terça-feira, 25 de agosto de 2015
Fontes de recursos para momentos de crise
(Leia Mc 9.14-29)
Estamos vivendo uma crise sem igual. O país está desequilibrado, sob muitos aspectos, especialmente moral, político e econômico. Alguns se prepararam para a crise econômica, fazendo uma reserva financeira durante os prósperos anos anteriores. Agora, provavelmente estão utilizando estes recursos. Nós também, na busca de solução para os nossos problemas, utilizamos as fontes de recursos que estão à nossa disposição. Este texto conta a história de pessoas que, ao se depararam com uma crise espiritual, correram aos recursos disponíveis. Podemos dizer que, nestes momentos, é possível recorrer a pelo menos três fontes de recursos.
PRIMEIRA FONTE: O CONHECIMENTO (14-16)
Chegando aos pés do monte, Jesus e os três apóstolos viram numerosa multidão ao redor, e os escribas discutiam com os outros discípulos. A multidão, ao ver Jesus, tomada de surpresa, correu para ele e o saudava. Ele interpelou os escribas: "Que é que discutíeis com eles?"
Os escribas discutiam com os discípulos acerca do seu fracasso, ao tentarem curar o rapaz. Quem sabe os discípulos ficaram envergonhados, porque a sua teoria, na prática, não funcionou? Mas não deram o braço a torcer, não foram humildes o bastante para assumir que estavam impotentes diante de uma situação inusitada. Quem sabe não se aventuraram num debate sobre doutrinas, justamente com os escribas? Enquanto isto, o rapaz endemoninhado estava ali, dando trabalho ao seu pai desesperado, e a multidão querendo ver "o circo pegar fogo". Provérbios 3.5 nos exorta: "Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento"; mas nem os discípulos, nem os escribas, nem as pessoas na multidão pareciam tomar conhecimento de que isto era um assunto para Deus. O mal que acometia o rapaz deixava todos atônitos e incomodados, e ninguém ali sabia apontar a solução; mas em vez de admitirem isto, preferiram alimentar seu ego, disputando entre si para determinar quem tinha a melhor explicação para o problema.
Nós estudamos muito para adquirir conhecimento, porque sabemos que um dia vamos precisar. O conhecimento freqüentemente se torna útil, mas não sabemos para quê, até o momento em que encontramos uma aplicação para ele. Por isto, o conhecimento é tão valorizado no mundo, e os diplomas são tão honrados. Esta particularidade do acúmulo de conhecimento tem levado muita gente diplomada a se ensoberbecer, e isto não é bom, principalmente porque neutraliza um importante princípio da ciência: o princípio de que nunca saberemos tudo, que sempre temos algo mais para aprender.
Nossos conhecimentos são uma fonte importante de recursos, mas, neste caso, o conhecimento pouco adiantou.
SEGUNDA FONTE: A MISERICÓRDIA DE DEUS (17-24)
Saindo dentre a multidão, um homem disse: "Mestre, trouxe-te o meu filho, possesso de um espírito mudo (...). Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam.". Ao que Jesus exclamou: "Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei?". Apresentando o menino e explicando o problema, o homem pediu: "se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos." Ao que lhe respondeu Jesus: "Se podes! Tudo é possível ao que crê." O pai do menino exclamou com lágrimas: "Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!"
Há um ditado popular português que diz: "Ao menino e ao borracho põe-lhes Deus a mão por baixo". No Brasil, costumamos dizer: "Deus protege as criancinhas e os bêbados", significando que, como estas pessoas fazem maluquices inconscientemente, Deus ordena aos seus anjos que estejam alertas para evitar acidentes. Pode ser, mas aos pais das criancinhas e aos que se comportam como bêbados, fazendo maluquices sem atentar para o perigo, é bom saber que é uma irresponsabilidade depender somente da misericórdia de Deus, sem seguir os caminhos da prudência.
O pai do menino endemoninhado desafiou o poder de Deus, chorou, apelou. Mas Jesus o chamou à responsabilidade. Era a sua fé que estava sendo provada. Jesus disse: "Tudo é possível ao que crê". Desta afirmação podemos deduzir que era possível a cura do seu filho, mesmo que Jesus não estivesse presente. O homem, porém, não creu. Estava incluído entre aqueles de quem Jesus disse: "Ó geração incrédula (...)"! Precisou que Jesus, pessoalmente, em sua misericórdia, resolvesse o caso.
