segunda-feira, 20 de abril de 2015


Paralisia

(*)

(Leia Mc 2.1-12)
Uma das maiores preocupações da atualidade é o cuidado com a saúde. Procuramos comidas e hábitos saudáveis, mas às vezes é tão difícil resistir às facilidades da vida moderna, que acabamos nos alimentando de coisas não tão saudáveis, porque são mais práticas ou gostosas, e tendo uma vida sedentária porque, para quase todas as tarefas cotidianas, tem uma máquina que nos facilita o serviço. Assim, por escolhermos quase sempre o caminho mais fácil, acabamos nos prejudicando em nossa própria saúde. O texto de hoje nos faz refletir sobre coisa semelhante e nos leva a perguntar-nos:
O que é mais fácil? Reclamar ou achar uma solução? Criticar ou abrir o coração? Obedecer ou sucumbir na indecisão?
Para que tenhamos saúde, nem sempre devemos escolher o caminho mais fácil.
Neste texto nós descobrimos que há pelo menos três obstáculos que devemos transpor para sermos saudáveis em Cristo.

Primeiro obstáculo: A falta de recursos materiais (1-4)
(Reclamar ou achar uma solução?)
O homem da história era paralítico. Como chegar até Jesus? Ele pediu ajuda aos amigos. Aqueles homens, sabiam que precisavam chegar até Jesus. Não alcançariam o seu objetivo de outra forma. Ao chegarem à casa e verem a situação, quem sabe sua primeira reação tenha sido de desânimo, ou até mesmo de raiva contra aqueles curiosos que não estavam doentes mas não se tocavam, não abriam passagem, não se comoviam com a necessidade alheia. Ou, quem sabe, arrazoaram em seu coração: “Não vamos desistir. Deus nos deu a missão de levar nosso amigo até Jesus, então ele vai providenciar um meio para que cheguemos até ele”. Foi então que uma luz brilhou em suas mentes, e tiveram uma brilhante ideia: Vamos descê-lo pelo telhado!
Se fosse hoje, quem sabe eles não teriam se lamentado assim: “Ah, se tivéssemos crédito em nosso celular, mandaríamos um WhatsApp para alguém lá dentro e ele pediria que Jesus viesse até nós!”
Jesus também poderia ter murmurado. A situação precária em que tinha que ensinar não era muito agradável. A casa não tinha espaço para todos. Ele bem que podia estar no templo, num lugar espaçoso, que acomodaria confortavelmente a todos.
Às vezes encontramos dificuldades para irmos à Igreja: Chuva, transporte, indisposição. Mas nós sabemos que é preciso ir. Vamos à igreja porque acreditamos que é necessário. Jesus ordenou que nos reuníssemos, e nos dá a bênção especial de prestigiar todas as nossas reuniões com a sua presença (Mt 18.20). Não desanimemos, pois, com a falta de recursos materiais, mas vamos vencer este obstáculo com fé.

Segundo obstáculo: O conflito entre a teoria e a realidade (5-11)
(Criticar ou abrir o coração?)

