quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Falsas Expectativas


(Leia Mc 9.9-13)

Decepções acontecem em nossa vida. Você já ficou decepcionado por esperar tanto por algo, e depois ver que as coisas não eram do jeito que esperava? Por uma pessoa, de quem você fazia uma imagem, e depois descobriu que ela não era assim? Ou recebeu um presente de aniversário, numa linda embalagem, mas o conteúdo não agradava? O modo como as coisas aconteceram na vinda do Messias também pode ter causado decepção para Israel e outros que aguardavam a promessa. Vemos neste texto algumas FALSAS EXPECTATIVAS que poderiam causar-lhes decepção.

I - A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS ANTES DO TEMPO (9,10)

Ao descerem do monte da transfiguração, ordenou-lhes Jesus que não divulgassem as coisas que tinham visto, até o dia em que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos. Eles guardaram a recomendação, perguntando uns aos outros o que seria o ressuscitar dentre os mortos.

Quando Jesus lhes falou desta maneira, os discípulos devem ter pensado: "Como assim?" Para alguém ressuscitar, tem primeiro que morrer! Talvez interpretassem Salmos 16.10 ("Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção"), como uma afirmação de que o Messias jamais iria morrer.

Sabiam, sim, que haveria uma ressurreição dos que já estavam mortos, como disse Daniel em 12.2: "Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno". E provavelmente esperavam que isto ia acontecer logo, junto com o estabelecimento imediato do reino messiânico.

Os discípulos refletiam o pensamento da maioria em Israel e dentre os demais que esperavam a vinda do Messias. As palavras de Jesus, portanto, soavam estranhas. De que ressurreição, afinal, ele estava falando? Se o Messias ia trazer a ressurreição, porque ele morreria logo em seguida, para depois ressuscitar? Estas informações não se encaixavam nas falsas expectativas do povo, e por isto não podiam entender as palavras do Mestre.

II - A VINDA DE ELIAS COM GRANDES MANIFESTAÇÕES DE PODER (11)

Os discípulos interrogaram Jesus: "Por que dizem os escribas ser necessário que Elias venha primeiro?". Ao fazer esta pergunta, é provável que tivessem em mente a experiência recente da visão de Jesus glorificado, conversando com Moisés e Elias. Se Elias estava ali, então seria cumprida a profecia da restauração do reino de Israel, pensavam. Mas não atentavam para o fato de que Elias já tinha vindo, conforme o anúncio do anjo ao sacerdote Zacarias sobre seu filho, que estava para nascer, em Lc 1.17: "E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado." Jesus também já tinha instruído seus discípulos a respeito de João Batista, em Mt 11.14: "E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir."

Mas, se João Batista era o cumprimento da profecia da vinda de Elias, porque ele não trouxe grandes manifestações de poder, de fogo que desce do céu, de ressurreição de mortos, de multiplicação de alimentos, de poder para fazer chover ou deixar de chover? Se era esta a sua expectativa, ficaram decepcionados. O próprio Elias aprendeu que Deus se comunica melhor através de cicios suaves do que de vendavais, terremotos e fogo (1 Rs 19.9-13).

III - A RESTAURAÇÃO IMEDIATA DE TODAS AS COISAS (12,13)

Jesus falou que Elias, vindo primeiro, restauraria todas as coisas, mas haviam mais elementos a serem analisados na profecia, pois também "está escrito sobre o Filho do Homem que sofrerá muito e será aviltado"; e além disso, "Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como a seu respeito está escrito."

A "restauração de todas as coisas" era uma grande expectativa na mente do povo de Deus, tanto que, até no último momento antes da ascensão de Jesus, eles ainda perguntavam: "Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?" (At 1.6). Mas, se eles esperavam que isto ia acontecer imediatamente, ficaram decepcionados. Os israelitas que creem em Jesus, juntos com todos os crentes, ainda aguardam com paciência e perseverança a restauração de todas as coisas, sendo alertados, em 2Ts 2.2,3, a não se demoverem de suas mentes, pois "isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição"; e em 2Pe 3.3, a ter "em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões"

Podemos ficar decepcionados com a Igreja, ou até mesmo com Deus, porque não fomos curados de uma doença, ou porque nossa intercessão não foi respondida, ou porque o emprego que esperávamos não veio, ou porque os irmãos não são tão santos quanto achamos que deviam ser. Se este for o caso, precisamos aprender que o Senhor requer de nós perseverança. Não criemos, pois, falsas expectativas, mas em primeiro lugar conheçamos as promessas de Deus para que creiamos nelas. Ele nos dará tudo o que nos prometeu, mas não tudo o que achamos que ele prometeu.

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