terça-feira, 13 de outubro de 2015

Servidores do rei


(Leia Mc 11.1-11)

Este texto narra o episódio que nós conhecemos como a entrada triunfal. Jesus entra, aclamado como rei, em Jerusalém, cumprindo a profecia de Zc 9.9: "Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta." A entrada triunfal, segundo a teoria dispensacionalista, marca o final da 69ª semana de Daniel, e abre os parêntesis para a era da igreja. Para os amilenistas e pós milenistas, porém, este evento ocorre próximo ao fim da primeira metade da septuagésima semana. Para maiores detalhes sobre este assunto, existem muitos livros que podem ser lidos, e também muito material na Internet, entre os quais compartilho, aqui, o link de dois artigos cujos autores defendem pontos de vista opostos, em: http://www.chamada.com.br/mensagens/calvinismo_dispensacionalismo.html e:
http://www.monergismo.com/textos/dispensacionalismo/setenta-semanas-posmilenismo_keith-mathison.pdf.
Discussões teológicas à parte, entretanto, vejo neste texto que Jesus, agora aclamado como Rei, tinha pelo menos três categorias de servidores:

I - Missionários (Os dois que foram enviados para a missão específica de buscar o jumentinho)

Há pessoas a quem o Senhor designou para uma missão específica, como Isaías, Jeremias, Ezequiel, Paulo, e outros, que receberam um chamado inequívoco, para o cumprimento dos propósitos do Reino. É assim que alguns servem o Senhor ainda hoje, sendo missionários transculturais, pastores, líderes de movimentos ou de trabalhos com grupos selecionados (presidiários, enfermos, viciados, moradores de rua, crianças...).

O Espírito dá dons específicos para serviços específicos, conforme lemos em 1Co 12.28-30 e Ef 4.11,12. Você acha que Deus o tem chamado para alguma função específica? Se Deus chamou, e você está andando em comunhão com ele, o seu chamado será confirmado, e o exercício do seu dom será aceito na igreja de Deus. Os dons, porém, deverão ser desenvolvidos, pois o Senhor faz questão da participação humana no trabalho, assim como aconteceu com os escritores da Bíblia, que, embora seja reconhecida como a Palavra de Deus, não deixa de revelar o caráter e o estilo de seus escritores, inspirados, mas humanos. Por isto é tão importante a preparação acadêmica e treinamentos específicos. Seu chamado é para trabalhar com crianças? Estude pedagogia. É para trabalhar com índios? Estude lingüística. Trabalhar com enfermos? Um curso de enfermagem seria extremamente útil. Mas, acima de tudo, devemos estudar a Palavra de Deus e a teologia em geral, porque o nosso principal objetivo, afinal, é formar discípulos de Cristo.

II - Provedores (Os donos do jumentinho)

O jumentinho, naquele contexto, é como o automóvel de hoje. Você aceitaria entregar as chaves do seu carro a dois estranhos que viessem à sua porta dizendo: “O Senhor precisa dele”? Só se o Senhor tivesse telefonado para você antes! Mas você pode usar o seu carro para o serviço do Senhor. Ele precisa do seu carro. Precisa também da sua casa, do seu instrumento musical, das suas ferramentas, do seu dinheiro... Você pode administrar todos os seus bens de forma que sejam úteis ao reino de Deus. Devemos nos apropriar, com as devidas adaptações, da advertência dada por Mordecai a Ester, em Et 4.14: "(...) E quem sabe se para conjuntura como esta é que (...)" fomos abençoados com os nossos bens?

Gosto de uma poesia, adaptada de Isaac Nicolau Salum, chamada “A cruz de Cristo”, que diz: "Prá viver entre nós, numa cama emprestada, ele humilde nasceu. E em jumento emprestado, Ele andou toda estrada. Da montanha à cidade e à cidade desceu. Mas a cruz dolorosa e a coroa espinhosa eram suas, bem suas, a ninguém as deveu! (...)”. Gióia Junior, em poesia semelhante, escreveu: "(...) O berço, o jumentinho e o suave pão, eram dele a partir da criação, ele os criou – assim diz a escritura ... mas a cruz que ele usou, a rude cruz, a cruz negra e mesquinha, onde meus crimes todos expiou, essa não era sua – essa cruz era minha!"

III - Adoradores (O povo que estendeu suas vestes e ramos pelo caminho, e proclamou Jesus como rei)

Um rei precisa de súditos. Um presidente precisa de um povo. Até os ídolos precisam dos fãs. Não pense que você não é importante, só porque não é um missionário e tem poucos recursos para ser considerado um provedor. Muitos "crentes comuns" são, freqüentemente, ofendidos dos púlpitos, sendo chamados de “esquenta-bancos”. Mas estes crentes são o motivo de existirem os pregadores. Se um pastor não tiver ovelhas, a quem é que vai pastorear? E se as ovelhas todas deixassem de ser imaturas para serem "auto-suficientes" como seus pastores? E se todas elas atendessem unânimes ao apelo emocionado do conferencista e se tornassem missionárias transculturais?

Nossa Igreja, alguns anos atrás, resolveu fazer um coral. Foi um esforço muito grande, todos se dedicaram bastante e treinaram a sua voz, para que a apresentação fosse brilhante. No grande dia, o dirigente anunciou: “agora vamos ouvir a apresentação do coral da Igreja Bíblica de Rio Preto”. Então, meio aflito, observou enquanto todos se levantaram e vieram para a frente. Todos mesmo! Os bancos ficaram vazios, pois todos os que vieram para o culto naquele dia faziam parte do coral.

Se alguém acha que os "esquenta-bancos" não fazem falta nas reuniões da Igreja, está enganado. Se alguém acha que seu testemunho não faz diferença, que não é impactante como o dos pastores e missionários, está enganado. Eles também são importantes servidores do Rei Jesus, tanto quanto os demais.

Que tipo de servidores somos nós? Missionários, provedores, ou simplesmente adoradores? Podemos ser os três, mas todos devemos ser pelo menos adoradores. Cuidemos, porém, para não nos deixarmos levar pela pura emoção, como é a tendência da massa de adoradores. Aquela multidão que proclamava Jesus como Rei, dias depois também pedia ao governador Pilatos a sua crucificação. Sejamos adoradores, em primeiro lugar. Procuremos, porém, progredir, e tenhamos o coração sincero para com o nosso Senhor e Rei Jesus Cristo, atentos à sua lei e aos seus ensinamentos.

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