perfeito serás para com o SENHOR, teu Deus.", o mesmo que faz Jesus com seus discípulos em Mateus 5.48, quando ensina: "Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste." O caminho para a perfeição passa necessariamente pela leitura e prática da Palavra de Deus, conforme 2 Timóteo 3.14-17, que apresenta a Escritura como útil para que "o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra."
Terceiro passo: Obediência (26)
Tendo curado o homem, Jesus o mandou embora para casa, recomendando-lhe: Não entres na aldeia.
Jesus freqüentemente dava uma ordem a alguém, depois de o curar. Ao enfermo de João 5.14 ele disse: "Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior." Ao leproso de Marcos 1.44 ele ordenou: "Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para servir de testemunho ao povo."
A importância da obediência é destacada na história de Saul, em 1Sm 15.18-23, onde Samuel o leva a considerar: "Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar".
Será que estamos enxergando as coisas claramente? Examinemos a nós mesmos. Não vamos nos contentar em sermos cristãos medianos, que só assistem aos cultos. Vamos trabalhar na obra do Senhor, pois a obra está carente de trabalhadores. Sejamos obedientes, para não perdermos a saúde espiritual, nem a nossa visão.
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
Não tentarás o Senhor, teu Deus
(Leia Mc 8.1-21)
Você é uma pessoa que se irrita com facilidade? Muitas pessoas são assim, e também há outras que se destacam por serem muito pacientes. Há outros que, por outro lado, às vezes nos tiram do sério. São coisas da vida.
Jesus também se irritava, embora seus momentos de irritação nunca o tivessem feito pecar. Este parágrafo mostra como as pessoas irritavam o Senhor Jesus, e nos leva ao discernimento de que nossas ações ou atitudes podem irritar, podem tentar a Deus. Vejamos alguns cuidados que devemos ter para não tentar a Deus.
Primeiro cuidado: Não duvidar, nem menosprezar os milagres (1-9)
Uma grande multidão estava reunida outra vez, e não tinham o que comer. Então Jesus chamou os discípulos e compartilhou seus sentimentos: "Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanecem comigo e não têm o que comer. Se eu os despedir para suas casas, em jejum, desfalecerão pelo caminho; e alguns deles vieram de longe." Ao que os discípulos responderam: "Donde poderá alguém fartá-los de pão neste deserto?" Jesus, informado de que tinham apenas sete pães, ordenou ao povo que se assentasse e, tomando os sete pães, deu graças, e os partiu, dando aos discípulos, para que os distribuíssem. Distribuiu igualmente alguns peixinhos. As pessoas comeram e se fartaram; e recolheram sete cestos cheios de pedaços. Eram cerca de quatro mil homens.
A pergunta que os discípulos fizeram: "Donde poderá alguém fartá-los de pão neste deserto?" revelava, no mínimo, dúvida de que Jesus pudesse multiplicar novamente os pães e peixes, como já havia feito, pouco tempo antes. Se não era dúvida, era desprezo. Jesus, o Senhor, estava ali, ao lado deles. Como podiam fazer uma pergunta destas, como se estivessem ignorando a presença daquele que era a solução de todos os seus problemas?
Tiago aponta aos seus ouvintes, em Tg 4.2, o motivo de eles não serem, muitas vezes, abençoados, quando diz: "Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis;"
Em Is 7.10-14, vemos que o rei Acaz recusou-se a pedir ao SENHOR um sinal, quando este lhe ofereceu. Acaz, ao que parece, colocou uma máscara de santidade e disse: "não tentarei ao SENHOR". Naquele contexto, Acaz fez exatamente o que disse que não faria, pois Isaías lhe respondeu: "Ouvi, agora, ó casa de Davi: acaso, não vos basta fatigardes os homens, mas ainda fatigais também ao meu Deus? Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel."
Às vezes duvidamos que Deus possa suprir as nossas necessidades. Conheci um casal, recém-casado, com um filho de seis meses, que comentou com o pastor que precisava arrumar uma creche para deixar o filho, pois a esposa tinha que trabalhar. O pastor os aconselhou a não fazer isto. Que a esposa ficasse em casa e somente o marido trabalhasse para suprir as necessidades financeiras. Poderiam ficar apertados financeiramente, mas Deus ia honrar sua fé. Eles optaram por ouvir o conselho, e cuidar eles mesmos do seu filho, em vez de deixá-lo numa creche, porque acharam que esta era a decisão certa, mesmo que tivessem que passar necessidade. Esta decisão se repetiu, quando veio o segundo filho. Se decidissem o contrário, para eles, seria duvidar que Deus pudesse suprir; seria desprezar o milagre que Deus podia fazer, suprindo suas necessidades, mesmo com um salário a menos na renda familiar. Seria tentar a Deus, achando que ele ia cuidar bem de seus filhos, mesmo que deixassem para a creche, ou mesmo para os avós, darem a eles a educação que julgassem melhor.