Se não quisermos ser uma geração incrédula, temos que demonstrar a nossa fé. Cremos que Deus pode curar, que ele pode resolver todos os problemas, que ele pode nos tirar das enrascadas em que nos metemos, mas, como diz Tiago, "Até os demônios crêem e tremem" (2.19); devemos, antes de tudo, ter consciência de que "a fé sem as obras é inoperante" (2.20).
Se não formos fiéis na assistência aos cultos, na leitura diária da Bíblia e na oração, como seremos fiéis nas demais obras que Deus "preparou para que andássemos nelas" (Ef 2.10)?
Precisamos obedecer à vontade de Deus, vestindo a armadura espiritual, para que sejamos fortes e valorosos nas batalhas, começando pelo básico e avançando sem parar. Assim poderemos experimentar a realidade de que "tudo é possível ao que crê". Todos podemos, e devemos, recorrer à misericórdia de Deus, mas não é prudente andarmos como criancinhas, borrachos ou bêbados, esperando que Deus nos amortize as quedas o tempo todo.
TERCEIRA FONTE: A ORAÇÃO (25-29)
Vendo Jesus que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, que saiu, deixando-o como se estivesse morto. Mas o Senhor, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou. Chegando em casa, os seus discípulos lhe perguntaram em particular: "Por que não pudemos nós expulsá-lo?" Respondeu-lhes: "Esta casta não pode sair senão por meio de oração e jejum".
Jesus, tendo total autoridade sobre os demônios, ordenou, e prontamente o rapaz foi curado do mal que o afligira desde a infância. Os discípulos, porém, ainda estavam inquietos. Porque eles mesmos não conseguiram expulsar o demônio? O que estava faltando? A resposta era simples: oração. Ninguém pode achar que pode viver sem oração. Não há nenhuma possibilidade disto acontecer. Através da oração é que nos comunicamos com Deus. Você já imaginou duas pessoas vivendo sob o mesmo teto, anos e anos, sem se comunicarem? Serão sempre estranhos, apesar de morarem na mesma casa. Como poderíamos achar que com Deus é diferente?
Aos discípulos faltava oração. Não estavam orando o suficiente. E quanto a nós? Devemos orar sem cessar, enquanto caminhamos, trabalhamos, estudamos, em todo instante (1Ts 5.17). Devemos orar na Igreja, pois "está escrito: A minha casa será chamada casa de oração" (Mateus 21.13). Notemos que Paulo, no seu trabalho de evangelização, procurava locais onde pessoas estivessem reunidas para orar, como em Atos 16.13: "No sábado, saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que para ali tinham concorrido." Devemos orar em secreto, como nos instrui Mateus 6.6 : "Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará." Devemos orar antes das refeições, dando graças, pois isto é um hábito saudável.
Podemos entender, com a resposta de Jesus, que os discípulos poderiam ter expulso o demônio, eles mesmos, se não tivessem negligenciado a oração. Mas será que é verdadeiro afirmar que eles poderiam curar qualquer doença, expulsar qualquer demônio, resolver qualquer problema, através de uma oração de fé? Será que podemos aplicar, neste sentido bem amplo, a idéia de que o crente tem à sua disposição super-poderes, pois "tudo é possível ao que crê"?
Se fosse assim, não haveria mais doenças no mundo, nem qualquer tipo de problema. Antes, porém, o crer envolve aceitar que Deus não nos dá tudo o que pedimos, para o nosso próprio bem. Tomemos como exemplo uma oração do próprio Senhor Jesus, em Marcos 14.36 "(...) Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres." Todos sabemos qual foi a resposta a esta oração. Era possível para o Pai passar de Jesus o terrível cálice da cruz? Sim, era possível. Era a vontade do Pai passar de Jesus este cálice? Não, não era.
Quando falamos que "tudo é possível ao que crê", devemos incluir, entre as possibilidades, aceitar um "não" como resposta de Deus, sem que nossa fé seja abalada. Que possamos aprender com Paulo, que afirmou em Fp 4.12,13: "Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece."
Assim, vamos nos preparar para as crises, acumulando o bom conhecimento da palavra de Deus, sem que isto nos torne soberbos. Não deixemos de clamar pela misericórdia de Deus, mas não sejamos imprudentes, pois na hora da crise vamos precisar recorrer à nossa reserva de recursos espirituais, que só uma vida de oração nos proporciona.
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