segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Tribulação


(Leia Mc 13.14-23)


Neste parágrafo, Jesus prediz uma grande tribulação, e dá orientações para que seus discípulos possam passar por ela da melhor forma possível. Quando temos que enfrentar tribulações, uma das primeiras perguntas que nos fazemos é: “por que?”. Neste caso específico, ao ouvir a profecia, os discípulos podiam questionar por que Deus não tirava, com o seu poder, os seus escolhidos, daquela confusão toda. Mas, embora não possamos saber a resposta, dá para notar que há pelo menos três lições práticas que Deus nos ensina através da tribulação.

Primeira lição prática: desprendimento das coisas materiais (14-16)

“Quando, pois, virdes o abominável da desolação situado onde não deve estar (quem lê entenda), então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes; quem estiver em cima, no eirado, não desça nem entre para tirar da sua casa alguma coisa; e o que estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa.”

Uma das referências desta profecia é a destruição do templo de Jerusalém, em 70 DC. Os que acreditaram na profecia de Jesus, ao virem os sinais, fugiram imediatamente, e salvaram suas vidas.

Faz alguns dias que uns amigos meus foram assaltados. Eles deram graças a Deus, porque não perderam a vida. Os desabrigados de Mariana-MG, no início estavam preocupados em saber se seus familiares estavam vivos. Só agora se preocupam com a recuperação dos seus bens (http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/11/09/interna_gerais,706049/prefeito-de-mariana-pretende-negociar-indenizacoes-com-maior-minerador.shtml). Quando nossa vida, ou a vida de outra pessoa, está em risco, todo o resto perde a importância.

As coisas materiais, em si, não são ruins. São, pelo contrário, bênçãos. As coisas materiais são para o nosso aprazimento. Deus nos deu sabedoria para construirmos automóveis, computadores, celulares, grandes edifícios, hidroelétricas, e milhares de outras coisas que estamos tão acostumados a usar, que seria quase impossível, hoje, vivermos sem elas. Isto vem de Deus, este espírito criador. O grande problema é, na verdade, a prática da idolatria para com estas coisas. É muito fácil para nós nos apegarmos tanto a estas bênçãos que nos esquecemos de quem nos deu as bênçãos e do propósito para o qual elas foram dadas. As tribulações nos ensinam a nos desprendermos das coisas materiais, pois "que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”(Marcos 8.36).


Segunda lição prática: dependência em Deus, através de oração preventiva (17-20)

“Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Orai para que isso não suceda no inverno. Porque aqueles dias serão de tamanha tribulação como nunca houve desde o princípio do mundo, que Deus criou, até agora e nunca jamais haverá. Não tivesse o Senhor abreviado aqueles dias, e ninguém se salvaria; mas, por causa dos eleitos que ele escolheu, abreviou tais dias.”

Deus permite que seus escolhidos passem por tribulações, mas importa-se com o seu bem-estar, por isso nos admoesta a orarmos preventivamente, para que ele nos ajude a passar com o mínimo de sofrimento.

Jesus nos ensinou a orar diariamente: "O pão nosso de cada dia nos dá hoje" (Mt 6.11) - Podemos nos esquecer, ou desprezar este pedido, presumindo que já temos pão suficiente para o dia inteiro. Podemos presumir que tudo vai correr bem, mas isto pode não acontecer. Por isto precisamos orar. Gosto muito de um hino que cantamos: "bem de manhã, embora o céu sereno pareça um dia calmo anunciar, vigia e ora, o coração pequeno: um temporal pode abrigar".

Esta semana houve um temporal, e um trecho da avenida Bady Bassitt foi engolida e arrastada pelo córrego que passa debaixo dela. Houve, também, um terremoto, que foi sentido em várias cidades do Acre (http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2015/11/tremor-e-sentido-em-cidades-do-acre.html - Acesso em: 24-11-2015). A terra não é tão firme quanto parece. De repente, tudo pode mudar, e as coisas que temos construído, podem desabar.

Nós fugimos dos sofrimentos. Se temos dores, pedimos ao médico um remédio, e pedimos a Deus para que a doença possa sarar, que os médicos tenham habilidade e sabedoria para nos orientar no melhor tratamento, para que os remédios façam efeito, para que o organismo reaja favoravelmente. Se estivermos desempregados, pedimos que os irmãos intercedam, para que consigamos um emprego. Se vamos viajar, pedimos a Deus proteção. E Deus responde. Deus se preocupa com o bem-estar dos eleitos. Aprendemos com Tiago (4.5) que Deus tem ciúmes de nós. Por isto, ele quer que dependamos sempre dele, através da oração.

Terceira lição prática: confiança na Palavra de Deus, e não em falsos cristos e falsos profetas (21-23)

“Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos. Estai vós de sobreaviso; tudo vos tenho predito.”

