segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Tribulação


(Leia Mc 13.14-23)


Neste parágrafo, Jesus prediz uma grande tribulação, e dá orientações para que seus discípulos possam passar por ela da melhor forma possível. Quando temos que enfrentar tribulações, uma das primeiras perguntas que nos fazemos é: “por que?”. Neste caso específico, ao ouvir a profecia, os discípulos podiam questionar por que Deus não tirava, com o seu poder, os seus escolhidos, daquela confusão toda. Mas, embora não possamos saber a resposta, dá para notar que há pelo menos três lições práticas que Deus nos ensina através da tribulação.

Primeira lição prática: desprendimento das coisas materiais (14-16)

“Quando, pois, virdes o abominável da desolação situado onde não deve estar (quem lê entenda), então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes; quem estiver em cima, no eirado, não desça nem entre para tirar da sua casa alguma coisa; e o que estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa.”

Uma das referências desta profecia é a destruição do templo de Jerusalém, em 70 DC. Os que acreditaram na profecia de Jesus, ao virem os sinais, fugiram imediatamente, e salvaram suas vidas.

Faz alguns dias que uns amigos meus foram assaltados. Eles deram graças a Deus, porque não perderam a vida. Os desabrigados de Mariana-MG, no início estavam preocupados em saber se seus familiares estavam vivos. Só agora se preocupam com a recuperação dos seus bens (http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/11/09/interna_gerais,706049/prefeito-de-mariana-pretende-negociar-indenizacoes-com-maior-minerador.shtml). Quando nossa vida, ou a vida de outra pessoa, está em risco, todo o resto perde a importância.

As coisas materiais, em si, não são ruins. São, pelo contrário, bênçãos. As coisas materiais são para o nosso aprazimento. Deus nos deu sabedoria para construirmos automóveis, computadores, celulares, grandes edifícios, hidroelétricas, e milhares de outras coisas que estamos tão acostumados a usar, que seria quase impossível, hoje, vivermos sem elas. Isto vem de Deus, este espírito criador. O grande problema é, na verdade, a prática da idolatria para com estas coisas. É muito fácil para nós nos apegarmos tanto a estas bênçãos que nos esquecemos de quem nos deu as bênçãos e do propósito para o qual elas foram dadas. As tribulações nos ensinam a nos desprendermos das coisas materiais, pois "que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”(Marcos 8.36).


Segunda lição prática: dependência em Deus, através de oração preventiva (17-20)

“Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Orai para que isso não suceda no inverno. Porque aqueles dias serão de tamanha tribulação como nunca houve desde o princípio do mundo, que Deus criou, até agora e nunca jamais haverá. Não tivesse o Senhor abreviado aqueles dias, e ninguém se salvaria; mas, por causa dos eleitos que ele escolheu, abreviou tais dias.”

Deus permite que seus escolhidos passem por tribulações, mas importa-se com o seu bem-estar, por isso nos admoesta a orarmos preventivamente, para que ele nos ajude a passar com o mínimo de sofrimento.

Jesus nos ensinou a orar diariamente: "O pão nosso de cada dia nos dá hoje" (Mt 6.11) - Podemos nos esquecer, ou desprezar este pedido, presumindo que já temos pão suficiente para o dia inteiro. Podemos presumir que tudo vai correr bem, mas isto pode não acontecer. Por isto precisamos orar. Gosto muito de um hino que cantamos: "bem de manhã, embora o céu sereno pareça um dia calmo anunciar, vigia e ora, o coração pequeno: um temporal pode abrigar".

Esta semana houve um temporal, e um trecho da avenida Bady Bassitt foi engolida e arrastada pelo córrego que passa debaixo dela. Houve, também, um terremoto, que foi sentido em várias cidades do Acre (http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2015/11/tremor-e-sentido-em-cidades-do-acre.html - Acesso em: 24-11-2015). A terra não é tão firme quanto parece. De repente, tudo pode mudar, e as coisas que temos construído, podem desabar.

Nós fugimos dos sofrimentos. Se temos dores, pedimos ao médico um remédio, e pedimos a Deus para que a doença possa sarar, que os médicos tenham habilidade e sabedoria para nos orientar no melhor tratamento, para que os remédios façam efeito, para que o organismo reaja favoravelmente. Se estivermos desempregados, pedimos que os irmãos intercedam, para que consigamos um emprego. Se vamos viajar, pedimos a Deus proteção. E Deus responde. Deus se preocupa com o bem-estar dos eleitos. Aprendemos com Tiago (4.5) que Deus tem ciúmes de nós. Por isto, ele quer que dependamos sempre dele, através da oração.

Terceira lição prática: confiança na Palavra de Deus, e não em falsos cristos e falsos profetas (21-23)

“Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos. Estai vós de sobreaviso; tudo vos tenho predito.”

Quando sofremos, quando estamos atribulados, nos tornamos mais vulneráveis. Assistindo a uma palestra sobre segurança, vi um “slide” onde aparecia um homem se afogando e pedindo ajuda, levantando o braço em cujo pulso usava um relógio. Outro homem que passava à margem do lago, vendo isto, vai até lá, mas em vez de ajudá-lo a se salvar, tira-lhe o relógio o deixa se afogando. Quando me roubaram um carro, alguns anos atrás, eu quase contratei uma empresa misteriosa, que prometia recuperar o carro caso eu depositasse na conta deles determinada quantia. Quase fiz a transferência. Faltava apenas o "enter", quando eu tive medo de que estivesse sendo enganado. Pensei: "será que eles seriam capazes de me enganar, mesmo diante do meu sofrimento, querendo me tirar ainda mais do que eu já perdi?". Resolvi não contratar o serviço, e nove meses depois, recebi um telefonema da polícia dando a boa notícia de que meu carro tinha sido recuperado. Quanto à empresa que me ofereceu o serviço, eu não posso afirmar que era mal intencionada, mas hoje, pensando mais friamente, e com tantas experiências negativas à minha volta, acho quase certo que queria me enganar.

Eva foi tentada por Satanás no jardim do Éden. O inimigo usou uma serpente para fazer-se de amiga e semear dúvidas na mente da mulher (Gn 3.1-5). Há muitas profecias hoje em dia, dizendo que Deus dará prosperidade, fará curas, abrirá portas. Esta esperança, porém, nem sempre é baseada na verdade, e tem levado pessoas a seguirem ilusões, descuidando-se do caminho da obediência, reverência, e fé genuína. Deus é bom, mas não nos dá tudo o que desejamos. Deus é todo-poderoso, mas reserva o uso do seu poder para o cumprimento dos seus propósitos, os quais não somos capazes de compreender plenamente.

Assim como os militares fazem exercícios constantemente, preparando-se para uma possível guerra, e assim como os bombeiros estão sempre de prontidão, e fazem simulações de situações de emergência, para que estejam preparados para qualquer eventualidade, assim também nós devemos estar de sobreaviso, praticando o desprendimento das coisas materiais, orando para que “a nossa fuga não se dê no inverno”, identificando e evitando os falsos mestres e a falsas doutrinas. Deus permite tribulações em nossas vidas para que sejamos treinados e para que se desenvolva em nós um espírito totalmente dele, não idolatrando as coisas do mundo, dependentes dele em tudo, e ouvindo unicamente seu Filho Jesus, não falsos cristos e nem falsos profetas.

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