Um dia eu fui a uma Igreja Batista numa cidadezinha onde estava trabalhando. Era estudante de teologia e estavam bem frescas na minha mente as informações que tinha aprendido sobre o relevo da palestina. Onde estavam as planícies, qual a extensão do território, quais os montes principais, etc. Acontece que eles cantaram uma música que eu ainda não conhecia, e que dizia assim: “Como em volta de Jerusalém estão os montes, assim é o Senhor em volta do seu povo (...)”. E eu, desconfiado de tudo que não era Igreja Bíblica, logo critiquei em meu coração: “Tá vendo? Eles não conhecem nem geografia bíblica, não sabem que em volta de Jerusalém existem vales, e não montes”. Ainda bem que eu, educadamente, guardei para mim esta crítica, e não comentei com ninguém, porque mais tarde descobri que o ignorante era eu: Os versos que cantavam eram as palavras de Salmos 125.2. Às vezes pensamos que sabemos muito, ou quase tudo, mas a verdade é que sabemos quase nada.
A teologia dos escribas não encaixava na realidade do que estava acontecendo. Temos que tomar cuidado para não nos tornarmos descrentes quando a nossa teologia não bate com a realidade do que estamos vendo. Se não se encaixa, é porque a nossa teologia precisa de revisão. Não somos os donos da verdade. Os escribas tinham este problema: criaram uma teologia que julgavam perfeita. De fato era muito boa, mas tropeçaram na pedra de tropeço. Jesus veio e mostrou que em muitas coisas eles estavam equiocados. E mais tarde, quando os apóstolos exerciam seu ministério, um sábio dentre os judeus, o famoso Gamaliel, disse umas palavras sensatas, admitindo que podiam estar errados: “(...) mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus.(...)” (At 5.39)
Jesus aproveitava as oportunidades para ensinar. Ele não queria simplesmente curar o doente, mas ensinar a todos que aquela doença era consequência do pecado, e que, tirar a consequência era equivalente a perdoar os pecados. Houve um outro homem doente, a quem Jesus mandou tomar o seu leito e andar. Mais tarde, encontrando-o no templo, o advertiu: “Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.” (Jo 5.14)
Os judeus não acreditavam que Jesus podia perdoar pecados, mesmo diante de tanta evidência, mas sua teologia precisava ser revista: ou Jesus é Deus, ou então não era somente Deus que podia perdoar pecados. Muitas vezes ficamos paralisados, também, diante de fatos da vida que não conseguimos compreender. Não se encaixam em nossa teologia. Mas não enxergamos que a incoerência não está na vontade permissiva de Deus, mas sim em nossa interpretação errada do que achamos ser a sua vontade. Então, não fiquemos paralisados quando não entendemos o porquê das coisas que nos sobrevêm: sejamos humildes a ponto de abrir o coração, pois é possível que a nossa teoria esteja equivocada.

Terceiro Obstáculo: A Inércia de nossa vontade (12)
(Obedecer ou sucumbir na indecisão?)
A primeira lei de Newton afirma que um corpo que está em repouso, tende a permanecer em repouso, a não ser que uma força seja exercida sobre ele. Aplicando isto a nós: às vezes precisamos de um “empurrãozinho”.
Hoje, um paralítico, dependendo do grau de paralisia, pode fazer quase tudo sozinho. A sociedade é regida por leis que procuram facilitar ao máximo a sua vida. Os ônibus têm elevadores, os prédios públicos têm rampas e elevadores próprios, os carros são adaptados e isentos de impostos. Mas há uma paralisia psicológica que muitos de nós temos que enfrentar frequentemente, cuja causa varia desde a simples preguiça até a depressão profunda. Aquele homem em seu leito talvez não quisesse se levantar, ou talvez olhasse para sua condição e não sentisse em seu coração que seria possível obedecer à ordem de Jesus. Fico pensando no que se passava em sua mente entre a primeira declaração de que seus pecados estavam perdoados, e a ordem de se levantar. Quanto tempo deve ter se passado enquanto Jesus discutia com os escribas? Mas para que o ato de Jesus se completasse, ele precisava obedecer à ordem, e ele finalmente se levantou. Quebrou a inércia, e fez o que antes lhe parecia impossível. Este é o princípio da obediência: fazer aquilo que não queremos, ou que achamos que não podemos, ou que não entendemos, confiando somente na sabedoria e no poder daquele que nos ordena. Temos uma batalha feroz entre o espírito e a carne, conforme relatado em Rm 7.22-25:

“22 Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; 23 mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. 24 Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”
Mas temos a vitória garantida, conforme diz também 1Co 15.55-57:
“Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? 56 O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. 57 Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.”
Assim, que nós possamos buscar a vida saudável, não somente com relação ao nosso corpo, mas especialmente quanto ao nosso espírito, transpondo os obstáculos de eventuais faltas de recursos materiais, de conflitos entre a teoria e a realidade, e que possamos vencer a inércia de nossa própria vontade, para obedecermos aos mandamentos do Senhor Jesus.

(*) Figura extraída do site http://logosbros.blogspot.com.br/2013/07/serie-milagres-de-jesus-cura-do.html - Acessado em 20/04/2015

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