Quando sofremos, quando estamos atribulados, nos tornamos mais vulneráveis. Assistindo a uma palestra sobre segurança, vi um “slide” onde aparecia um homem se afogando e pedindo ajuda, levantando o braço em cujo pulso usava um relógio. Outro homem que passava à margem do lago, vendo isto, vai até lá, mas em vez de ajudá-lo a se salvar, tira-lhe o relógio o deixa se afogando. Quando me roubaram um carro, alguns anos atrás, eu quase contratei uma empresa misteriosa, que prometia recuperar o carro caso eu depositasse na conta deles determinada quantia. Quase fiz a transferência. Faltava apenas o "enter", quando eu tive medo de que estivesse sendo enganado. Pensei: "será que eles seriam capazes de me enganar, mesmo diante do meu sofrimento, querendo me tirar ainda mais do que eu já perdi?". Resolvi não contratar o serviço, e nove meses depois, recebi um telefonema da polícia dando a boa notícia de que meu carro tinha sido recuperado. Quanto à empresa que me ofereceu o serviço, eu não posso afirmar que era mal intencionada, mas hoje, pensando mais friamente, e com tantas experiências negativas à minha volta, acho quase certo que queria me enganar.

Eva foi tentada por Satanás no jardim do Éden. O inimigo usou uma serpente para fazer-se de amiga e semear dúvidas na mente da mulher (Gn 3.1-5). Há muitas profecias hoje em dia, dizendo que Deus dará prosperidade, fará curas, abrirá portas. Esta esperança, porém, nem sempre é baseada na verdade, e tem levado pessoas a seguirem ilusões, descuidando-se do caminho da obediência, reverência, e fé genuína. Deus é bom, mas não nos dá tudo o que desejamos. Deus é todo-poderoso, mas reserva o uso do seu poder para o cumprimento dos seus propósitos, os quais não somos capazes de compreender plenamente.

Assim como os militares fazem exercícios constantemente, preparando-se para uma possível guerra, e assim como os bombeiros estão sempre de prontidão, e fazem simulações de situações de emergência, para que estejam preparados para qualquer eventualidade, assim também nós devemos estar de sobreaviso, praticando o desprendimento das coisas materiais, orando para que “a nossa fuga não se dê no inverno”, identificando e evitando os falsos mestres e a falsas doutrinas. Deus permite tribulações em nossas vidas para que sejamos treinados e para que se desenvolva em nós um espírito totalmente dele, não idolatrando as coisas do mundo, dependentes dele em tudo, e ouvindo unicamente seu Filho Jesus, não falsos cristos e nem falsos profetas.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O princípio das dores



(Leia Mc 13.1-13)


Quando eu vou à capital de São Paulo, fico feliz e admirado ao contemplar as grandes e antigas construções seculares. Ao mesmo tempo, fico entristecido, pois sei que, assim como aconteceu com as civilizações antigas, é quase certo que, em algum momento do futuro, ali, não ficará pedra sobre pedra.

Engano e violência

Um dia, ao sair Jesus do templo, os seus discípulos comentaram a respeito das grandes pedras, e das construções no lugar do Templo, mas Jesus disse que aquilo tudo seria derrubado, e não restaria pedra sobre pedra. No monte das Oliveiras, defronte do templo, lhe perguntaram em particular sobre quando sucederiam estas coisas, e que sinal haveria quando todas elas estiverem para sem cumprir. A resposta de Jesus foi que muitos viriam em seu nome, enganando a muitos, e se ouviriam falar de guerras e rumores de guerras, e se levantaria nação contra nação, e haveria terremotos em vários lugares e também fomes. Ele chamou este tempo de “princípio das dores“.

Alertou-os para ficarem de sobreaviso, porque seriam entregues aos tribunais e às sinagogas; seriam açoitados, e os fariam comparecer à presença de governadores e reis, para servir de testemunho.

Que o evangelho seria pregado a todas as nações. Que o Espírito Santo os assistiria, mas que seriam odiados de todos por causa do nome de Cristo; aquele, porém, que perseverasse até ao fim, esse seria salvo.

Alguns irmãos em Cristo acreditam que todos estes acontecimentos, previstos por Jesus nesta profecia, já se cumpriram. Eu, porém, acho que este texto também nos diz respeito, e que muito do que foi dito está se cumprindo e se cumprirá.

Muitos vieram, na história, e continuam vindo, em nome de Cristo, enganando e causando guerras. Nações se levantaram contra nações em nome de Cristo, e até guerras civis tiveram o cristianismo nominal como motivação, lutando cristãos contra cristãos.

A violência não é própria do cristianismo. Muitos líderes que se dizem cristãos, porém, têm abusado de sua autoridade e se utilizam de muita violência.

No começo da era cristã, a igreja obedecia aos preceitos de Jesus, e se submetia aos opressores sem reação. Mas com a expansão do evangelho e principalmente com a conversão de imperadores, o quadro foi se modificando.