Conheci também uma mulher que não saía de casa porque tinha medo que roubassem os seus bens. Sempre a convidávamos para ir à Igreja, mas ela não ia, falando que não podia deixar a casa sozinha. Nós também tínhamos medo de que entrassem em nossa casa quando estávamos ausentes, mas íamos à Igreja mesmo assim, porque sabíamos que isto era o certo a fazer. Se ficássemos em casa por medo de sermos roubados, estaríamos tentando a Deus, achando que ele iria nos abençoar, nos dar sabedoria para enfrentarmos os problemas da vida, mesmo que não fôssemos à Igreja para adorá-lo e aprender mais de sua palavra.
Segundo cuidado: Não negociar nossa fé (10-12)
Jesus embarcou com seus discípulos, e partiu para as regiões de Dalmanuta. Saindo os fariseus, tentaram-no, pedindo um sinal do céu. Jesus, porém, "arrancou do íntimo do seu espírito um gemido e disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não se lhe dará sinal algum."
O pedido dos fariseus insinuava que somente seguiriam Jesus se ele lhes desse um sinal convincente. Eram como Jacó, em Gn 28.20-22, que fez um voto, dizendo que, se Deus o ajudasse, dando pão para comer e roupa para vestir, então o SENHOR seria o seu Deus.
Conheci um jovem adolescente que um dia fez um desafio para Deus. Ele estava desanimado da vida, e disse para Deus que, se ele não fizesse nada acontecer para animá-lo, não iria mais segui-lo. Deus, em sua misericórdia, deu a ele o que queria, e fez com que ele tivesse um gostinho da fama, fazendo com que ele obtivesse sucesso num festival de música, ficando em primeiro lugar, sendo admirado pelo público e até por seu pai, que inesperadamente apareceu no auditório, durante a apresentação, e emocionado o beijou. O adolescente reconheceu que isto era a resposta de Deus, e mais importante do que isto, reconheceu que fora imprudente ao tentar a Deus desta maneira. Não estamos em condições de negociar com Deus. Ele é o Deus supremo e soberano. Não precisa de nós.
Terceiro cuidado: Não esquecer as bênçãos passadas (13-21)
Indo para o outro lado do lago, os discípulos se esqueceram de levar pães. Jesus preveniu-os da doutrina dos fariseus e herodianos, dizendo: "Vede, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes. E eles acharam que Jesus se referia ao fato de eles não terem trazido pão. "Jesus, percebendo-o, lhes perguntou: Por que discorreis sobre o não terdes pão? Ainda não considerastes, nem compreendestes? Tendes o coração endurecido? Tendo olhos, não vedes? E, tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais de quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes? (...) E de quando parti os sete pães para os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes? (...) Não compreendeis ainda? "
Os discípulos não se lembraram dos milagres que Jesus tinha feito. Estavam tão endurecidos de coração que nem prestavam atenção no que Jesus dizia. Estavam tão preocupados com o fato de não terem se provido de pão, que entenderam errado a ilustração do fermento.
Moisés exortou o povo em Dt 4.9: "Tão-somente guarda-te a ti mesmo e guarda bem a tua alma, que te não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e as farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos."
Estaremos tentando a Deus se não nos lembrarmos das bênçãos que nos tem dado no passado, e não reconhecermos que ele tem suprido tudo o que necessitamos.
Há um mês, realizamos um culto de ações de graças na casa de uma família que não se esqueceu de que o Senhor lhes dera a possibilidade de comprarem uma casa. Passaram por momentos de angústia no processo de aquisição, e oramos pedindo que Deus concedesse a bênção para que tudo desse certo, suprindo desde a documentação até o dinheiro para que o seu sonho se tornasse possível. Estivemos lá para agradecer a Deus por suas bênçãos. Eles fizeram questão de que fôssemos ali e realizássemos um culto de ações de graças. Se eles se esquecessem de que foi uma bênção de Deus, o fato de estarem hoje naquela casa, estariam tentando a Deus. Mas fizeram o que é certo, dando glória a Deus por suas bênçãos, e continuando a servi-lo, e querendo aprender cada vez mais, e confiando que ele continuará a suprir o que é necessário, agora e no futuro.
Portanto, tomemos estes cuidados, e não duvidemos nem desprezemos os milagres de Deus, não achemos que nossa fé é um meio de negociarmos com Deus, e jamais nos esqueçamos das bênçãos que temos recebido. Ouçamos as repreensões de Deuteronômio 6:.16: "Não tentarás o SENHOR, teu Deus, como o tentaste em Massá."; e de 1Co 10.9: "Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas mordeduras das serpentes."
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