domingo, 10 de maio de 2015


(Leia Mc 3.13-21)

Preocupações de mãe...

Um dia, quando Jesus estava ensinando, uma mulher gritou da multidão: “Bem-aventurada aquela que te concebeu, e os seios que te amamentaram!” (Lc 11.27). Mas Maria, mãe de Jesus, parecia não estar muito feliz com o rumo que seu filho estava tomando. Estava agindo de forma aparentemente irresponsável, e por isto pediu a ajuda de seus familiares para ver se poderiam prendê-lo ou talvez, como diríamos hoje, interná-lo nalgum hospital psiquiátrico. Jesus, porém, não era um louco qualquer.

Neste parágrafo há três aparentes loucuras que Jesus andava fazendo, que preocupavam sua mãe, mas que, sob o ponto de vista do Reino de Deus, fazia todo o sentido.

Primeira Loucura: Jogar fora uma brilhante carreira (13-15)

Jesus tinha um dom excelente, que podia valer muito prestígio e dinheiro, mas repassou o dom aos seus discípulos sem cobrar nada. Em Mateus 10:8 vemos que Jesus ainda os instruiu: “(...) de graça recebestes, de graça dai.” O que Jesus fez, dar de graça seus dons de cura e exorcismo, e orientar seus discípulos a não exigirem nenhum benefício financeiro por seus serviços, aos olhos dos outros, era loucura. Quem tinha ou dizia ter algum poder, não ia querer dar de graça, mas ganhar dinheiro com isso. Para termos noção de como era difícil o trabalho de expulsar demônios, podemos recorrer à história de At 19.13-16: “E alguns judeus, exorcistas ambulantes, tentaram invocar o nome do Senhor Jesus sobre possessos de espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega. Os que faziam isto eram sete filhos de um judeu chamado Ceva, sumo sacerdote. Mas o espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois? E o possesso do espírito maligno saltou sobre eles, subjugando a todos, e, de tal modo prevaleceu contra eles, que, desnudos e feridos, fugiram daquela casa.” Simão, o mágico de Samaria, em At 8.18-19, quis comprar o poder de conceder o dom do Espírito Santo, porque viu nisto uma oportunidade de lucro. Líderes de grandes denominações atuais se enriquecem, alegando terem dons de cura ou outras habilidades. A revista Forbes, em 2013, apontou os seis líderes religiosos mais ricos do Brasil. O primeiro da lista tinha uma fortuna estimada em 2 bilhões de reais. O segundo, 400 mihões. (*)

Segunda loucura: andava em companhia de homens “duvidosos” (16-19)

Já ouvi muitas pessoas dizendo que, muitas vezes, é preferível relacionar-se com pessoas não crentes. Há incrédulos que são mais honestos, simpáticos, bondosos, do que os que se chamam crentes. Mas Jesus não procurava, dentre as pessoas, as que mais lhe agradassem. Ele tinha outro critério. Escolheu algumas pessoas para estarem sempre junto dele, independente de suas imperfeições. Simão Pedro era, antes de conhecer Jesus, um mundano confesso, por demais precipitado, e negou Jesus. Tiago e João, os “filhos do trovão”, eram muito iracundos e ambiciosos; Mateus era publicano; Tomé só acreditava vendo; Simão era zelote (espécie de terrorista). Judas o traiu. Dos outros, não temos muitas notícias.

Terceira loucura: Não separava um tempo adequado para cuidar de si, da sua saúde. (20,21)

Jesus não exigia privacidade, permitia que invadissem a sua casa, não tinha “vida privada”. Não reivindicava os privilégios de um mestre.
Muitos cristãos seguiram os seus passos, conforme, por exemplo, a história de Charles e Ruth Harmon, missionários entre os Nambiquara:

“Não demorou muito ara que os índios chegassem todas as tardes, entre 17:00 e 17:30H, para as reuniões na casa dos Harmons. Eles chamavam gritando alto: “Rute santona tocar, culto cantar!” Era hora da reunião! Todas as noites tinham o “culto cantar!” e os índios gostavem demais, especialmente a parte de cantar. O Pr. Carlos pregava o mesmo sermão todas as noites também: “Pai é Deus, mandou Filho que é Deus. Do barro nos fez. Filho morreu por nós. 1,2,3 e Subiu!” Os índios ficavam de pé quando o Pr. Carlos fala “subiu”. Estas reuniões começavam cedo e acabavem tarde. Os índios sempre queriam continuar. Às vezes dava vontade de cancelar algumas noites para descansar, mas eles decidiram: “É Por isso que estamos aqui. Comemos, mesmo quando estamos cansados, então porque não reunir?” (**)

Paulo andou nos mesmos passos de Jesus, conforme diz em 2Coríntios 12.15 “Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma (...)” Jesus justificava sua atitude dizendo: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4.34). Mas não era sempre assim. Quando tinha oportunidade, ele descansava e se alimentava de maneira mais tranquila. Em Lucas 22:15, disse aos discípulos: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento.” Em Marcos 6.31 convidou-os: Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto; (...)”. Paulo também procurava seus recreios, como afirma aos Romanos em 15.32, desejando que, “ao visitar-vos, pela vontade de Deus, chegue à vossa presença com alegria e possa recrear-me convosco.”

Maria não tinha nenhuma razão para se preocupar com Jesus. Ele sabia o que fazia. Tinha um projeto de vida e estava determinado a cumpri-lo. Quanto, porém, às mães cujos filhos não são perfeitos como Jesus, eu pergunto: vocês estão preocupadas com seus filhos? Eles parecem irresponsáveis quanto à sua carreira, andam em más companhias, querem se casar com uma pessoa com a qual você não concorda? Não cuida bem da saúde? Se eles ainda estão sob seu domínio, agora é o tempo de ensiná-los. Mas, se já são adultos, há muito pouco que se possa fazer, pois as escolhas, agora, são deles. Eles têm que sentir-se livres para decidir e arcar com as consequências de suas decisões. Não tentem prender os seus filhos. E nós outros, sendo mães ou não, devemos medir nossas loucuras: se as loucuras são feitas para Deus, então está certo. Podemos imitar Jesus em tudo, e dizer como Paulo em 2Coríntios 5.13: “Porque, se enlouquecemos, é para Deus; e, se conservamos o juízo, é para vós outros.”

(*) (http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/01/18/forbes-lista-os-seis-lideres-milionarios-evangelicos-no-brasil.htm – Acesso em 10/05/201
(**) FILSINGER, H.R. - Trilhas de Charles e Ruth Harmon – 2ª edição, julho de 2012 – Araçatuba, SP, pag. 18

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