O historiador Alderi Souza de Matos, num artigo intitulado “Atitudes dos Cristãos em Relação à Guerra no Decorrer da História”, relata que “na época das invasões dos bárbaros, o grande bispo e teólogo Agostinho de Hipona (354-430) deu expressão à nova mentalidade formulando a teoria da guerra justa (…). Foi somente no século 11 que se extinguiu definitivamente a atitude pacífica da igreja antiga, sendo substituída pela glorificação do homem de combate (...). O cristianismo medieval testemunhou uma crescente legitimação da violência em nome de Deus. A liturgia passou a incluir a consagração das armas e dos estandartes de guerra. Surgiram as ordens religiosas militares, como os templários, os hospitalários e os cavaleiros teutônicos (…). Teólogos da época, tais como Graciano e Tomás de Aquino, criam que a guerra era uma condição necessária da sociedade e pouco se preocuparam em tratar do problema da violência (…). Thomas More e Erasmo de Roterdã (na era da igreja reformada), condenaram as novas formas de violência. Eles observaram que Cristo não promoveu o seu reino pela força, mas pelo amor, e acusaram a igreja de se tornar uma serva obediente de príncipes ambiciosos e sanguinários.” (Atitudes dos Cristãos em Relação à Guerra no Decorrer da História - Alderi Souza de Matos - disponível em: http://www.mackenzie.br/7143.html – Acesso em: 18/11/2015).

Nós somos cristãos verdadeiros e não queremos nos envolver em violência, certo? Porém, se viessem nos roubar no templo da igreja, não chamaríamos a polícia? E a polícia não usa de violência? A realidade da violência ao nosso redor nos deixa constrangidos, mas Jesus mesmo disse que "é necessário assim acontecer".

O mundo está duvidando da sinceridade dos que se dizem seguidores de Cristo, e não temos muitos argumentos para rebatê-los, por causa da história comprometedora da igreja nominal. A reação às notícias como a do terrorismo na última sexta-feira 13, divulgada pela mídia, ilustra bem a tendência da população. O jornalista Pedro Bial, no encerramento do programa Fantástico, da TV Globo, em 15/11/2015, revelou revolta contra atos de violência em nome de religiões, e a generaliza, através da frase: “Por Deus, não me venham falar em Deus, deixem que os homens resolvam isto como homens”. Um pianista desconhecido acabou ficando famoso ao fazer uma homenagem às vítimas do atentado, no dia seguinte, em frente ao Bataclan, tocando a música Imagine, de John Lennon. As pessoas pararam para ouvir e se comoveram, e a TV mundial transmitiu. É significativa a escolha da música tocada, cuja parte da letra, traduzida, diz o seguinte: “Imagine que não há paraíso; é fácil se você tentar; nenhum inferno abaixo de nós; acima de nós apenas o céu; imagine todas as pessoas vivendo para o hoje; imagine não existir países; não é difícil de fazer; nada pelo que matar ou morrer; e nenhuma religião também; imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz”. O sentimento revelado nestas duas manifestações mostra que, para muitos, e talvez para a maioria da população, a solução para a paz inclui acabarem com a religião, como se ela fosse “a raiz de todos os males”.

O que Jesus pede para nós, de não resistirmos ao perverso, de darmos a outra face, é algo muito duro. Como poderemos suportar? Quanto mais estivermos ligados às coisas terrenas, mais difícil para nós será suportar este conceito. O reino dos céus não é compatível com este mundo. Paulo já disse desde o começo que por causa das angústias do tempo presente, é melhor o homem permanecer como está, sem preocupar-se até mesmo em casar-se (1Co 7.26). Em 1 Coríntios 7.29-31 ele afirma: "Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados sejam como se o não fossem; mas também os que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem; e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa."

Quando a violência se voltar contra nós, devemos nos lembrar das palavras de Jesus em Lc 21.12-19: "Antes, porém, de todas estas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome; e isto vos acontecerá para que deis testemunho.(…) E sereis entregues até por vossos pais, irmãos, parentes e amigos; e matarão alguns dentre vós. De todos sereis odiados por causa do meu nome. Contudo, não se perderá um só fio de cabelo da vossa cabeça. É na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma."

Catástrofes

Terremotos, epidemias e fomes, vindos aparentemente por intervenção divina, também afligiram e afligirão os povos. Catástrofes chamadas de naturais devem se intensificar antes da volta de Cristo, mas para muitos elas têm sido uma realidade bem presente. Coisas ruins, grandes e pequenas, atingem também o povo de Deus. Uma ventania derrubou a moto de um irmão ontem; ela caiu sobre outro carro, gerando prejuízo financeiro e aborrecimento. Outro casal foi assaltado com mão armada, e levaram-lhes dinheiro e celulares. A filha de um pastor, bem conhecido de nós, está neste momento em coma induzido, e seu jovem irmão sofreu um pré-infarto. Por que coisas assim acontecem? E por que Deus permite que outros cristãos sejam perseguidos, justamente quanto decidem se dedicar totalmente a Deus? Não sabemos. Mas estas coisas, embora nos aflijam muito, nem podem ser comparadas com a manifestação da ira de Deus através de fenômenos catastróficos da natureza, para juízo de um mundo pecador.

