segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O segredo da felicidade


(Leia Mc 10.46-52)

Embora estivesse assentado, pedindo esmolas, Bartimeu era um homem que o mundo, na linguagem de hoje, chamaria de "ambicioso". Ele não queria somente esmolas, queria a atenção do "Filho de Davi", e queria voltar a ver, voltar à condição que tinha antes de se tornar cego. Ele buscava a felicidade, e a conquistou através dos passos a seguir:

Primeiro passo: Reconheceu a sua necessidade

Bartimeu não era um cego qualquer. Ele tinha um nome, uma família. A Bíblia não revela quem ele era antes de se tornar cego, mas dá uma indicação, ao diferenciar a narração de sua cura, citando-lhe o nome, e o nome de seu pai. Em algum momento de sua história, este homem poderia ter sido bem posicionado na sociedade, mas agora mendigava. Encarava o fato de que dependia da caridade de outros para sobreviver.

Quando falamos aos outros sobre a salvação, começamos com este passo. Ninguém poderá ser salvo se primeiro não reconhecer que é um pecador, e que necessita da glória de Deus (Rm 3.23).

Segundo passo: Atendeu ao chamado

Jesus chamou Bartimeu. Era quase certo que seu pedido tinha sido atendido. Chegara a sua vez de estar frente a frente com o Mestre, e pedir-lhe o que estava em seu coração. A grande alegria de Bartimeu, quando se lhe abriu a oportunidade de falar pessoalmente com Jesus, pode reproduzir-se em nós, se reconhecermos a porta aberta da oração, pois através dela podemos ter uma "tele" conferência diária, constante, com o Senhor da Glória.

Bartimeu não hesitou, ao ouvir que Jesus o chamara. Foi ao seu encontro, resoluto. Nem se importou mais com a capa que usava. Uma capa era uma vestimenta importante, que certamente lhe faria falta, nas noites frias. Mas a urgência era tão grande que nada mais importava senão atender ao chamado de Jesus. A maneira como ele se levantou faz-me lembrar do filho pródigo, quando caiu em si, e resolveu voltar para o pai (Lucas 15.20).

Hoje nós também temos sido chamados, como diz Apocalipse 22.17: "O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida."

Terceiro passo: Declarou a sua necessidade

Imagino o que se passava no seu íntimo, enquanto estava à beira do caminho, esperando esmolas, ouvindo atentamente todos passarem. "Se eu voltasse a ver...", pensava, e sonhava com muitos projetos. Quantos de nós estamos como Bartimeu, à beira do caminho, esperando alguma dádiva, algum alívio? Jesus está passando agora mesmo em nossas vidas. Antes dele partir para o céu, disse que mandaria o Espírito Consolador para substituí-lo, possibilitando sua presença constante e em todos os lugares ao mesmo tempo. Jesus está aqui, passando bem na nossa frente, por meio do Espírito Santo. Podemos clamar: "Jesus, tem compaixão de mim!". E ele ouvirá. Aliás, ele já está nos chamando; está parado, esperando que nos levantemos de um salto, lancemos fora a nossa capa, e declaremos o que queremos que ele nos faça. Tenhamos bom ânimo, tenhamos coragem para pedir aquilo que, sabemos, ele não vai nos negar; aquilo que, sabemos, é conforme à sua vontade. A nossa maior necessidade é de salvação, mas temos que pedir antes que seja tarde demais, como aconteceu com o homem rico, conhecido de Lázaro, em Lucas 16.24: "Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama."

Pensando um pouco mais sobre o assunto: se eu pedir para ser curado de um defeito físico, ou de uma enfermidade grave, Jesus vai me curar? Jesus sempre responde sim, como respondeu a Bartimeu? A própria Bíblia nos responde.

Muitos há que se revoltam contra Deus e o mundo, porque a sua esperança foi frustrada. Buscaram a Deus num momento de desespero, esforçaram-se para crer, e andar nos seus caminhos; apegaram-se a promessas mal entendidas, como Jo 15.7 e 1Jo 5.14,15, e nada do que esperavam aconteceu, como se Deus não estivesse se importando, como se ele nem existisse. É natural que Deus não atenda todos os pedidos, por mais necessitados que estejamos. Nós é que temos dificuldade para entender que Deus é soberano, e que a sua sabedoria é infinita. Bem pertinho deste texto, Jesus negou habilmente um pedido dos filhos de Zebedeu, porque eles não sabiam o que pediam. O piedoso Paulo também teve um importante pedido negado, conforme ele mesmo revela em 2Co 12.7-9. O cego de Jericó foi curado, mas o que dizer dos cegos de Betel, de Belém, de Hebrom, de Berseba? Até onde sabemos, Jesus não passou por lá, enquanto estava na terra, para curar os seus enfermos.

Quarto passo: Seguiu Jesus

Quaisquer que tenham sido os projetos de Bartimeu, tudo foi lançado fora, junto com a sua capa. Bartimeu não voltou à vida antiga, como talvez planejasse, caso fosse curado. Não somente a cura, em si, mas a maneira como foi curado, o autor da sua cura, as palavras de Jesus: " Vai, a tua fé te salvou", libertando-o para fazer o que quisesse, deixando-o à vontade para enfim se lançar aos seus projetos, tudo isto operou nele uma transformação. Não foi só a visão física que lhe foi restaurada, mas a visão de sua vida, como um todo. Foi-se embora, seguindo Jesus estrada fora, para onde quer que Jesus o guiasse.

O que é que nos falta para sermos felizes? Um emprego? Um emprego melhor? Uma saúde melhor? O segredo da felicidade não está na mudança das circunstâncias, mas no resultado de encararmos quaisquer circunstâncias com os olhos da fé. Bartimeu podia pensar que a sua felicidade estava em voltar a enxergar, mas não estava. Jesus podia ter-lhe negado o milagre, e dado ao cego somente o espírito de alegria. Bartimeu o seguiria estrada fora, com a mesma felicidade.

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