sexta-feira, 11 de setembro de 2015
Difíceis decisões
(Leia Mc 9.41-50)
No tempo de Jesus, o sal era uma especiaria muito valiosa. Por isto, os discípulos são comparados ao sal, e exortados a não perderem o seu valor, tornando-se insípidos. Para não perdermos o galardão de Deus, e para não corrermos o risco de sermos condenados com os ímpios, é melhor termos o valor do sal em nós mesmos. Este texto nos adverte, dizendo que, às vezes, temos que tomar decisões difíceis, para demonstrarmos o nosso valor diante de Deus e não corrermos o risco de perdermos o galardão ou de sermos condenados com os ímpios.
I - DECISÃO DE COLABORAR PARA O PROGRESSO DO EVANGELHO (41)
Jesus disse que, quem der de beber um copo de água, em seu nome, aos discípulos de Cristo, não perderá o seu galardão.
Quem recusaria dar um copo de água para alguém? Se alguém vier pedir um copo de água na porta de sua casa, você recusaria? Imagine se estivéssemos numa guerra, e um soldado inimigo estivesse passando na sua rua, morrendo de sede. Dar água a ele seria visto pelo seu país como uma traição. Muitos recusam dar um copo d'água por medo da violência urbana, porque ladrões usam esta estratégia para se aproximar e entrar nos lares. Quando se nega uma moeda a um morador de rua, numa parada de semáforo, isto não ocorre necessariamente por falta de compaixão, mas pode ser por princípios, para não incentivar uma prática nociva à sociedade e até mesmo ao bem estar do pedinte, que pode estar usando a esmola para comprar drogas. Por outro lado, Raabe acolheu espiões inimigos e foi salva da destruição, junto com sua família. Rebeca deu água para um estranho e conquistou um nobre esposo.
Ajudar pessoas é normal, todo mundo faz isto. Mas o que rende vantagens é ajudar com um propósito. Dar um copo de água a um discípulo de Cristo, conscientemente, é contribuir para o progresso do evangelho. Por isto é tão importante, por exemplo, ajudarmos as missões.
Jesus disse que o amor de uns para com os outros é que iria marcar a autenticidade dos seus discípulos (Jo 13.35). Quando eu me converti, fiquei impressionado com a solicitude dos irmãos em ajudar-me. Vi que as pessoas se preocupavam comigo. Estavam sempre atentos, para que eu e minha família ficássemos bem. Era como se a Igreja fosse uma família e eu, o filho mais querido. Queira Deus que eu e os irmãos estejamos fazendo o mesmo com os que chegam na Igreja, hoje.
Fazer atos de bondade entre os irmãos, especialmente aos mais necessitados, é um modo de garantir seu galardão. Isto não significa, de modo algum, que devamos ajudar somente aos crentes, porque nem sabemos, ao ajudar alguém necessitado, se ele é um crente. Mesmo que tenhamos bons indícios de que a pessoa não é crente, não sabemos se um dia virá a crer. Os filhos do Altíssimo imitam o seu pai, pois amam até os inimigos, fazem o bem e emprestam, sem esperar nenhuma paga, assim como o Altíssimo é benigno até para com os ingratos e maus (Lc 6.35).
Às vezes, decidir colaborar é uma decisão difícil, mas precisamos decidir, com sabedoria, para que mostremos o nosso valor diante de Deus.
II - DECISÃO DE RENUNCIAR ÀS COISAS QUE NOS FAZEM TROPEÇAR (42-48)
Jesus disse que, quem fizer tropeçar a um pequenino crente, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse lançado no mar. Que, se a mão, ou o pé, ou o olho faz tropeçar, é melhor arrancá-los do que ir para o inferno, para o fogo inextinguível.
Fazer tropeçar é colocar algum obstáculo para que os outros se atrasem ou caiam pelo caminho. Nossa decisões podem atrapalhar os outros que querem ficar firmes e andar na fé. Se não nos livrarmos dos obstáculos que nos fazem tropeçar, podemos cair em pecado e levar outros a caírem conosco (como se estivéssemos numa trilha em caminhos íngremes).
Quase todos os dias nos vemos diante de dilemas, ao decidir se devemos acordar cedo ou dormir até mais tarde, se vamos estudar ou nos divertir com os amigos. Escolher a melhor opção nem sempre é tão simples. Às vezes precisamos descansar um pouco mais, e não devemos abandonar totalmente a diversão com os amigos, mas, na maioria das vezes, a opção mais amarga é a que vai nos livrar de muitas tribulações, como a perda do emprego, ou que nos trará melhores recompensas, como uma melhor posição social.
A advertência para quem se deixa tropeçar e, assim, faz outros tropeçarem, é muito severa. Fala do castigo extremo do inferno, onde o verme não morre, e o fogo é inextinguível. Mas, como um crente deve entender esta advertência, se a Bíblia nos ensina que, pela salvação de Jesus, ele "não entra em juízo", que já pode se considerar como quem "passou da morte para a vida" (Jo 5.24)? Não sei. Eu poderia dizer, porém, parafraseando Shakespeare, que há muito mais coisas "entre o céu e o inferno" do que imagina uma "vã teologia". Por isto, é prudente atentarmos à advertência.
Para mostrar o nosso valor diante de Deus, precisamos renunciar às coisas que nos fazem tropeçar, mesmo que esta decisão seja difícil como cortar uma mão, ou um pé, ou arrancar um olho.
III - DECISÃO DE NEGOCIAR A PAZ (49,50)
Jesus conclui: cada um será salgado com fogo. Bom é o sal; mas, se o sal vier a tornar-se insípido, como lhe restaurar o sabor? Tende sal em vós mesmos e paz uns com os outros.
É difícil, até para os comentaristas, interpretar o que Jesus quis dizer ao afirmar que cada um será salgado com fogo. Mas, como o fogo é uma figura de tribulação, e o sal, uma figura do discípulo valoroso, talvez quisesse dizer, como em outras passagens bíblicas, que as provações nos aperfeiçoam e nos tornam mais preciosos para Deus. Os relacionamentos humanos são grande fonte de tribulação. Não há melhor exemplo da complexidade dos relacionamentos humanos do que o relacionamento familiar: marido e mulher, pais e filhos, irmãos, sogras, genros e noras.
Pedro diz, em 1Pe 3.7, para os maridos viverem a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a mulher como parte mais frágil, tratá-la com dignidade, para não se interromperem as suas orações. Em Mt 5.21-26, no mesmo contexto do ensino deste parágrafo de Marcos, Jesus instrui a entrarmos em acordo sem demora com o nosso adversário, enquanto estamos com ele a caminho, para que o adversário não nos entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejamos recolhidos à prisão.
Negociar a paz, pedir perdão e perdoar, é muitas vezes uma decisão extremamente difícil, mas precisamos zelar pela paz, mostrando assim que temos valor diante de nosso Criador, e que não somos como um sal que se tornou insípido.
Colaborar com o progresso do evangelho, nem que seja com um simples copo de água fria; renunciar aos costumes que nos fazem tropeçar, mesmo que estejam tão arraigados, com se fossem a nossa mão, o nosso pé, ou o nosso olho; negociar a paz, mesmo tendo que passar por cima do nosso orgulho; são decisões difíceis, mas temos que encarar este desafio, e com fé decidirmos fazer o que agrada a Deus, para mostrar que somos úteis, para não perdermos o nosso galardão, e nem corrermos o risco de sermos condenados com o mundo.
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