Esfriamento do amor

O amor natural está se esfriando cada vez mais. Não é novidade, na história, acontecer que filhos matem pais, irmãos matem irmãos, mães abandonem filhos, e outras tragédias semelhantes. Mas é visível o aumento e a banalização destas ocorrências nos últimos anos. Mateus 24.12 nos dá mais detalhes, dizendo que isto acontece por causa da multiplicação da iniquidade.

Parafraseando a parábola da figueira, “quando as mangas começam a brotar, sabemos que está próximo o verão”. Então, quando vimos acontecerem estas coisas, sabemos que o tempo está próximo. O Templo já foi destruído. Muitos vieram e continuam vindo em nome de Cristo, enganando a muitos. Houve e continua havendo muitas guerras e rumores de guerras, terremotos e fomes. Milhares de mártires testemunharam através dos séculos, e continuam testemunhando; o evangelho tem sido pregado a todas as nações. Trabalhemos, pois, enquanto é dia, e fiquemos de sobreaviso.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Pouco, mas tudo


"Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias. Vindo, porém, uma viúva pobre, depositou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante. E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes. Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento" (Mc 12.41-44).

Se fizéssemos uma vaquinha para comprar um pote de sorvete, entre os que estavam presentes no último culto de domingo, e pedíssemos a cada um o valor de um real, talvez conseguíssemos comprar dois potes de sorvete. Alguns dariam um real, sem problemas. Alguns dariam até mais, talvez o pote inteiro. Outros, porém, teriam dificuldades, porque poderia faltar para pagar o ônibus, ou para comprar o pão. Alguns diriam: eu não vou dar, porque não gosto de sorvete. Outros não dariam porque acham um absurdo fazer uma vaquinha na igreja, e talvez alguém faria um longo discurso a respeito do mal que o sorvete pode causar à saúde. Se fizéssemos uma coleta para missões, ocorreria coisa similar. Mas, e se Deus nos pedisse a cada um, agora, tudo o que temos? Eu digo que provavelmente só os mais pobres atenderiam a este apelo.

Existem hoje, no mundo, grandes doadores, como Bill Gates, criador de uma fundação que movimenta atualmente cerca de R$ 159 bilhões em doações (fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/09/fundacao-bill-gates-processa-petrobras-por-perdas-diz-agencia.html - Acesso em: 15/11/2015). Será que Deus se agrada mais de Bill Gates do que de alguém que dá um copo de água para uma pessoa sedenta? Depende. Se a pessoa sedenta for um atleta famoso e a pessoa que dá o copo de água for um integrante da equipe do patrocinador que lhe dá assistência, isto não seria um grande feito. Mas, se a pessoa sedenta for o seu inimigo, e o copo de água for o único disponível no seu cantil, no meio do deserto, e você fizer isto em nome de Jesus, Deus se agradará muito de você.

A viúva pobre deu uma oferta que, para ela e para Deus, era valiosíssima. Todo o seu sustento (a sua "bios", no grego). Daquele gazofilácio, naquele dia, os oficiais do templo devem ter recolhido grandes somas. Ficaram muito felizes com as centenas, talvez milhares de denários ali depositados, mas Deus estava olhando, lá do céu, para aquelas duas moedinhas, e pensando em como iria abençoar aquela pobre viúva, que o comovera com sua significativa oferta.

Qual foi a oferta que nós demos hoje, para o Senhor? Dois reais, cem reais, quinhentos reais? Ou talvez nossa oferta não tenha sido em dinheiro. Talvez ofertamos, em nome de Jesus, um sorriso gentil àquela pessoa que nem notou, porque virou o rosto. Talvez acordamos mais cedo e oramos por alguém que, nem de longe, imagina que as bênçãos em sua vida são resposta de nossas orações diárias. Talvez tenhamos chegado na igreja em meio a angústias, dores, mal estar, só porque não queríamos perder o culto. Deus não vai se esquecer nunca da nossa oferta de amor. Ele vai nos abençoar por causa disto.

