segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Postura espiritual
(Leia Mc 12.35-40)
Lendo este texto, imaginei Jesus ensinando a multidão, como se fosse numa escola dominical. Era como se ele estivesse comentando a lição, dada pelos escribas, naquele dia. Ele levanta uma questão controversa, mas não dá a resposta, para que o povo pudesse pensar um pouco. Se o Messias era filho de Davi, conforme diziam os escribas, como, pois, Davi o podia chamar de Senhor? Assim como na escola dominical que temos em nossa Igreja, o assunto levantado poderia levar a outro paralelo, a um tema percebido nas entrelinhas, que o Espírito também deixou para nosso aprendizado. Ao buscar uma coordenação entre as partes deste parágrafo, pude notar que existe uma relação entre nossa postura espiritual e o nosso futuro eterno. Esta postura pode ser ilustrada por, pelo menos, quatro tipos de assentos, os quais nós utilizamos, nesta vida e também no porvir.
I - CADEIRA DE DESCANSO (35-37)
"Jesus, ensinando no templo, perguntou: Como dizem os escribas que o Cristo é filho de Davi? O próprio Davi falou, pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés. O mesmo Davi chama-lhe Senhor; como, pois, é ele seu filho?"
O infatigável Messias foi convidado a assentar-se à direita do Pai, enquanto este trabalhava por ele. Assentar-se na cadeira de descanso é para quem está cumprindo os seus deveres. Há coisas que não podemos fazer, então Deus faz por nós. Podemos falar de Cristo, insistir, buscar os que estão caminhando para a perdição, mas só o Senhor pode transformar-lhes o coração. Podemos jejuar e orar para que Deus nos atenda as necessidades, trabalhar incansavelmente, mas somente Deus pode fazer frutificar o nosso esforço. Jesus conta, em Lucas 12.37, uma parábola encorajadora, em que o próprio Senhor serviria os servos à mesa, como recompensa por sua fidelidade. Em Salmos 127.2 aprendemos que Deus, “aos seus amados, ele o dá enquanto dormem”. Se cumprirmos os nossos deveres, um dia nos assentaremos satisfeitos na cadeira de descanso. Agora, porém, ainda não é tempo de nos assentarmos definitivamente, e sim de trabalharmos para o progresso do reino de Deus. Seja o nosso descanso, aqui na terra, apenas o suficiente para mantermos a nossa saúde física e emocional, e para com as coisas que não podemos fazer, deixando-as nas mãos de Deus. O resto é trabalho para o Senhor.
II - CADEIRA DE ESTUDANTE (37)
"E a grande multidão o ouvia com prazer."
É notória a história de Marta e Maria (Lc 10.38-42), quando Jesus elogiou a irmã mais nova, porque escolheu ficar assentada aos pés do Mestre, ouvindo-lhe os ensinamentos. Assentar-se para ouvir Jesus é para quem ama a sua palavra, e sabe que nela há vida. Nunca é cedo, nunca é tarde, nunca é suficiente. Aprender a Palavra de Deus deve ser um ato contínuo na vida do crente. Salmos 119.97 exclama: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” Josué 1.8 ordena: “Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido.” Assentar-se para ouvir Jesus, através da leitura e da oração, é uma necessidade que não podemos negligenciar, pois se tentarmos agir por conta própria, sem consultarmos o Senhor em tudo, não haverá bons frutos. Sem Cristo, nada podemos fazer. Mas não devemos ficar somente ouvindo o ensino, sem que coloquemos em prática o aprendizado.
III - CADEIRA DE HONRA (38-40)
"E, ao ensinar, dizia ele: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes talares e das saudações nas praças; e das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos primeiros lugares nos banquetes; os quais devoram as casas das viúvas e, para o justificar, fazem longas orações"
Vimos que na mesma história, narrada por Mateus (23.2), Jesus afirma que "na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus." Assentar-se nos primeiros lugares é para quem quer aproveitar o melhor da vida. Jesus contou-nos a triste história de um homem que era bem-sucedido, segundo o padrão deste mundo. Ele teve tudo o que muitos de nós desejamos ter, hoje em dia, tudo o que o dinheiro podia comprar. Mas foi só isto. Não se preocupou com sua vida espiritual, e no final da história, estava em tormentos, sem possibilidade de voltar atrás (Lc 16.19-31). A cadeira de honra é para quem quer receber o galardão adiantado, como o filho pródigo (Lc 15.11-32) e os fariseus (Mt 6.1-5). Não cobicemos lugares de honra deste mundo, porque eles são perigosos. Esperemos com paciência as recompensas celestiais, porque estas são eternas.
IV - BANCO DOS RÉUS (40)
"estes sofrerão juízo muito mais severo."
Assentar-se no banco dos réus é uma coisa terrível. Somente os que crêem em Jesus escapam da condenação. O “banco dos réus” é uma expressão que usamos quando queremos dizer que uma pessoa será julgada. Na verdade, no julgamento final, as pessoas não estarão sentadas, mas de pé, diante do trono de Deus (Ap 20.12). Naquele dia, tudo o que fizemos sem o aval do Senhor Jesus, não contará a nosso favor. Se enganamos a muitos, ou até a nós mesmos, de que isto nos valeu? Apenas prazeres temporários. Tudo o que desejaremos naquele dia é que o nosso nome esteja escrito no livro da vida. Se você quiser um emprego público, tem que se inscrever como candidato. Se quiser participar de um congresso, tem que solicitar sua inscrição. Para participar de um campeonato, tem que se apresentar e preencher a ficha, e assegurar-se de que o seu nome conste ali. Você já pediu para Deus te inscrever no Livro da Vida? Você sabe se o seu nome está inscrito nele? O dono do livro pode escrever e apagar. Ele observa quando nos assentamos e quando nos levantamos. De longe, penetra os nossos pensamentos. Busque o dono do livro, ande atrás dele, preste atenção nas suas instruções, não o perca de vista, porque ele tem nas mãos a lista dos que entrarão na vida eterna.
Qual tem sido nossa postura espiritual? Temos tido o cuidado de exercitarmos a piedade? Há momentos em que precisamos nos assentar, mas não sejamos sedentários espiritualmente. Há uma linha tênue entre o que é certo e o que é errado no ciclo de trabalhar e descansar. Não podemos antecipar o descanso celestial, mas devemos descansar enquanto o Senhor faz germinar a semente que semeamos. Não podemos saturar nossas mentes de conhecimento, nos dedicando a debates inúteis, mas devemos fazer habitar ricamente em nós a palavra de Cristo, instruindo-nos e aconselhando-nos mutuamente, com toda a sabedoria (Cl 3.16). Não podemos cobiçar honra, e vivermos só de aparências, mas devemos dar bom testemunho diante dos que são de fora, e às vezes seremos honrados, de maneira natural. E que Deus nos livre de que um dia sejamos condenados no "banco dos réus".
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