Se queremos agradar mesmo a Deus, não tem nada melhor do que darmos tudo a ele. Abraão agradou a Deus porque deu o seu único filho (da esposa legítima - Gn 22.2). Deus podia ter pedido a Abraão o sacrifício de Ismael, o filho da escrava Hagar, ou então Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque ou Suá, filhos de Quetura (Gn 25.2), ou então um dos filhos de suas concubinas. Mas não. Só o sacrifício de Isaque, o filho da promessa, agradaria a Deus. Moisés ensinou em Deuteronômio 4.29 que só acharíamos o Senhor quando o buscássemos de todo o coração e de toda a alma. Em Deuteronômio 6.5, ordenou: "Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força." Salomão agradou um pouco a Deus, mas não como o seu pai Davi, cujo coração "era de todo fiel para com o SENHOR, seu Deus" (1Reis 11.4). Jeroboão, o primeiro rei do norte de Israel, foi repreendido porque não foi como Davi, que guardou os mandamentos de Deus e andou após ele de todo o seu coração (1Reis 14.8). Josias foi elogiado em 2Reis 23.25, porque se converteu ao SENHOR "de todo o seu coração, e de toda a sua alma, e de todas as suas forças, segundo toda a Lei de Moisés". Todas estas pessoas foram ricas e influentes, e mereceram menção especial na Bíblia. Mas quando Deus enviou Jesus para evangelizar e salvar, mandou-o especialmente aos pobres, conforme os seguintes versículos:

"O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres ; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos" (Lucas 4.18 ).

"Então, olhando ele para os seus discípulos, disse-lhes: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus" (Lucas 6.20).

"Então, Jesus lhes respondeu: Ide e anunciai a João o que vistes e ouvistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres, anuncia-se-lhes o evangelho" (Lucas 7.22).

Os ricos, como José de Arimatéia (Mt 27.57) e Zaqueu (Lc 19.2), também tiveram sua oportunidade, mas foram raros os convertidos ricos, conforme Jesus observou em Mt 19.23, que "um rico dificilmente entrará no reino dos céus". Aos ricos foi proclamado, no sermão da planura, um "ai", porque eles já tinham a sua consolação (Lucas 6.24). Hoje em dia, desfrutamos de muito mais privilégios do que os ricos da antiguidade, sem precisarmos ser tão ricos, mas somos advertidos em Apocalipse 3.17 que, embora possamos nos considerar ricos e abastados, que não precisamos de coisa alguma, ainda assim podemos ser infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus, se a nossa riqueza não vier de Deus.

Ficamos chocados com o atentado que ocorreu na última sexta-feira, na França, e admirados ao reconhecer que os terroristas tinham muita fé, a ponto de se explodirem no cumprimento de sua missão. Sua fé, que achamos infundada, é a de que recebem recompensas eternas por se entregarem totalmente àquela causa.

Para agradar a Deus, não precisamos ser extremistas, que matemos ou morramos, como os terroristas, mas devemos entregar a ele tudo o que somos, tudo o que temos. Se ele nos chamar para sermos missionários nos países muçulmanos, ou entre índios no Brasil, e tivermos certeza desta chamada, então devemos obedecer. Para a maioria de nós, porém, Deus tem um chamado para ficarmos onde estamos, e às vezes isto significa entregarmos o nosso desejo de aventura, e até coisas tão pequenas quanto duas moedinhas, mas que fazem muita diferença para o nosso sábio e misericordioso Senhor. Ele pedirá que demos aquele sorriso gentil, àquela pessoa, que virou o rosto. Pedirá também um gesto de amor do marido para com a esposa, que vá além de dizer eu te amo e comprar-lhe flores. Talvez um dia lavar a louça, ou passar pano no chão. Pedirá para engolirmos o nosso orgulho, os nossos desejos, os nossos sonhos, as nossas preferências, para glorificarmos a Jesus, e fazermos a sua vontade, e perseguirmos os seus propósitos, do jeito dele, e não do nosso.

E então? Vamos fazer uma vaquinha? Ou vamos doar tudo o que temos? Antes de dar a resposta, vamos ler dois versículos:

"Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" (Romanos 12.1 ).

"(...) se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me" (Lucas 9.23).


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Postura espiritual


(Leia Mc 12.35-40)

Lendo este texto, imaginei Jesus ensinando a multidão, como se fosse numa escola dominical. Era como se ele estivesse comentando a lição, dada pelos escribas, naquele dia. Ele levanta uma questão controversa, mas não dá a resposta, para que o povo pudesse pensar um pouco. Se o Messias era filho de Davi, conforme diziam os escribas, como, pois, Davi o podia chamar de Senhor? Assim como na escola dominical que temos em nossa Igreja, o assunto levantado poderia levar a outro paralelo, a um tema percebido nas entrelinhas, que o Espírito também deixou para nosso aprendizado. Ao buscar uma coordenação entre as partes deste parágrafo, pude notar que existe uma relação entre nossa postura espiritual e o nosso futuro eterno. Esta postura pode ser ilustrada por, pelo menos, quatro tipos de assentos, os quais nós utilizamos, nesta vida e também no porvir.

I - CADEIRA DE DESCANSO (35-37)

"Jesus, ensinando no templo, perguntou: Como dizem os escribas que o Cristo é filho de Davi? O próprio Davi falou, pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés. O mesmo Davi chama-lhe Senhor; como, pois, é ele seu filho?"

O infatigável Messias foi convidado a assentar-se à direita do Pai, enquanto este trabalhava por ele. Assentar-se na cadeira de descanso é para quem está cumprindo os seus deveres. Há coisas que não podemos fazer, então Deus faz por nós. Podemos falar de Cristo, insistir, buscar os que estão caminhando para a perdição, mas só o Senhor pode transformar-lhes o coração. Podemos jejuar e orar para que Deus nos atenda as necessidades, trabalhar incansavelmente, mas somente Deus pode fazer frutificar o nosso esforço. Jesus conta, em Lucas 12.37, uma parábola encorajadora, em que o próprio Senhor serviria os servos à mesa, como recompensa por sua fidelidade. Em Salmos 127.2 aprendemos que Deus, “aos seus amados, ele o dá enquanto dormem”. Se cumprirmos os nossos deveres, um dia nos assentaremos satisfeitos na cadeira de descanso. Agora, porém, ainda não é tempo de nos assentarmos definitivamente, e sim de trabalharmos para o progresso do reino de Deus. Seja o nosso descanso, aqui na terra, apenas o suficiente para mantermos a nossa saúde física e emocional, e para com as coisas que não podemos fazer, deixando-as nas mãos de Deus. O resto é trabalho para o Senhor.

II - CADEIRA DE ESTUDANTE (37)

"E a grande multidão o ouvia com prazer."

É notória a história de Marta e Maria (Lc 10.38-42), quando Jesus elogiou a irmã mais nova, porque escolheu ficar assentada aos pés do Mestre, ouvindo-lhe os ensinamentos. Assentar-se para ouvir Jesus é para quem ama a sua palavra, e sabe que nela há vida. Nunca é cedo, nunca é tarde, nunca é suficiente. Aprender a Palavra de Deus deve ser um ato contínuo na vida do crente. Salmos 119.97 exclama: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” Josué 1.8 ordena: “Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido.” Assentar-se para ouvir Jesus, através da leitura e da oração, é uma necessidade que não podemos negligenciar, pois se tentarmos agir por conta própria, sem consultarmos o Senhor em tudo, não haverá bons frutos. Sem Cristo, nada podemos fazer. Mas não devemos ficar somente ouvindo o ensino, sem que coloquemos em prática o aprendizado.

III - CADEIRA DE HONRA (38-40)

"E, ao ensinar, dizia ele: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes talares e das saudações nas praças; e das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos primeiros lugares nos banquetes; os quais devoram as casas das viúvas e, para o justificar, fazem longas orações"

Vimos que na mesma história, narrada por Mateus (23.2), Jesus afirma que "na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus." Assentar-se nos primeiros lugares é para quem quer aproveitar o melhor da vida. Jesus contou-nos a triste história de um homem que era bem-sucedido, segundo o padrão deste mundo. Ele teve tudo o que muitos de nós desejamos ter, hoje em dia, tudo o que o dinheiro podia comprar. Mas foi só isto. Não se preocupou com sua vida espiritual, e no final da história, estava em tormentos, sem possibilidade de voltar atrás (Lc 16.19-31). A cadeira de honra é para quem quer receber o galardão adiantado, como o filho pródigo (Lc 15.11-32) e os fariseus (Mt 6.1-5). Não cobicemos lugares de honra deste mundo, porque eles são perigosos. Esperemos com paciência as recompensas celestiais, porque estas são eternas.

IV - BANCO DOS RÉUS (40)

"estes sofrerão juízo muito mais severo."

Assentar-se no banco dos réus é uma coisa terrível. Somente os que crêem em Jesus escapam da condenação. O “banco dos réus” é uma expressão que usamos quando queremos dizer que uma pessoa será julgada. Na verdade, no julgamento final, as pessoas não estarão sentadas, mas de pé, diante do trono de Deus (Ap 20.12). Naquele dia, tudo o que fizemos sem o aval do Senhor Jesus, não contará a nosso favor. Se enganamos a muitos, ou até a nós mesmos, de que isto nos valeu? Apenas prazeres temporários. Tudo o que desejaremos naquele dia é que o nosso nome esteja escrito no livro da vida. Se você quiser um emprego público, tem que se inscrever como candidato. Se quiser participar de um congresso, tem que solicitar sua inscrição. Para participar de um campeonato, tem que se apresentar e preencher a ficha, e assegurar-se de que o seu nome conste ali. Você já pediu para Deus te inscrever no Livro da Vida? Você sabe se o seu nome está inscrito nele? O dono do livro pode escrever e apagar. Ele observa quando nos assentamos e quando nos levantamos. De longe, penetra os nossos pensamentos. Busque o dono do livro, ande atrás dele, preste atenção nas suas instruções, não o perca de vista, porque ele tem nas mãos a lista dos que entrarão na vida eterna.

Qual tem sido nossa postura espiritual? Temos tido o cuidado de exercitarmos a piedade? Há momentos em que precisamos nos assentar, mas não sejamos sedentários espiritualmente. Há uma linha tênue entre o que é certo e o que é errado no ciclo de trabalhar e descansar. Não podemos antecipar o descanso celestial, mas devemos descansar enquanto o Senhor faz germinar a semente que semeamos. Não podemos saturar nossas mentes de conhecimento, nos dedicando a debates inúteis, mas devemos fazer habitar ricamente em nós a palavra de Cristo, instruindo-nos e aconselhando-nos mutuamente, com toda a sabedoria (Cl 3.16). Não podemos cobiçar honra, e vivermos só de aparências, mas devemos dar bom testemunho diante dos que são de fora, e às vezes seremos honrados, de maneira natural. E que Deus nos livre de que um dia sejamos condenados no "banco dos réus".

sábado, 7 de novembro de 2015

Inteligência


(Leia Mc 12.28-34)

Você é inteligente? Hoje em dia é difícil responder a esta pergunta. O conceito de inteligência tornou-se relativo. Uns são inteligentes para jogar vídeo-game, outros são para jogar xadrez. Uns são inteligentes para jogar bola, outros para administrar o time. Para não ficar longe do reino de Deus, precisamos ter inteligência espiritual. Neste texto encontramos três ações que demonstram nossa inteligência espiritual:

Observar o Mestre

"28 Chegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como Jesus lhes houvera respondido bem"

Os escribas eram contados entre os homens mais inteligentes da sociedade. Eram especialistas nas Escrituras. Qualquer dúvida que alguém tivesse sobre a lei, as tradições, a história, eles estavam preparados para responder. O escriba de nossa história, porém, demonstrou uma inteligência superior, pelo fato de estar observando o Mestre. Deve ter ficado quieto, ouvindo atentamente, pensativo, quando Jesus devolveu a moeda dizendo: “dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Da mesma forma admirou-se da sua hábil, paciente e precisa explanação a respeito da ressurreição. Para desenvolvermos inteligência espiritual, precisamos observar o Mestre. É claro que isto só pode ser feito através da leitura da Bíblia, que nos relata o que ele fez e ensinou. Uma regra básica para todos os que querem estudar a Bíblia seriamente, é observar o texto, em primeiro lugar, da forma mais natural possível, sem a influência de interpretações alheias, e só então prosseguir, incluindo outras fontes de consulta.

Fazer perguntas ao Mestre

"perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos? 29 Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! 30 Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. 31 O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes."

O escriba mostrou sua inteligência fazendo uma pergunta pertinente, ao Mestre. Não era uma pergunta qualquer. A resposta consistia numa resenha do toda a Lei. Ele certamente tinha uma resposta própria, mas queria ver se aquele, que se dizia o Messias, realmente sabia o que estava falando.

Quando um professor termina uma etapa dos seus ensinamentos, e faz a clássica pergunta: "alguma dúvida?", ele espera que os alunos tenham dúvidas. Quando todos ficam em silêncio, ele pode chegar a duas possíveis conclusões: todos entenderam tudo ou ninguém entendeu nada. Neste caso, é mais provável que a segunda alternativa esteja correta. As dúvidas surgem justamente quando estamos começando a entender os conceitos e sentimos o desejo de aplicá-los em alguma situação prática.

Devemos, então, após uma minuciosa observação, fazer perguntas ao texto bíblico, esperando que achemos as respostas no próprio texto, no seu contexto ou em outras passagens onde se fala do mesmo assunto.

Abrir o coração para o Mestre

"32 Disse-lhe o escriba: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ele é o único, e não há outro senão ele, 33 e que amar a Deus de todo o coração e de todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo excede a todos os holocaustos e sacrifícios. 34 Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém mais ousava interrogá-lo."

Quando Jesus responde "a contento", acrescentando ainda outros ensinamentos, o escriba se convence de que Jesus era correto no ensino das Escrituras, e não hesita em reconhecê-lo diante de todos. Isto significava muito, partindo dele, pois devemos nos lembrar que, naquele momento, Jesus era o seu adversário de debate. Para desenvolvermos a inteligência espiritual, é necessário abrirmos o coração para o Mestre, reconhecer que ele é quem afirma ser, o Filho de Deus, o Salvador de todos os que nele crêem.

Vejamos alguns textos bíblicos sobre o assunto inteligência espiritual:

Tiago 3.17 A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento.

Deuteronômio 4.6 Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente.

Atos 13.7 o qual estava com o procônsul Sérgio Paulo, que era homem inteligente. Este, tendo chamado Barnabé e Saulo, diligenciava para ouvir a palavra de Deus.

Tiago 3.13 Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras.

Jeremias 4.22 Deveras, o meu povo está louco, já não me conhece; são filhos néscios e não inteligentes; são sábios para o mal e não sabem fazer o bem.

Mateus 11.25 Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos.

Sejamos inteligentes! Desenvolvamos a inteligência espiritual, observando, perguntando, e principalmente, abrindo o nosso coração para o Mestre.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Desvio perigoso



(Leia Mc 12.18-27)

Hoje, dia 1º de novembro, estamos entre duas datas importantes: o dia da reforma e finados. A reforma propôs corrigir os erros históricos da Igreja, baseando-se nas Escrituras. O dia de finados é um feriado católico em que muitas pessoas oram pelos mortos, o que, segundo nós, protestantes, entendemos, é um erro. Devemos orar muito pelas pessoas, mas enquanto ainda estão vivas. Há muitas pessoas morrendo espiritualmente, porque não reconhecem o caminho do Senhor, e se desviam por todos os tipos de caminho, rumando para a morte. Este texto nos fala de pessoas que estavam errando, desviando-se do caminho de Deus. O seu desvio estava relacionado com a sua atitude para com as sagradas Escrituras.

Visão tendenciosa

Os Saduceus foram até Jesus para fazer uma pergunta, mas já estavam pré-dispostos a não acreditar na ressurreição, nos milagres, nem na existência de anjos. Muitas vezes podemos nos ver assim, lendo a Bíblia sem estarmos dispostos a ceder quanto às nossas convicções pré-estabelecidas. Olhamos as Escrituras com uma visão tendenciosa, querendo achar nela subsídios para apoiar somente o que já estamos dispostos a acreditar. Quem sabe estejamos confiando demais em nosso coração, que é “desesperadamente corrupto” (Jeremias 17.9). Deus indignou-se com as pessoas do povo antigo, que “sempre erram no coração” (Hebreus 3.10) e que não conheceram os caminhos de Deus. Paulo diz que alguns israelitas, “quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles” (2Co 3.15,16). Para não nos desviarmos do caminho de Deus, devemos abandonar a visão tendenciosa, e estudar as Escrituras de mente e coração abertos.

Leitura superficial

Oséias 4.6 aponta um grande perigo que pode levar à destruição de uma comunidade: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento.” Muitas pessoas assistem filmes e outras representações de histórias bíblicas, e ficam se perguntando se aqueles acontecimentos estão mesmo na Bíblia. Acontece que estas produções de entretenimento, por mais que tentem ser fiéis aos textos bíblicos, precisam enfeitar, inserir personagens, dramatizar, de forma que se tornem atraentes para o público, pois, é claro, uma produção assim precisa ter retorno financeiro. Se quisermos, de fato, conhecer o que a Bíblia diz, a leitura de seu texto integral é absolutamente necessária. Quase seis milhões de pessoas prestaram a prova do ENEM, em todo o país,semana passada. Para conseguir uma boa nota, entrar numa faculdade ou conseguir uma bolsa de estudos, muitos candidatos estudaram exaustivamente o ano inteiro. Há pessoas dizendo que fizeram a prova sem estudar e conseguiram uma nota razoável, mas não é bem assim. Na verdade, se valeram dos estudos feitos anteriormente, em algum ponto de sua vida. Se nós quisermos passar com boa média nas provas de Deus, temos que nos esforçar nos estudos, ou alguém pensa que podemos fazer as provas de Deus sem estudar? A leitura superficial das Escrituras, sem aprofundamento, é um dos motivos pelos quais nos afastamos do caminho de Deus.

Desconhecimento do poder de Deus

Falando ainda sobre os israelitas, Paulo disse que, se “algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado" (2Co 3.15,16). O véu, que impede a visão clara da verdade, precisa ser removido por meio da conversão, um milagre que Deus opera naquele que crê no evangelho e se arrepende dos seus pecados. O evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1.16). O próprio Cristo é chamado “o poder de Deus” em 1Co 1.24.

As pessoas se desviam do caminho de Deus, por deixarem de crer que ele ressuscita os mortos, que ele é poderoso para fazer muito mais do que pedimos ou pensamos. Ele cumprirá também o juízo, do qual nos tem alertado.

Deus pode fazer e faz muitos milagres. Ele fez o mar se abrir para passarem os filhos de Israel. Ele ressuscitou Jesus dentre os mortos. Ele vai nos ressuscitar no último dia, e vai dar a vida eterna para alguns, mas para outros, vergonha e horror eterno (Dn 12.2). Precisamos crer nisto.

Atentemos, pois, às palavras de 1Pe 2.1-4: “Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso. Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa”

Ler a Bíblia de mente e coração abertos, estudar diligentemente a Palavra de Deus, e crer no seu poder, estas atitudes nos ajudarão a nos conservarmos no caminho de Deus, pois o desvio é perigoso.